sexta-feira, 19 de abril de 2024

BENFICA PAGOU O PREÇO DO XEQUE-MATE FALHADO NA LUZ



 Primeira parte em Marselha foi de equipa pequena; Schmidt mexeu bem na equipa; Mas Benfica não rima com vitórias em desempates...

O Benfica acrescentou em Marselha mais um capítulo à sua malapata nos desempates europeus. Depois de em 1969 ter sido afastado pelo Celtic por moeda ao ar, e de em 1988 e 2014 ter perdido, dos onze metros, finais da Champions e da Liga Europa com PSV e Sevilha, seria de estranhar que a sorte virasse no Stade Vélodròme, onde Portugal, no Euro-2016, afastou, naquela mesma baliza, agora aziaga para os encarnados, a Polónia nos quartos de final. Mas haveria necessidade de o Benfica, ao fim de 210 minutos de jogo com o Marselha, ter levado tudo para a marca da grande penalidade, onde depois de ter falhado três castigos máximos, muito recentemente, na Luz, frente ao Chaves, não se augurava nada de bom quanto à confiança dos seus jogadores? Francamente, não.
Mais do que cair na Liga Europa, o Benfica deve sair com o amargo de boca de ter claudicado perante um adversário que lhe é inferior, especialmente do ponto de vista individual. E apesar de a equipa de Roger Schmidt ter realizado, em Marselha, uma exibição pouco personalizada, em que deu, qual equipa pequena, o comando do jogo aos franceses, foi na Luz que o Benfica não soube dar o xeque-mate que teve perfeitamente ao alcance, numa noite em que a defesa gaulesa apresentou mais buracos que um queijo suíço. Os assobios que Schmidt ouviu nessa noite de homenagem ao futebol de Eriksson, do Terceiro Anel, foram premonitórios quanto ao que estava para vir na segunda mão no Vélodròme.
DA TEORIA À PRÁTICA
Roger Schmidt até não pensou mal o jogo, procurando manter duas setas apontadas à baliza de Pau López, Tengstedt e Rafa, que deviam colocar em sentido o trio de centrais do Marselha. O problema do Benfica foi que, por um lado, os dois avançados nunca foram municiados convenientemente; por outro, o Marselha, em 3x5x2, criou uma superioridade numérica a meio-campo que manietou os encarnados e impediu que conseguissem circular a bola. Os dedos de uma mão chegam para contar as vezes em que os benfiquistas engataram mais do que meia dúzia de passes seguidos, o que, a este nível, não é compatível com uma grande equipa. Na primeira parte, em que o Benfica teve uma boa ocasião, que Rafa chutou por cima, após passe de Neres (16), o jogo e as melhores oportunidades foram do Marselha, que fez brilhar Trubin.
SCHMIDT MEXEU BEM
Quando mandou a jogo João Mário e Kokçu (61), Schmidt leu bem o jogo, ao querer solidificar o meio-campo. E, fora uma defesa enorme de Trubin a remate para golo de Kondogbia (69), o Benfica viveu com mais desafogo, e podia até ter marcado, assim Di María, que não tem 90 minutos nas pernas, muito menos 120, estivesse mais inspirado. E o tão criticado treinador alemão (muitas vezes justamente), voltou a estar bem ao dar 20 minutos a um Arthur Cabral fresco, para fazer a diferença. Só que, nessa altura, o Marselha deixou de correr riscos, passou a jogar em contra-ataque, o que custou amarelos a Kokçu e Florentino, e apostou tudo, como equipa inferior que sabia ser, nos penáltis. Depois de passar, se calhar com pouco mérito, em Toulouse e Glasgow, o Benfica foi de menos, especialmente na primeira parte, e não foi capaz de colocar em campo o seu melhor futebol. Pode queixar-se da sorte, mas deve meter a mão na consciência e começar a fazer o balanço da época...

Sem comentários:

Enviar um comentário