segunda-feira, 22 de abril de 2024

EXIBIÇÃO SÓLIDA



Exibição sólida dos encarnados no São Luís; Arthur Cabral deu excelente resposta no ataque; Kokçu foi número 10 e marcou.
As conclusões serão fáceis de tirar para qualquer treinador de bancada que se preze: jogar com um ponta de lança a sério é outra coisa. Agora, porque noutro dia, foram os primeiros dar a Arthur Cabral a alcunha de picanha e a desesperar por cada gesto menos elegante ou até mais tosco do brasileiro. Da mesma forma, aqueles que acharam que Ángel Di María deveria estar mais no banco do que pelo relvado dirão agora que o argentino tem de estar sempre em campo. Chama-se a isso futebol português.
O que Roger Schmidt encontrou, a partir de certa altura da época, embora sem os resultados mais desejados, foi uma solução de compromisso, um maior equilíbrio e conforto para os jogadores. Daí Florentino. E até Tengstedt nos últimos jogos, antes da sua rendição por Arthur Cabral, bem mais objetivo e proativo na relação com a baliza, em Faro. E, confiante, também talvez a melhor opção para já. Ontem, com Kokçu também presente como terceiro médio, em vez de um Rafa que explora sobretudo a transição ofensiva, os encarnados também se apresentaram mais envolventes com a bola nos pés.
Finalmente as dinâmicas
Os dois golos das águias na primeira parte foram separados por 18 minutos, aos 16’ e 34’, e têm dois protagonistas em comum: Di María e Bah. É Florentino quem, no primeiro momento, assina o excelente passe longo para o argentino, que segura a bola assim que vê o overlap do dinamarquês. O cruzamento depois cai en zona frontal, onde está Kokçu para finalizar com o pé esquerdo. No 1-2, a bola chega novamente a Di María. Desta vez, Bah move-se para o underlap, atacando o espaço entre lateral e central. Novo cruzamento rasteiro apanha na direção do primeiro poste a diagonal de Arthur Cabral, que desvia de calcanhar para um belo golo. Para quem se queixava que a equipa não apresentava dinâmicas coletivas não podia haver melhor resposta com duas jogadas semelhantes.
Belloumi a lembrar problemas
Di María é como um génio da lamparina, que cumpre sempre com três desejos. Bem escolhidos, um lucky bastard pode contar com algo a que não chegaria por si só, porém não esperem que resolva todos os problemas do mundo. Um destes continuam a estar nas bolas paradas defensivas, que deram o tento de honra aos algarvios. Belloumi, aos 23’, fuzilou Trubin, depois de a bola não ter sido afastada de perto da baliza encarnada.
Mais uma vez, os da Luz reagiram bem e, quando Arthur Cabral devolveu a vantagem, o perigo já tinha rondado a baliza de Ricardo Velho. Com o 1-2, os visitantes encontraram motivação para continuar a atacar e em dois grandes momentos, separados por apenas um minuto, aos 36’ e 37’, Di María começou por construir um slalom entre vários adversários com finalização em trivela para, logo depois, Cabral acertar no poste.
O segundo tempo trouxe um Benfica mais paciente, gerindo o relógio e a vantagem, ainda que escassa, no marcador.
O terceiro desejo
Mesmo a uma velocidade mais controlada, as águias foram somando oportunidades e, aos 67’, Di María realizou um terceiro desejo. Um passe longo para Carreras, que fletiu para dentro e bateu Velho com o pé direito. Num ou noutro momento, os algarvios também podiam ter marcado, contudo, a jogada que fica na retina é aquele pontapé de bicicleta de Cabral, puxado das entranhas e bem defendido pelo guardião algarvio.

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