domingo, 12 de janeiro de 2025

DECIDIDA NOS 11 METROS



Trubin defendeu penálti de Trincão e o troféu foi para o Museu da Luz após 90 minutos repletos de emoção.
Mais de duas horas e um quarto para ficar decidido aquilo a que se convencionou chamar de ‘campeão de inverno’, mas que não é mais do que, apenas e só, o vencedor da Taça da Liga. Noventa minutinhos recheados de emoção e para finalizar, espécie de cerejinha em cima de apetitoso bolo, nada menos de 14 remates da marca dos 11 metros para se definir que seria o Benfica a ficar na posse do troféu. Falhou Trincão, não falhou Trubin e o troféu vai para o Museu da Luz.
Muitos minutos depois de ter falhado o 14.º penálti ainda Trincão era acarinhado pelos companheiros, sobretudo por Israel. Calma, Francisco, não é o fim do Mundo. Do outro lado, junto aos adeptos do Benfica, Trubin mantinha-se calmo e sereno, mostrando personalidade quase inabalável. Menos calma, Anatoliy, não é ser campeão do Mundo, mas é um troféu, meu caro.
Parece, assim, que o jogo foi entre Trubin e Trincão. Não foi. Foram os dois t’s que resolveram a final da Taça da Liga, mas o jogo teve muito mais. Teve 45 minutos iniciais verdadeiramente eletrizantes, como se todos os jogadores, sobretudo os do Benfica, tivessem entrado em campo depois de algumas horas a carregar energias como fazem os veículos híbridos durante a noite.
O Benfica tinha menos 24 horas de descanso, sim, mas não se percebeu. Pelo menos até ao intervalo. Grandíssima pressão aos médios e alas do Sporting portadores da bola, com Florentino, Kokçu e Aursnes a ofuscarem um setor adversário que, sem Morita, perdia muito do seu equilíbrio. Di María teve remate dimariano da mesma zona em que, na quarta-feira, marcara ao SC Braga, mas sem foi defendido com segurança por Israel.




Foi uma espécie de chapada na cara do leão. Que terá pensado que tinha de fazer mais qualquer coisa para evitar tanto sufoco. E fez. Sacudiu a pressão das costas e partiu para cima do adversário de uma forma diferente. Enquanto o Benfica atacava forte, mas de forma pensada e organizada, o Sporting fazia-o à custa de maior intensidade, coração e alma e através da lucidez de Hjulmand, do talento de Quenda e da agressividade de Maxi Araújo. Remates muito perigosos de Gyokeres, Maxi Araújo e Quenda tiveram o mesmo sucesso do de Di María e assim, num jogo quase de ténis, com ataque para cá, ataque para lá, ataque para cá, ataque para lá, as balizas continuavam imaculadas.
Até que, inesperadamente, a bola chegou ao pé esquerdo de Di María. Sentiu-se que dali podia nascer perigo, como tantas vezes nasce quando o argentino pena na bola. Mas Angelito não fez o que costuma fazer. Estava no meio-campo e não fazia qualquer sentido lançar a bola para a cabeça, por exemplo, de Pavlidis. Nem sequer tentar o remate de longe. O argentino preferiu naquele instante ligar uma espécie de máquina de costura e começou a dar pequenos toques atrás de pequenos toques, espécie de imitação do genial Messi. Depois, quando achou que já chegava de toques, abriu na esquerda para Schjelderup. O homem cujo nome tem tantas consoantes encavalitadas umas nas outras, pegou na bola, dançou levemente em frente a Quaresma e fez golo.
Era um golo justo. Tal como justo foi, quase a fechar o primeiro tempo, o golo de Gyokeres, de penálti, é certo, após falta de Florentino sobre Maxi Araújo. Os mísseis do sueco são quase sempre indefensáveis e o remate do empate voltou a sê-lo. O intervalo chegava com a justa igualdade, após 45 minutos empolgantes e eletrizantes.
O segundo tempo foi diferente. Se o primeiro teve dedo de jogadores, o segundo teve dedo de treinadores. A começar por Bruno Lage, que decidiu logo trocar Schjelderup por Akturkoglu, outro nome recheadinho de consoantes. O jogo baixou duas velocidade e foi então tempo para, pelo meio de remates perigosos de Di María, Kokçu e Pavlidis, o Sporting pegar na bola. Pegou, sim, mas nunca a colocou perto de Trubin. E assim, suavemente, entre trocas e trocas de jogadores por questões meramente táticas, o segundo se esfumou. Sem a espetacularidade do primeiro. Depois, ao 14.º penálti, Trubin defendeu o remate de Trincão. Coisa de t’s. Calma, Francisco, não é o fim do Mundo; menos calma, Anatoliy, é um troféu, caramba!

DESTAQUES:

 Guarda-redes ucraniano defendeu penálti marcado por Trincão no desempate, antes havia tido três intervenções de gabarito. Classe do argentino faz (sempre) a diferença, sendo de destacar ainda a coesão do quarteto defensivo e o belo golo de Schjelderup.

Melhor em campo – Trubin (nota 8)
A atitude entre postes, com os olhos sempre postos na bola e nas movimentações no seu raio de ação de modo a antecipar-se fazem esquecer que o guarda-redes ucraniano tem apenas 23 anos. Aos 9 minutos socou a bola após canto, depois encaixou remate de Maxi Araújo, numa bola que não era fácil, seguiu-se defesa, ao primeiro poste, a remate de Quenda na passada, aos 14’. No penálti de Gyokeres, aos 42', um pontapé fortíssimo na zona frontal, caiu para a esquerda, mas ainda conseguiu tocar com o pé na bola, mas foi insuficiente para desviar a trajetória. Acabou por ser fulcral na tão almejada conquista dos encarnados ao defender o penálti cobrado por Trincão, ao adivinhar que o atacante dos leões iria atirar para a esquerda, depois de ter sido batido na primeira série de cinco penáltis.






Tomás Araújo (7) — Voltou a ocupar-se da lateral direita e fê-lo bem. Aos 21', foi à linha cruzar com peso, conta e medida para o coração da área, obrigando Franco Israel a ir ao chão para sacudir a bola, na recarga Di María viu Hjukmand defender de cabeça. Mostrou estar em grande forma com Quenda e Maxi Araújo no seu corredor. Saiu aos 72 minutos depois de alguns sinais de fadiga, que levaram Bruno Lage a gritar-lhe um par de vezes para 'limpar' o seu raio de ação.
António Silva (7) — A rapidez de Gyokeres pô-lo sempre em sentido e o central correspondeu às exigências do desafio. Esteve muito atento nas coberturas e acompanhou as jogadas de maior perigo, limpando o seu raio de ação como pôde, como foi o exemplo do lance aos 64’ em que fez um corte com o ombro a remate de Catamo.
Otamendi (6) — Fez valer-se da sua experiência perante as investidas do menino Quenda e do explosivo Catamo, cedeu uns quantos cantos para evitar males maiores. Aos 37’, Quaresma arrancou, a passe longo de Diomande, tirou Otamendi da frente, entrou na área e remate forte, com o pé esquerdo, por cima. De resto, o capitão cumpriu e marcou penálti no desempate.
Carreras (7) — A conduzir da direita para a esquerda, logo aos 5', cruzou bem, mas não apareceu ninguém na zona de finalização; aos 12’, teve grande abertura de Di María, com muito espaço volta a cruzar e Kokçu rematou sem direção; aos 28’ mais um corte de Quaresma a cruzamento de Carreras, naquele que foi um dos duelos do jogo. Esteve na mó de cima.
Kokçu (6) — Recuperou muita bola na saída do Sporting. Catamo dançou à sua frente um par de vezes, mas não comprometeu. Aos 62’, atirou de longe, em força, para nova defesa do guarda-redes uruguaio dos leões, que já tinha defendido remate de Di María fez cruzamento de luxo, com St. Juste a desviar, mas foi por pouco que a bola não entra na baliza de Israel.
Florentino (6) — Equilibrou o miolo. Certinho a limpar o seu metro quadrado, destaque-se desarme perfeito a Gyokeres dentro da área, aos 28’. Acabaria por cometer um penálti, aos 40’, derrubando Maxi Araújo na área, numa altura em que estava a ser um dos melhores em campo. Aos 78’ corte minucioso para canto e no desempate nos pontapés dos 11 metros marcou o sétimo penálti com frieza.




Di María (7) — A classe e raça fazem com que o argentino seja um ás de trunfo. Logo aos 8' teve um remate de fora da área, rasteiro, para as mãos de Israel e travou duelo interessante com Maxi Araújo. Fez a assistência para o golo aos 29', e aos 62’, bem ao seu estilo, fletiu da direita para dentro e rematou forte à baliza. Nos penáltis teve calma para aguentar e rematar na hora certa para fazer balançar as redes.
Aursnes (6) — Punhado de jogadas a visar a área dos leões, com destaques para os lances aos 17’, com Di María, servido por Aursnes à entrada da área, a rematar por cima da baliza, e aos 66', dividiu lance de cabeça com Pavlidis, que apenas rendeu um pontapé de canto.
Schjelderup (7) — O norueguês abriu muitos espaços, esteve (bastante) atento a Catamo e fez mão cheia de recuperações. Marcou, aos 29’, depois de receber a bola de Di María e foi entrando na área com pezinhos de lã, galgando metros, aguentou marcação de Eduardo Quaresma e rematou em arco ao segundo poste. Ficou no balneário ao intervalo, após quebra física.
Pavlidis (5) — Esteve perto do 2-0, num lance aos 34', de cabeça, após antecipação a Diomande, na sequência de um canto cobrado por Kokçu, do lado esquerdo, mas a bola saiu ao lado. Aos 66' saltou com Aursnes, atrapalharam-se mutuamente e St. Juste cabeceou para fora, para canto.




Akturkoglu (5) — Quando entrou posicionou-se na direita, trocando com Di María, mas acabaria por ser uma mudança momentânea. Frieza no penálti, marcou o quarto.
Leandro Barreiro (5) — Entrosou-se muito bem no jogo e bateu com sucesso o sexto penálti. Foi uma substituição muito bem sucedida.




Bah (5) — 20 minutos sem mácula, numa altura em que os erros eram mais do que proibidos.
Amdouni (5) — Frieza a bater o segundo castigo máximo, ao bater ao ângulo superior direito.
Renato Sanches (5) — O 'especialista' em penáltis não defraudou expectativas.

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