quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

FOI UM DÉRBI VIBRANTE E CABE AGORA AO BENFICA REAGIR



 Foi um dérbi vibrante, repartido, interessante e correto este a que assistimos no último domingo, mas que já passou. Outros virão no novo ano e cabe agora ao Benfica reagir. Para as equipas técnicas, entretanto, o último jogo só fica fechado, especialmente quando as coisas correm mal, depois de detalhadamente analisado, para aproveitamento futuro. Como sempre eram grandes as expetativas e sempre diferentes, à partida para este novo confronto. Desta vez, a recente troca de lugares entre os dois clubes na tabela e a proximidade pontual eram condições para confirmar ou inverter. A estreia do novo treinador do Sporting e como iria estruturar a sua equipa era também uma curiosidade extra.

Relativamente ao jogo e a todos os jogos, a maneira como se começa determina muitas vezes a maneira como acaba. Neste último exemplo, o Benfica começou a perder bem antes de sofrer o golo. Se tivéssemos o poder de escolher uma parte de um jogo para sermos melhores, eu escolheria sem dúvida a primeira, porque condicionamos o adversário para a segunda parte, mais ainda quando se chega em vantagem ao intervalo. Foi o que o Benfica não conseguiu evitar.
Mesmo com a inversão da tendência que deu um Benfica melhor na segunda metade, a reação tem sempre muito de emocional e quem traz desvantagem do início, traz também o stress associado à necessidade de marcar. A perna pesa mais e o coração acelera. O discernimento não é o ideal e a urgência cresce a cada minuto que passa. Os dados lançados quanto antes definem, em muitos casos, o que acontece depois. O Sporting entrou mais agressivo no ataque, com espírito renovado tirando partido essencialmente do entendimento e poder dos seus dois avançados. A diferença, pareceu-me, acabou por mostrar-se na relação da dupla antagonista Trincão e Florentino.
O médio do Benfica não fez diferença como terceiro homem do meio campo. Já Trincão, com o espaço que lhe foi permitido, foi influente no peso atacante que representou no apoio a Gyokeres. Já do lado encarnado, Amdouni esteve na primeira metade muito solitário, não se conseguindo impor nem segurar a bola, frente à forte dupla que o guardou. A alteração de Lage ao intervalo deu um Leandro Barreiro influente na mudança deste cenário. Tanto na cobertura da zona de Trincão, que desde então pouco mais se viu, como no apoio e presença que conseguiu acrescentar na frente, que ajudou a libertação de Amdouni, embora sem reflexo no resultado.
Agora, pela frente espera-nos uma longa segunda volta, depois de cumprida a próxima jornada. A verdade é que os vencedores não se declaram tão longe da meta...
Segue jogo
Confesso a minha preferência pelo perfil do árbitro inglês. Característica simples, que aprecio e que faz diferença: na dúvida, mais vale não apitar do que o contrário. Sendo a Premier League considerada a melhor liga do planeta, além da qualidade dos jogadores, essa distinção assenta muito na intensidade do jogo e nas paragens que quase não existem. Por cá, os nossos massagistas estarão mais em forma do que alguns jogadores, tal a frequência com que entram em campo para perder tempo, quando dá jeito.
A nossa Liga é a quarta em que mais se apita e menos se joga, entre trinta ligas europeias estudadas. Os números não mentem. À atenção dos árbitros portugueses e de quem tem a responsabilidade de os formar. Em último caso, a Premier League está disponível na televisão. E nunca é demais lembrar que o futebol é um desporto de contacto... Ano novo, vida nova? Era bom.
IPO
Saúdo a feliz iniciativa da Liga com as Fundações de Benfica e Sporting associadas ao IPO (Instituto Português de Oncologia), socorrendo-se de dois jovens ídolos de clubes rivais, em vésperas do dérbi lisboeta. Em época natalícia, quando os corações mais se abrem aos que nos rodeiam e passam dificuldades, a iniciativa contou com a participação solidária de Tomás Araújo e de Eduardo Quaresma. Marcante uma das imagens que ilustram este evento a de um jovem acamado equipado à Porto, entre os dois jogadores dos rivais de Lisboa. Ver as camisolas mais representativas do nosso futebol unidas numa realidade em que a saúde e as doenças graves são os temas, é bonito e um exemplo para muitos que confundem o que é realmente importante.
Rui Águas, in a Bola

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