"Terminou o ano de 2024 e mais uma vez o Glorioso acaba o ano civil de mãos a abanar. Nem um troféu para amostra. Tal como em 2020. Tal como em 2021. Tal como em 2022. Apenas em 2023 o clube conquistou 2 troféus oficiais no futebol masculino, o Campeonato e a Supertaça. Termina o ano no 3º lugar, depois de perder mais um derby para o Sporting, o 3º consecutivo em Alvalade nos últimos meses, isto já depois de ter despedido um treinador à 4ª jornada com uma indemnização milionária e depois de voltar a gastar consideravelmente mais em contratações que os seus rivais.
Na passagem de ano, há a tradição das 12 passas e de fazer os desejos para o Novo Ano e não tenho problemas em admitir que, entre desejos pessoais, profissionais, financeiros, amorosos, de paz no mundo e essas coisas, enfio/enfiava sempre lá pelo meio querer o Benfica Campeão. E dei por mim na madrugada de 1 de Janeiro a pensar "O que gostava que fosse o Benfica em 2025?". Vieram algumas coisas à cabeça...
- Que o Benfica seja Campeão Nacional, obviamente. E apesar de tudo, é perfeitamente possível. Até pela inconstância dos nossos rivais. Este parece um daqueles campeonatos "à Trapattoni" em que o menos mau vencerá. O Sporting de Amorim parecia imparável e inevitável, mas desde a saída deste para o Man Utd, as coisas alteraram. Veremos como cresce com Rui Borges, mas mesmo a vitória no derby não foi convincente. E o Porto também continua uma incógnita. Claro que o Benfica também não está propriamente uma máquina oleada e tem dado sinais de regressão, depois do entusiasmo com a entrada de Lage.
- Que o Benfica vença a Taça de Portugal e a Taça da Liga. É uma tristeza e uma vergonha reparar que o Glorioso não vence a Taça de Portugal desde 2017. E que apenas venceu 4 nos últimos 30 anos. E que não vence a Taça da Liga desde 2016. Este clube devia fazer-se de conquistas, mas as conquistas têm sido poucas.
- Que o Benfica faça uma boa participação na Liga dos Campeões e no Mundial de Clubes. Não falo em vencer, porque é irrealista, mas o clube pode e deve chegar longe em ambas as competições. Honrando o seu palmarés e lustro internacional.
- Que em Outubro tenha eleições livres, esclarecedoras e democráticas, à Benfica. E que Rui Costa não as vença e que quem o suceda (seja João Diogo Manteigas ou Noronha Lopes, os nomes que se perfilam, ou alguma candidatura ainda desconhecida) faça a limpeza de alto a baixo que o clube precisa. Que acabe com o Vieirismo de vez e traga sangue novo àqueles corredores da Luz e que a sua primeira medida seja uma auditoria profunda a tudo o que se passou no clube nos últimos anos.
- Que a reformulação dos estatutos seja aprovada e finalizada, mesmo que fique o lamento que o nº de votos de cada sócio se vá manter inalterável. Sócios com 3 votos e outros com 50 é algo difícil de entender. Mas houve avanços muito importantes com os novos estatutos.
- Que se aumente a lotação do Estádio para os 70.000 lugares anunciados, que se comece a dar uma roupagem nova ao seu exterior, que se faça o safe standing para a bancada onde estão os No Name, que se incentive cada vez mais o regresso das bandeiras à Luz, que se baixe os décibeis da música nas colunas e que o clube entenda que menos é mais. Menos música, menos speaker, menos instruções aos adeptos de como fazer a festa. Um jogo do Benfica tem que ser uma festa dos Benfiquistas e não uma festa do departamento de Marketing do Benfica em que os adeptos são adereços e joguetes na bancada.
- Que se retire as três estrelas no emblema do clube (uma gabarolice sem sentido), que se coloque a águia de novo a segurar a fleuma e não sentada em cima da roda, que se arranje maneira da vénia dos jogadores no relvado aos adeptos ser muito mais visível e valorizada e não perdida no meio do cântico do hino e que o clube faça esforços para que a entrada dos jogadores volte a ser como antigamente. Primeiro entra a equipa adversária sozinha no relvado e depois o Benfica. Quem se lembra do estrondo no antigo Estádio da Luz quando estas entradas das equipas eram à vez, sabe do que falo. Isso sim, é futebol. E não a coisa sem sal e sabor de entrarem as duas equipas ao mesmo tempo.
- Que o Benfica não apoie Pedro Proença na sua candidatura à FPF, esteja muito atento a quem se quer seguir na Liga (Artur Soares Dias? Lord have mercy) e lute afincadamente pelos seus direitos e grandeza no que diz respeito à centralização dos direitos televisivos, porque se for manso, tem tudo para ser de longe o maior prejudicado nessa negociação.
- Que o Benfica acerte muito mais nas contratações, tanto no futebol, como nas modalidades. É chocante o dinheiro que o clube gasta em tiros ao alvo, de forma recorrente. Ou precisa de novo diretor desportivo ou de repensar o seu sistema de scouting. E que com isso passe a não andar sempre tão desesperado por vender jogadores, com ou sem pressões de Jorge Mendes e consiga reequilibrar as suas finanças, que ainda pioraram mais na Presidência de Rui Costa, em vez de melhorarem. E já agora, que uma visão não tão mercantilista do clube ajudasse a mudar também o paradigma na cabeça dos nossos jogadores, mesmo os que são da nossa formação: que tenham vontade de brilhar mais do que 6 meses no clube e cresçam a pensar na glória do Benfica e não nos milhões lá fora. Aqui estarei a ser muito romântico, eu sei, mas nem é Francescos Tottis que estou a pedir. Só que, sei lá, em vez de irem embora 6 meses depois de explodirem, fossem passados 3 anos. Pronto, vá, 2 anos. Alguém acha que Gyokeres ficava 2 épocas no Benfica?
- Que quem dirige o clube sirva muito mais o Benfica, em vez de se servir, defenda muito mais o clube, em vez de se defender, seja muito mais proativo em vez de reativo e que saiba passar muito melhor aos seus atletas a mensagem e o significado do que é ser Sport Lisboa e Benfica. Que quem apoia o clube seja muito mais exigente, inconformado e revoltado com a ausência de títulos e valores que tem sido a norma no Glorioso de há umas décadas para cá.
Tudo isso acontecesse e seria um Benfiquista feliz. Não acontecendo...lá estarei à mesma. Em todos os jogos, sentado na minha cadeira, pagando todas as quotas e vivendo o Glorioso de forma intensa, na mesma maneira. Nasci Benfica, cresci Benfica, vivo Benfica, morrerei Benfica. Sempre a querer o melhor para o clube."
Filipe Inglês, in ZeroZero
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