domingo, 16 de fevereiro de 2025

REVOLUÇÃO BEM PENSADA POR LAGE DEU VITÓRIA NOS AÇORES



Treinador do Benfica colocou Belotti, Amdouni, Dahl, Bruma e Leandro Santos pela primeira vez no onze inicial. Ganhou a aposta, mas teve de superar alguns sustos.
Dá jeito ter alguém que pense e arrisque. Tal como dá jeito ter alguém rápido e agressivo. O Benfica dominou o jogo quase de ponta a ponta, mas só quando Kokçu entrou, após o intervalo, a revolução implementada por Bruno Laje (Pavlidis, Kokçu e Akturkoglu no banco e Schjelderup nem aí, colocando Belotti, Amdouni, Dahl e Bruma pela primeira vez no onze inicial) começou a ter resultados palpáveis.
O cerebral turco, ao contrário de Florentino, que até nem jogou mal, pensou o jogo e arriscou. Depois apareceu o homem veloz e potente a fazer a maior diferença no jogo. A diferença através do golo de Armindo Tué Na Bangna. Bruma percebeu o passe de Kokçu para Amdouni, antecipou o cruzamento do suíço e depois, bem na pequena área, desviou para o 0-1.
Lage jogou no risco, ao mudar tanta gente do Mónaco para os Açores. Em cima da mesa, pelo que se percebe, estava o risco físico que corriam alguns jogadores. Di María e Aursnes lesionaram-se, Tomás Araújo mostrava sinais de fadiga muscular (estreia para Leandro Santos) e, com Manu Silva e Bah de baixa prolongada, o treinador do Benfica optou pela tal revolução. Ou mini-revolução, se preferirmos.
Era um risco calculado, mas sempre um risco, sobretudo se nos recordássemos de que o Santa Clara não tem sido pera doce nesta Liga, ainda para mais a jogar em casa. Porém, mesmo sem fazer grandíssima exibição e tendo passado, aqui e ali, por alguns momentos de aflição (Trubin sempre muito seguro em remates muito perigosos), Bruno Lage ganhou a aposta. O Benfica somou mais três pontos e jogadores importantes foram poupados. Os encarnados continuam firmes na perseguição ao Sporting e mantêm-se bem por dentro dos oitavos da Champions.




A revolução, porém, começou com um susto. E com uma escorregadela perigosa de Carreras (relvado muito solto), ao minuto 5, aproveitada por Vinicius para criar muito perigo. Valeu a (primeira) presença imponente de Trubin. Logo de seguida, nova falha, agora da defesa do Santa Clara, possibilitou a Belotti muito boa oportunidade e foi a vez de Gabriel Baptista aparecer. Cinco minutos depois, na sequência de contra-ataque muito perigoso, foi Ricardinho a criar perigo e, de novo, Trubin a servir de paredão. Por fim, em cima do intervalo, António Silva desviou a bola à barra. O Benfica dominava, sim, mas não deixava de passar por alguns sustos, com Trubin a garantir baliza inexpugnável.
A entrada do Benfica na segunda parte, já com Kokçu no lugar de Florentino, foi forte. Muito forte. Kokçu, o pensador, meteu em Amdouni, o acutilante, e Bruma, o veloz e agressivo, fez golo na pequena área. Desbloqueado o resultado, os encarnados puderam, então, gerir um pouco mais questões de ordem física. Quase a conta-gotas (Amdouni por Akturkoglu e Belotti por Pavlidis, primeiro; Leandro Santos por João Rego e Bruma por Nuno Félix, mais tarde), Lage refrescou a revolução, que passou a evolução.
Esta foi suave e mais suave se tornou quando, aos 76', Sidney Lima viu segundo amarelo e foi expulso. Tudo parecia controlado pelo Benfica, embora Frederico Venâncio em cima do apito final, tenha rematado rentinho ao poste. Ricardinho teria mais um remate perigosíssimo e Trubin teria mais uma boa defesa. Qualquer revolução tem reações para a impedirem. E o Santa Clara, demasiado sossegado, teve-as. Mas sem êxito.
DESTAQUES DO BENFICA:
Extremo marcou golo de estreia pelas águias no mesmo terreno onde apontou os últimos dois golos pelo SC Braga; Kokçu entrou muito bem, Trubin, António Silva e Otamendi fecharam à chave a baliza.
O melhor em campo: Bruma (7)
Nem parecia reforço de inverno, nem parecia estreante, quanto a titularidade, da equipa do Benfica, tal a influência no jogo ofensivo. Na primeira parte, não sendo brilhante, depressa assumiu a condução do futebol atacante, combinando bem com Dahl. Ao minuto 23 isolou Leandro Barreiro com passe em habilidade, nunca deixou de arriscar o drible, muitas vezes com sucesso. Voltou no mesmo tom para a segunda parte e ao minuto 46 esteve a centímetros de fazer o desvio para a baliza açoriana. Prometeu e cumpriu, pois chegou mesmo ao golo ao minuto 55, decidindo ali a partida, mesmo que não o soubesse naquele momento. Não satisfeito e ainda mais moralizado, foi à procura do segundo golo e atirou com perigo ao minuto 61. Também merece louvor a generosidade defensiva, ajudando sempre Carreras a fechar o corredor.




Trubin (7) — O guarda-redes do Benfica entrou em ação ao minuto 5, impedindo com mancha valiosa o golo de Vinícius Lopes. Voltaria a ser determinante para as águias ao minuto 16, defendendo remate de Ricardinho na área benfiquista. O trabalho não diminuiu na segunda parte e parou bola perigosa de Calila logo ao minuto 52. Quando o Santa Clara olhava mais para a baliza, na reta final, ainda teve de esticar o pé esquerdo para intercetar cruzamento perigoso de Gabriel Silva. Foi aos 83'.
Leandro Santos (5) — Cauteloso, bastante preso, raramente arriscou em termos atacantes e foi cumprindo com alguns sobressaltos as tarefas defensivas. Aos 51' fez passe errado, na direção da sua baliza, mas António Silva resolveu. O melhor que lhe aconteceu na partida foi a combinação com Kokçu no início do lance do 1-0.
António Silva (7) — Atento, concentrado, rápido e eficaz, resolveu muitos problemas defensivos à equipa — e alguns a Leandro Santos — e ainda pensou na baliza adversária: ao minuto 40 saltou mais alto que todos na área do Santa Clara, mas acertou na barra.
Otamendi (7) — Foi rápido a pensar e a agir ao minuto 5, quando Carreras escorregou em zona de risco para a equipa, e condicionou a finalização de Vinícius Lopes. Entrada em jogo impecável do ponto de vista defensivo, mas também de olho na baliza adversária. Ao minuto 15, atirou de longe, mas fraco e à figura. Manteve nível alto no segundo tempo.
Carreras (5) — Dizer que o canhoto entrou com o pé esquerdo não é, neste caso, mau sinal. Ao minuto 5, azar dos grandes e asneira das grandes, escorregando, depois de dominar no peito, e permitindo a fuga de Vinícius Lopes. Valeu Trubin, que fez a mancha. Aos 16' teve também uma hesitação, saltando a uma bola que não cortou, mas mudou para melhor a partir daí, mesmo não arriscando muito. Ao minuto 31, bom cruzamento. Segunda parte calma e atenta.
Barreiro (7) — Competente e duradouro. Apareceu em zona de finalização ao minuto 23 e mesmo com o adversário pendurado nele ainda atirou de cabeça, mas não evitando intervenção de Gabriel Batista. Aos 40', cabeceou na direção da baliza, mas António Silva ainda desviou, acertando na trave. Aos 73' voltou a estar perto do golo, com remate à entrada da área que levou a bola a passar bem perto do poste direito. Grande pulmão, a correr para a frente e para trás.
Florentino (6) — 45 minutos bastante razoáveis, saindo seguramente porque era preciso ter alguém mais criativo: Kokçu.
Dahl (6) — O homem das bolas paradas, mostrando a qualidade do pé esquerdo. Estreia sem mácula, combinando bem com Bruma, envolvendo-se nas manobras atacantes, jogando como médio e lateral-direito, ele que foi contratado como lateral-esquerdo.
Amdouni (6) — Um cruzamento tenso, ao minuto 25, obrigando Gabriel Batista a trabalhar, foi o melhor que se lhe viu na primeira parte. No segundo tempo, belo cruzamento, assistência perfeita, para Bruma fazer o 1-0.
Belotti (5) — Primeira grande oportunidade ao minuto 11, desviando em frente à baliza, para defesa de valor de Gabriel Batista. Na recarga, na relva e em esforço, errou a baliza por centímetros. Ganhou faltas, sentiu a dureza açoriana e saiu em branco, aos 71'.
Kokçu (7) — Que passe para Amdouni no lance do 1-0! Só ele viu onde a bola poderia entrar e desequilibrou a defesa açoriana. Assumiu o jogo, controlou e ainda apareceu a cruzar com perigo.
Akturkoglu (5) — Entrou aos 71' e refrescou o lado canhoto.
Pavlidis (6) — Entrou aos 71', sofreu a dureza de Sidney Lima, que foi expulso, e ainda esteve perto de marcar aos 90+4', com bom trabalho e disparo forte.
João Rego (-) — Entrou aos 86' e ajudou a fechar espaços.
Nuno Félix (-) — Entrou aos 86' e ainda viu um amarelo.

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