terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

RUI COSTA NÃO FOI VIEIRA E A REALIDADE DO FC PORTO

 


Não sabemos ainda o que vão valer realmente Dahl ou Belotti – o italiano sobejamente conhecido pelo que fez antes na Serie A, aqui a questão é como chega ao Benfica -, mas sabemos algumas coisas: o mercado de inverno pode inclinar a tendência do campeonato, e até há exemplos suficientes no passado que o comprovam; o FC Porto ficou com dinheiro nos cofres, mas às custas de que plantel?

O Sporting deu uns retoques para acomodar jogadores à ideia de Rui Borges. Rui Silva não chegou inteiramente por isso, pois pareceu-me notória a necessidade de se contratar um guarda-redes em Alvalade: nem tudo tinha corrido bem no verão, porque raramente assim acontece e o leão de Amorim e Viana também não estava a isso imune. Biel é um nome conhecido no Brasil, mas desde que o primeiro futebolista brasileiro atravessou o Atlântico que se fala de adaptação, porque a língua é a mesma, mas não é bem a mesma coisa: o futebol e a vida, nem tanto a língua e foi por isso, também, que se fizeram acordos de ortografia.
Depois, o Benfica. Bruno Lage não quis cair no mesmo erro, «exigiu» jogadores e Rui Costa também não quis ser Vieira e não o foi: deu ao treinador novas soluções, ainda que Dahl seja uma «troca» por Beste. Belotti não é o mais sonante dos avançados italianos, mas tem futebol de Serie A e no Torino festejou vezes suficientes para deixar no ar a dúvida de que os 31 anos e os poucos golos no Como foram apenas fruto do momento.
Também chegou Bruma, um futebolista que todo o país conhece e a questão que se põe neste momento é se o Benfica, que precisa de um extremo, não tem agora três jogadores que preferem ser esse extremo, mas a partir da esquerda. Lage poderá ter outros planos para Akturkoglu, por exemplo, mas com a chegada do internacional português Di María, atrevo-me a dizer, deve ser gerido da forma que até foi gerido inicialmente por Lage. Com menos tempo, Di María até produziu mais.
No fundo, o Sporting leva seis pontos de vantagem, o Benfica armou-se para ir à luta com o leão e ter pernas frescas até final e o FC Porto, que não é clube de atirar a toalha ao chão, foi obrigado a meter dinheiro em caixa, em vez de se candidatar de uma forma sustentada aos dois primeiros lugares. São oito pontos para o líder e dois para um segundo posto que pode valer tanto como um qualquer mercado de inverno. Opções de gestão sobre objetivo desportivo? Nunca será afirmado, mas é a realidade. Sexta-feira há clássico no Dragão.
Luís Pedro Ferreira, in a Bola

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