domingo, 20 de abril de 2025

ÁGUIAS DÃO LIÇÃO DE EFICÁCIA E MOSTRAM QUE SABEM SOFRER



O jogo entre o Vitória e o Benfica começou ligado à corrente, com o terreno pesado em algumas zonas e rápido noutras, em consequência da chuva.
Num 4x3x3 agressivo, a equipa de Luís Freire entrou muito melhor, a querer e a conseguir pressionar a saída de bola das águias e a conseguir, também, ganhar a segunda e terceiras bolas. Tomou conta do corredor interior e nesta altura projetava-se sobretudo pelo flanco esquerdo, colocando dificuldades a Tomás Araújo, que via à frente dele Di María errar passes e dribles e sem capacidade para defender bem. O perigo rondava a baliza de Trubin, mas sem muitos lances de golo iminente à exceção de um, logo aos 2', em que Telmo Arcanjo teve tudo para marcar mas atirou ao lado.




O Benfica — no habitual 4x3x3 que se transforma num 4x4x2 no momento de defender, com Aursnes a juntar-se a Pavlidis na pressão alta e Kokçu e ligar-se a Florentino para fechar ao meio — ia resistindo e pareceu ter na cabeça a estratégia de chamar, dar protagonismo ao Vitória para depois se lançar em transições rápidas. O problema é que a equipa ia ficando refém de maus passes e más decisões. Até que, aos 21', soube construir uma jogada fantástica que começou em Trubin e acabou no festejo de Pavlidis — Tomás Araújo combinou com Florentino junto à linha, à direita, este deu para Aurnes, devolução, Florentino passou para Pavlidis, o grego fez grande variação para a esquerda, onde Akturkoglu ganhou metros com a bola nos pés e lançou Kokçu; remate, defesa de Bruno Varela e Pavlidis com um timing perfeito fez o 1-0 para os encarnados.
O Benfica ganhou confiança e mais tranquilidade quando tinha a bola. Kokçu conseguiu finalmente ter tempo para respirar, levantar a cabeça e ligar um pouco melhor a equipa. Mas a resposta do Vitória foi à altura da exigência. Até ao intervalo, Trubin fez duas grandes defesas (especialmente a primeira, brutal), a remates de cabeça de Miguel Relvas e de fora da área de Nélson Oliveira. Deu claro sinal que não iria entregar o resultado com tanta facilidade.
Previa-se um jogo difícil para o Benfica em Guimarães, mas a primeira parte foi realmente de muito aperto para os homens liderados por Bruno Lage. O Benfica construiu muito pouco e teve de sofrer bastante até ao intervalo.
A segunda parte devolveu um Benfica com dificuldade para ter bola, a errar passes de transição. E um Vitória a querer mais vertigem, mas mais desequilibrado.
Equipa melhorou com a saída de Di María e a entrada de Schjelderup.




Ao minuto 50, Di María ficou agarrado à coxa e pediu substituição, o que enervou um pouco a equipa. Entrou Schjelderup e o Benfica melhorou substancialmente, o norueguês deu mais consistência defensiva, velocidade e imprevisibilidade ao ataque. Porém, quase de seguida, aos 54', Gustavo Silva quase fez golo, depois de abordagem em esforço de António Silva. Os sinais aumentavam a incerteza sobre quem poderia vencer o jogo.
Freire lançou em campo Nuno Santos e a aposta trouxe coisas novas ao Vitória. Poderia ter trazido o golo, mas Nuno Santos rematou de cabeça por cima da trave.
Ao minuto 67 novo problema para os encarnados: Tomás Araújo ficou estendido no relvado. Ainda aguentou mais uns minutos, mas saiu aos 72'; Lage fez entrar Leandro Barreiro e Aursnes passou para lateral-direito.
Tomás Araújo saiu e Aursnes voltou a ser lateral-direito
A partir desta altura o Vitória pareceu perder energia e o Benfica ganhou-a, instalou-se mais em zonas de potencial perigo. Em consequência dessa oscilação, Schjelderup teve nos pés o golo, mas Bruno Varela fez uma grande defesa. O guarda-redes, porém, não conseguiu parar a finalização de Carreras, aos 77', depois de grande trabalho do lateral espanhol.
Até final, mais uma defesa enorme de Trubin, a remate de Jesús Ramírez, e mais um golo do Benfica, marcado por Pavlidis na recarga a livre de Kokçu e na sequência de má intervenção de Varela.
O Benfica terminou com um resultado gordo e improvável tendo em conta o que foi contando o jogo. Mas lutou muito, sofreu, defendeu bem e mereceu, sendo muito eficaz, a conquista dos três pontos. E faltam 4 finais, para Benfica e Sporting, no caminho para a conquista do campeonato...
DESTAQUES DO BENFICA:
Sim, é verdade, Pavlidis foi importante ao marcar dois golos e Carreras foi gigante na jogada do 0-2. Mas a chave do triunfo escarnado esteve na fechadura topo de gama que o guarda-redes ucraniano colocou na baliza benfiquista.
Melhor em campo - Trubin (8)
Diz-se há muito tempo que um guarda-redes de eleição pode valer meia dúzia de pontos nas contas finais do campeonato. Em Guimarães, o ucraniano Trubin, que com alguma celeuma à mistura substituiu o grego Vlachodimos nas redes encarnadas, foi a peça mais importante da máquina de Bruno Lage, para garantir uma vitória que pelo menos apagasse a nódoa do empate caseiro com o Arouca. Trubin, que defendeu bem uma meia-distância perigosa de Nélson Oliveira aos 37 minutos, assinou duas paradas que qualquer guarda-redes do mundo gostaria de ter no portfolio, primeiro, aos 34 minutos, a deter miraculosamente um cabeceamento, à queima-roupa, de Relvas; e depois, aos 80, voando à velocidade da luz para enviar para canto uma bola rematada, de muito perto, por Nuno Santos.




5 – TOMÁS ARAÚJO - Entre pinças e algodões, o jovem central do Benfica, adaptado à direita na sequência da lesão de Bah, teve um jogo muito ingrato, onde contou pouco com a ajuda de Di María, e demasiadas vezes teve de se haver com dois adversários em simultâneo. A bateria de Tomás Araújo, que devia durar hora e meia, ficou sem carga aos 72 minutos...
6 - ANTÓNIO SILVA – O central dos encarnados fez um jogo posicional muito certo, entendendo-se bem com Otamendi. Abdicando correr riscos que já lhe provocaram amargos de boca, deu segurança ao setor, exceto num lance, aos 37 minutos, em que escorregou e deixou Nélson Oliveira visar as redes de Trubin.
7 – OTAMENDI – No jogo em que ultrapassou os 5.000 minutos na época (e ainda faltam quatro jogos de Liga, um ou dois de Taça, e o Mundial de Clubes) foi o patrão do costume, a voz de comando que decide a forma como a equipa sai a jogar, se em futebol direto à procura de Pavlidis, se a partir de Trubin, convidando a equipa adversária a subir. Um esteio.
8 – CARRERAS – Jogou para nota 7, mas vai premiado com 8, porque há que descriminar positivamente a brilhante jogada individual que concluiu com um petardo na cara de Varela, no lance do 0-2 para o Benfica. Acabou como terceiro central do lado esquerdo, ficando Dahl como ala desse lado.
8– FLORENTINO – Foi de menos a mais e terminou a partida num nível altíssimo. Logo aos quatro minutos teve uma perda de bola comprometedora, mas a partir daí foi sempre a subir, transformando-se num verdadeiro polvo que cortava as iniciativas atacantes do adversário. Ao mesmo tempo, ganhou confiança e passou a distribuir jogo com muito mais critério.
5 – AURSNES – Apesar de ter sido obrigado, várias vezes, a ajudar a direita em momento defensivo, não teve a lucidez e o discernimento de outras jornadas, contribuindo, por omissão, para alguns períodos de superioridade vimaranense a meio-campo. Fez-lhe bem passar apara lateral direito (72), se calhar o lugar onde, ao dia de hoje, é mais útil à equipa.
6 - KOKÇU - Pivot da equipa, Kokçu não assinou uma exibição brilhante, mas esteve no lance do 0-1 – um remate seu recargado por Pavlidis) e nunca recusou ajuda a Florentino. Marcou, com força mas à figura, o livre que Varela largou e Pavlidis aproveitou para o 0-3
4 – DI MARÍA - Pouco capaz de fornecer ajuda defensiva, a diferença que fez na parte ofensiva limitou-se a algumas mudanças de flanco para Carreras. Saiu com uma lesão muscular aos 50 minutos.
8 – PAVLIDIS – O que é que se pede a um ponta-de-lança? Golos! E o grego, com faro pela baliza, não desaproveitou para recargar por duas vezes bolas defendidas por Varela, tornando-se assim num dos elementos mais importantes do Benfica. Mas é notável o número de primeiras bolas que ganha e a forma como segura o esférico, a meio-campo, de costas para a baliza contrário, dando tempo à sua equipa para subir no terreno.
7 – AKTURKOGLU – Um bom jogo. Iniciou a jogada do 0-1, foi sempre um apoio defensivo importante para as subidas no terreno de Carreras, e ainda fez um passe açucarado para Schjelderup (76), que viu Varela negar-lhe o golo.
6 SCHJELDERUP – Boa entrada em jogo, aos 52 minutos, para a esquerda, onde não só teve preocupações defensivas, como viu Varela negar-lhe um golo d ebelo efeito (76) e ainda sofreu falta para ‘amarelo’ de Samu.
6 – BARREIRO – A lesão de Tomás Araújo obrigou Lage a puxar Aursnes para lateral direito, e o internacional luxemburguês substituiu, com vantagem para o Benfica, o norueguês a meio-campo. Mais lúcido, mais fresco e mais capaz, foi responsável pela melhoria da qualidade da posse de bola dos encarnados.
5 – BELOTTI – Fez o que lhe foi pedido, ou seja, impedir facilidades na saída de bola do Vitória, numa altura em que o Benfica tinha optado por jogar em 5x4x1, deixando-o entregue à sua sorte
5 – BRUMA – Entrou para esquerda nos minutos finais (Schjelderup foi para a direita) e foi um travão aos avanços vimaranenses pela direita.
5 – DAHL – Lage passou a três centrais e o sueco foi chamado a jogo para fazer o flanco esquerdo, sem comprometer.

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