quinta-feira, 24 de abril de 2025

JAMOR ESTAVA GARANTIDO, FOI SÓ ASSINAR POR BAIXO



 Tirsense não incomodou o Benfica, mas chegou a divertir-se. António Silva (45+3) marcou pouco antes do intervalo, Bajrami (75') e Belotti (78') aumentaram a vantagem quando o jogo caminhava para o final e Leandro Barreiro (90+1) fechou o resultado na compensação do segundo tempo.

Pum, está feito: Benfica na final. Era o que se esperava. Desde o sorteio e, sobretudo, desde o 5-0 da primeira mão. Sabiam os jogadores e sabiam os treinadores (o do Tirsense chama-se Emanuel Simões). Por muito que Bruno Lage tivesse frisado o respeito que tinha pelo adversário, o passaporte para o Jamor estava garantido. Se assim não fosse, Lage tinha posto mais carne no assador. Mas não pôs. Colocou apenas muita alface na saladeira, com António Silva e Florentino a serem os únicos habituais titulares na ficha de jogo.




O Tirsense entrou com um onze praticamente igual ao da primeira mão. O treinador da equipa do quarto escalão do futebol português (chama-se Emanuel Simões) optou por apenas duas trocas: Gonçalo Cardoso e Alex Reis por André Fontes e Júlio Alves. Sabia que a passagem à final era impossível (só o FC Porto, na Supertaça de 1996, ganhara por cinco de diferença em casa do Benfica) e, assim, a ideia seria divertir-se e tentar incomodar os encarnados.
Não conseguiu. Teve apenas um remate enquadrado com a baliza de Samuel Soares, facilmente defendido pelo jovem guarda-redes. Porém, se não incomodou, teve bola para jogar, esticou-se pelo relvado e, até quase ao intervalo, foram poucas as vezes em que a baliza de Tiago Gonçalves esteve em verdadeiro risco.
Apenas em três, aliás. Leandro Barreiro (16’) desviou, de cabeça, rente ao poste, na sequência de pontapé de canto; mais tarde, Arthur Cabral (31’) tem bom remate sobre a direita, já na área e sem oposição, com o guarda-redes do Tirsense a desviar pela linha de fundo; por fim, foi a vez de Tiago Gouveia (42’) incomodar o homónimo Gonçalves.
O jogo encaminhava-se para o intervalo e o 0-0 mantinha-se, o que, claro, dava algum encanto à exibição do Tirsense. Porém, aos 45+3’, na sequência de um primeiro remate de Leandro Barreiro, António Silva desviou para o primeiro do jogo. Momento de satisfação para o treinador do Benfica e de desilusão para o do Tirsense (chama-se Emanuel Simões). Levar o 0-0 para o intervalo seria uma mini-prenda para o Tirsense.




Calculava-se que a segunda parte fosse muito mais complicada para o Tirsense, pois os seus jogadores não estão habituados a jogar num relvado tão grande e frente a uma das equipas mais poderosas de Portugal.
Mesmo assim, Tirsense, tal como o Benfica, reentrou com o mesmo onze. Talvez por isso, os encarnados começaram a encostar o adversário bem mais para junto da sua área, embora sem grandes lances de perigo.
Pouco depois da hora de jogo, os dois treinadores decidiram mexer, finalmente, no onze. O do Benfica fez entrar João Veloso, Prestianni e Amdouni para os lugares de Florentino, Bruma e Schjelderup e o do Tirsense (chama-se Emanuel Simões) trocou André Fontes por Alex Reis. Pouco depois, mais mexidas nos visitantes: Daniel Rodrigues, Bernardo Mesquita e Júlio Alves por Geovanny, Túlio e Diogo Gonçalves.
O Tirsense refrescava-se, mas logo de seguida, no espaço de três minutos (75’ e 78’), Bajrami e Belotti elevaram o marcador para 3-0. Fechava-se o resultado da Luz, pois a meia-final há duas semanas que estava fechada.
Faltava mais uma pequenina cereja no bolo encarnado e esta, tal como no primeiro tempo, apareceu na compensação. Canto de Prestianni, desvio de cabeça de António Silva e, por fim, Leandro Barreiro a marcar o nono da eliminatória: 5-0 mais 4-0.
O treinador do Benfica (chama-se Bruno Lage) vai ao Jamor e o do Tirsense (chama-se Emanuel Simões) regressa a casa com a satisfação de, durante 45 minutos, ter complicado um pouco a vida aos encarnados.
DESTAQUES DO BENFICA:
Centrais em grande, com golos e tudo, Dahl e Barreiro a jogar com toda a seriedade; estreias na equipa principal para João Veloso, André Gomes e Hugo Félix.
O melhor em campo: António Silva (7)
O encontro não foi tão fácil como a diferença entre as equipas poderia sugerir, António Silva teve de ser sério e honrar a braçadeira de capitão de equipa e não facilitou, assumindo defensivamente perante um Tirsense atrevido, mas sobressaindo também pela execução de passes longos, normalmente bem direcionados. O melhor deles surgiu ao minuto 31, a lançar Arthur Cabral, que ficaria perto golo. O golo, todavia, pertenceria ao central, que desviou na passada, a um metro da baliza, bola cabeceada por Belotti. 1-0, aos 45+3'. Manteve o nível na segunda parte, já com menos trabalho, e ainda apareceu novamente em zona de golo, pertencendo-lhe o cabeceando que conduziu a bola até Tiago Gonçalves e, depois, até à recarga vitoriosa de Leandro Barreiro. O dono da braçadeira, Otamendi, deve ter gostado.




Samuel Soares (6) — O guarda-redes do Benfica encaixou bem bola de Daniel Rodrigues, que rematou de longe, aos 45+2', e no segundo tempo deu nas vistas com passe de 50 metros a isolar Tiago Gouveia na direita. Competente com os pés e no ar.
Tiago Gouveia (7) — Nem todo o seu futebol foi tão elegante como certamente gostaria, mas desequilibrou na direita. Bela ação ofensiva aos 19', entregando a Arthur Cabral, boa combinação com Bruma, aos 37', e remate perigoso de fora da área aos 42', que Tiago Gonçalves defendeu. E ofereceria mesmo um golo após várias tentativas: aos 78', em nova fuga, deixou Belotti mesmo à frente da baliza. 3-0.
Bajrami (7) — Mais discreto que António Silva, mas igualmente competente. Até na área adversária: fez o 2-0, aos 74'.
Samuel Dahl (7) — Fez quase tudo bem, tanto no plano defensivo como na missão ofensiva. Grande corte à boca da baliza evitando o desvio de André Fontes, cruzamentos impecáveis para Leandro Barreiro e Belotti (duas vezes), deixando os companheiros em posições vantajosas. Depois, tentou colocar o nome na ficha de jogo, primeiro com um livre bem marcado e bem defendido e, por fim, com um desvio de primeira, que não saiu tão bem como desejaria, mais a mais face à qualidade da bola de Prestianni.
Schjelderup (5) — Virtuoso, procurou o drible, por vezes com exagero, e os desequilíbrios. Mas quando chegou a sua vez de finalizar, aos 48', bola mesmo boa de Bruma, errou clamorosamente.
Florentino (5) — Tentou o remate ao minuto 28, bola muito afastada da baliza, e cruzou para a área, na direção de Belotti, no início do lance do 1-0. Jogo tranquilo, sem altos e baixos.
Leandro Barreiro (5) — Acertou no poste, aos 16', salto de peixe ao segundo poste, aos 45+3' disparou na área e a bola saiu direitinha na direção de António Silva, funcionando como assistência para o 1-0. Esteve novamente perto de marcar, aos 46', desvio de cabeça que não terminou bem, mas faria golo com o jogo a acabar. A meio-campo jogou pelo seguro.
Bruma (5) — Trabalhou bem ao minuto 37', rodando e disparando de pé esquerdo, com a bola a sair perto do poste direito, e fez boa abertura para Schjelderup aos 48'. Mas não jogava bem quando deixou o relvado (61').
Belotti (6) — Nem sempre é o jogador mais elegante, por vezes complica, mas também é inteligente e eficaz. Começou por fazer desvio de cabeça aos 16', quase oferecendo o 1-0 a Barreiro, depois chegou em esforço a uma bola difícil aos 45+3', mas ainda conseguiu devolvê-la, de cabeça, contra a barra, balão perfeito que surpreendeu a defesa e permitiu a Barreiro disparar e a António Silva fazer o 1-0. O italiano foi perseguindo o golo, errou, acertou no guarda-redes, mas aproveitou bola perfeita de Tiago Gouveia. Não havia como falhar.
Arthur Cabral (5) — Que disparo aos 31'! Fugiu à marcação em velocidade e atirou de primeira, grande bola defendida por Tiago Gonçalves. Aos 74' ganhou de cabeça e ofereceu o 2-0 a Bajrami. Não chegou ao golo e foi isso que o distinguiu de Belotti.
Prestianni (6) — Entrou aos 62', aos 64' deixava Amdouni em posição de finalizar para golo. Aos 68' assumiu a finalização, mas atirou ao lado e apontou depois o canto que deu origem ao 2-0. Sempre em jogo, perto do final ainda ofereceu o golo a Dahl.
João Veloso (5) — 30 minutos, estreia absoluta. O primeiro lance não foi feliz, perda de bola, mas recompôs-se, integrou-se e ainda visou a baliza. Ganhou canto.
Amdouni (5) — Entrou aos 62', aos 64' trabalhou bem, mas errou a baliza, por pouco.
André Gomes (-) — Entrou aos 79', estreia absoluta na baliza.
Hugo Félix (5) — Estreia aos 79'. Apontou o canto do 4-0.

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