segunda-feira, 23 de junho de 2025

"CASO KOKÇU" NUNCA SE ENCERRARÁ COM ESTA LIDERANÇA



 Situações como a explosão do turco em campo só acontecem com líderes fracos. Agora, todos ficam a saber que se lhes acontecer o mesmo basta-lhes ir à TV. E nem precisam pedir desculpa.

Que peso tem o fator psicológico na avaliação que o Benfica faz dos potenciais reforços? Sobretudo a nível de inteligência e equilíbrio emocional? De Prestianni deixa correr que não tem cabeça para explicar o não conseguir vingar no tal plano de Bruno Lage que ou ainda não viu a luz do dia ou ninguém sabe em que consiste, enquanto é o próprio Kokçu quem faz questão de que todos saibam que essa instabilidade ainda é problema maior nele, apesar da experiência acumulada.
Uma entrevista, como aconteceu durante a era Schmidt, não nasce do calor do momento. O que se diz é premeditado ou antecipado, ainda que uma questão fora da caixa possa apanhar desprevenido o entrevistado. Nessa conversa, em que o médio anunciou que o problema era ser demasiado humilde e, como tal, tinha sido também ele responsável por não lhe ter sido dada a importância que entendia merecer, disse o que quis. Já uma explosão no campo sim pode ser descontrolo momentâneo, mas nasce do mesmo problema: um ego enorme.
Depois da prova de indisciplina, o Benfica quis mostrar que esta não existe. Colocou o jogador à frente das câmaras e este cumpriu o seu papel, ainda que tenha saltado uma ou duas vezes o guião. Não pediu desculpas, não prometeu controlar-se para nunca mais se repetir tamanha falta de respeito, se é que isso estava previsto, porque poderia nem estar – que o afetou a si, ao treinador e até a imagem do clube –, deixou o conselho para não se valorizar demais o sucedido e, horas depois, foi ter com Lage para o abraço mais fotogénico (e esperado) do dia.
Desta forma, a direção de Rui Costa evita, mais uma vez, tomar decisões drásticas. Evita fazer de Kokçu um exemplo, castigando-o, e dar um pouco de força à frágil liderança de Lage. Porque se fosse forte não teria acontecido. Se fosse forte, o técnico não teria descido ao nível do jogador e discutido em público, à frente dos outros atletas, dos adeptos e de todos os que viram o encontro, antes ou depois, ou até o fenómeno isolado, que nem precisa de grande contextualização. Acredito até que seja titular diante do Bayern, como se nada se tivesse passado. Um dia normal nos escritórios da Luz.
No entanto, retomo o início. Aquele às vezes em campo perco o controlo estava ou não nos relatórios de observação do jogador? Se estava, porque não fez pensar duas vezes quem colocou na mesa 25 milhões de euros, prontos a bater o recorde de transferências do clube? Inexplicável. E irrecuperável, também.
Luís Mateus, in a Bola

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