sábado, 21 de junho de 2025

FALTARAM MAIS GOLOS



Águias criaram oportunidades suficientes para resultado mais gordo no duelo da 2.ª jornada da fase de grupos do Mundial de Clubes.
ORLANDO — Depois do empate com o Boca Juniors na primeira jornada do Mundial de Clubes, o Benfica precisava ganhar este jogo ao Auckland City e se possível marcar muitos golos para aumentar a possibilidade de qualificação para os oitavos de final. Foi com essa ideia que a equipa de Bruno Lage entrou em campo. Não se lançou de forma desenfreada na procura da baliza dos neozelandeses, mas apresentou um desenho tático diferente do habitual e uma estratégia para dar mais dinamismo e colocar mais gente em zona de finalização. Di María, Prestianni e Akturkoglu nas costas de Pavlidis; Barreiro e Kokçu no meio-campo a equilibrar a equipa, mas também com liberdade para subir, principalmente Barreiro. Aursnes lançava-se pelo corredor direito e as águias ficavam muitas vezes a jogar com três centrais.
A primeira parte (e o jogo todo, na verdade) foi do Benfica, que teve mais bola e muitas oportunidades, algumas delas de golo iminente, como foram os lances desperdiçados por Akturkoglu, Pavlidis e Barreiro, entre vários outros, a maioria por falta de pontaria dos jogadores do Benfica e outros porque o guarda-redes do Auckland fez um punhado de defesas muito boas nesta fase.
O Benfica não colocava no relvado um futebol vibrante e os neozelandeses, apesar de claramente mais fracos, também terão aprendido alguma coisa com a derrota de 0-10 frente ao Bayern, no primeiro jogo deles neste Grupo C do Mundial de Clubes. Com uma linha de cinco defesas e todos os outros montados no meio-campo defensivo, o Auckland cometia poucos erros e fazia o trabalho para adiar o primeiro golo do Benfica. As poucas simulações de transições rápidas que ia fazendo eram facilmente anuladas pelos portugueses.




Os minutos a passar e o resultado a zero foi enervando um pouco os encarnados. Di María era um dos mais inconformados, tentou o remate e passou com critério para algumas das situações de maior perigo junto à baliza de Auckland.
Mas o golo não surjia de maneira nenhuma. Ou o guarda-redes defendia, ou a bola saia ao lado do poste, tresloucada por cima da trave, perdida nas pernas dos defesas. Até que, mesmo a fechar a primeira parte, em tempo de compensação, Prestianni sofre penálti e Di María, com classe, concretizou golo muito desejado, pela equipa e pelos adeptos nas bancadas, todos benfiquistas.
O final da primeira parte coincidiu com um alerta de tempestade e depois vários outros que motivaram a suspensão do desafio. Os adeptos foram obrigados a sair das bancadas para se abrigarem e Bruno Lage, no balneário, teve muito tempo, quase duas horas, para refletir e dar novas ideias à equipa.
No reatamento do jogo, Carreras ficou no balneário, Dahl entrou para lateral-esquerdo e o Auckland pareceu regressar mais atrevido. Bastaram, porém, poucos minutos para a equipa de Lage voltar a pegar no jogo e para aparecer o segundo golo: belo passe de Kokçu e grande trabalho e finalização de Pavlidis. Os encarnados ganhavam finalmente confiança e os neozelandeses começaram a quebrar.
Lage mexeu na equipa e Renato Sanches marcou o terceiro golo. Entrou mais gente, perdeu-se um pouco de consistência, mas as águias continuaram a criar oportunidades. Barreiro marcou o quarto e o quinto golos, Di María fechou a contagem, novamente com um golo de penálti. E por incrível que pareça num 6-0, ficaram ainda mais golos por marcar, porque a equipa do Benfica teve chances suficientes para resultado mais golos.

             

  Na terra da 'DisneyLand' grego voltou a assumir-se como uma das personagenes principais da história encarnada em 2024/25. Ángel Di María tem sempre um toque de Gastão e Renato Sanches quase que regressou à infância ao marcar pelo clube da Luz.

6 Trubin — Na primeira parte, Bruno Lage poderia ter optado por tática usada no futsal, no andebol ou até no hóquei em patins e decidir jogar com um guarda-redes avançado, tal a confrangedora inépcia ofensiva dos amadores do Auckland City nesse período. Por essa altura, num encontro com poucos espectadores nas bancadas foi mais um, mas com uma vista privilegiada, dentro do terreno de jogo. Mas, afinal, estava bem desperto, como se viu ao minuto 48, ao parar remate traiçoeiro de Zeb.
O melhor em campo: Pavlidis (7)
Orlando, onde se disputou o jogo, é a terra da DisneyLand, o imenso parque temático repleto de personagens e de diversões alusivas à histórica banda desenhada que Walt Disney criou na década de 20 do século passado. Uma das mais conhecidas é o Tio Patinhas, o multimilionário rezingão que tem o condão de fazer multiplicar as inúmeras moedas de outro que possui e nem por nada as abre mão delas. Pavlidis teve o condão de assumir esta personagem ao fazer multiplicar o ouro benfiquista, leia-se golos, marcando um numa bela jogada individual e ao participar em mais dois. Perante uma equipa tão fechada, nunca se deu à marcação, tentando sempre encontrar os metros quadrados que estavam ao preço do mais caro dos latifúndios e ainda atirou uma bola ao poste. Um exemplo de resiliência, mesmo desgastadíssimo em termos físicos.




5 Aursnes — Voltou à lateral direita para render Dahl e na primeira parte não conseguiu os desdobramentos ofensivos pela ala que poderia ter conferido profundidade à equipa perante um conjunto neo-zêlandes totalmente encostado às cordas desde o apito inicial do árbitro. Conforme diz a expressão idiomática, «é pau para toda a obra». Mas não lhe continuem a dar todos os cadernos de encargos adjacentes às mais diversas divisões da casa benfiquista.
5 António Silva — Conseguiu controlar em contenção os avançados contrário que lhe foram surgindo pela área de jurisdição, sem que tenha sido colocado verdadeiramente á prova. Ainda tentou lançar o ataque em condução, sem grande sucesso.
6 Otamendi — Devia publicar todos os dias nas mais diversas plataformas a data de nascimento inscrita no passaporte, para todos ficarem, realmente, a acreditar que tem 37 anos. Dentro de campo nada se nota: comanda a linha defensiva, coloca tudo o que tem a cada lance, barafusta com o árbitro e com os companheiros de equipa e ainda tenta marcar de forma acrobática, tal como se viu aos nove minutos. É um capitão na verdadeira acepção da palavra e se sair será uma perda gigantesca para os encarnados. Mas nada é eterno...
5 Álvaro Carreras — É impossível dizer, do lado de fora, se a provável transferência para o Real Madrid mexeu com a sua parte psicológica mas lá que parece, parece... Demasiado implicativo, por vezes desconcentrado e incontestavelmente preso de movimentos, sem aquelas cavalgadas pela banda esquerda que costumam deixar os defensores contrários em pânico. Como já tinha um cartão amarelo e não poderá jogar com o Bayern saiu ao intervalo.
6 Leandro Barreiro — Pela exibição no primeiro tempo, dir-se-ia que a um médio centro duma equipa como o Benfica e perante um adversário tão frágil pedia-se muito mais ao internacional pelo Luxemburgo, sobretudo na componente ofensiva; não se limitando ao toque curto e ao ganhar poucos metros em cada investida. Quando o Auckland claudicou em termos físicos, como que ganhou ânimo e apareceu para marcar por duas vezes. E como já há alguém dizia... «não há golos feios.»
5 Kokçu — Tem enorme técnica individual, como se viu no passe para o golo de Pavlidis, em que descobriu o grego numa nesga de terreno, mas tem de perceber que não pode estar a maior parte do tempo a passo, como esteve. E a atitude para com o treinador quando foi substituído é inenarrável, bem como a tentativa, posterior, de abandonar o banco de suplentes. Lamentável.
7 Di María — Não fez a melhor das suas exibições, como é óbvio, mas só quem aterrasse agora no mundo do futebol poderia esperar que alguém com 37 anos estivesse na plenitude da sua condição num final duma época marcada por lesões. Ainda assim, continua a ser o Gastão, o personagem sortudo da Disney, se bem que também muito procura a fortuna. Apesar de jogar a passo, tem uma qualidade técnica inquestionável, como se viu em inúmeros lançamentos a solicitar os companheiros de equipa. Dois golos de penálti, um deles após uma falta que o próprio cavou após um ziguezaguear que continua a saber que fazer e que fará as delícias, na próxima época, dos hinchas do Rosario Central.
6 Prestianni — Quis mostrar serviço e mostrou-o, sobretudo no primeiro tempo. No entanto, ainda parece algo curto.
6 Akturkoglu — Muitíssima vontade mas pouco discernimento. Tentou imenso, porfiou, mas sem grande sucesso. Louve-se o esforço e a atitude já no banco de suplentes, quando segurou o compatriota Kokçu e evitou que um episódio já triste ficasse ainda mais feio.
6 Dahl — Tem espírito nórdico e encara sempre as oportunidades que lhe são proporcionadas. A partir do momento que entrou em campo, em termos ofensivos, a esquerda da defesa teve a bonança depois da tempestade da primeira parte.
6 Schjelderup — Muito ativo, a fazer prova de vida numa temporada muito intermitente.
7 Renato Sanches — As histórias da Disney fazem a delícia dos mais pequenos e o internacional português viveu quase um regresso à infância, ao marcar um golo pelo Benfica, algo que não lhe acontecia desde janeiro de 2016, quando tinha apenas 18 anos.
6 João Rego — Entrou bem, ligado ao jogo e em dia de aniversário esteve prestes a receber uma prenda inesquecível, que seria o primeiro golo pela equipa principal do Benfica. Ficou perto. A bola bateu na barra...
6 Tiago Gouveia — Deu vida a uma ala direita que perdia cada vez mais fulgor por força do cansaço já acumulado por Aursnes.
— Bajrami — Fica a dúvida se terá, efetivamente, tocado na bola.

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