Num jogo fechado e pouco espetacular, onde as equipas se equivaleram (embora o FC Porto tenha tido duas/três oportunidades de golo, contra uma/duas do Benfica) e procurarem nunca serem apanhadas ‘despenteadas’, os forasteiros terão saído do Dragão mais satisfeitos do que os donos da casa. O que sobrou em organização ao Benfica, faltou em risco ao FC Porto
Os ‘clássicos’, assim como as finais, são para ganhar e não para jogar. No embate entre um treinador italiano e outro muito italianizado, imperou o pragmatismo, e nem o FC Porto se mostrou disposto a correr demasiados riscos, nem o Benfica abdicou de uma disciplina espartana, que tapou quase sempre de forma satisfatória os caminhos para a baliza de Anatolyi Trubin. Poder-se-á dizer, e com razão, que o FC Porto teve mais bola (57/43), mas poucas foram as vezes em que ultrapassou as linhas encarnadas e criou situações de superioridade numérica, mantendo a posse, tal como o Benfica, aliás, em zonas recuadas, e nunca tendo complexos em jogar com o seu guarda-redes. Nesse particular o ‘clássico’ assemelhou-se a um jogo de espelhos...
É verdade que o Benfica teve pouca presença no último terço do campo. Mas isso também aconteceu porque o FC Porto, sempre que baixou o bloco, fechou-se num 5x4x1 conservador, incluindo Varela como mais um central. Vamos então às táticas e às dinâmicas, porque, nesse capítulo, o jogo, apesar de pouco espetacular, foi muito rico.
RISCO ZERO
Francesco Farioli mandou a jogo o onze que se esperava, que partia de um 4x3x3 que, por cautelas defensivas, deixava demasiadas vezes Samu mergulhado na solidão, obrigado a recuar se queria ter bola, e fazia com que Froholdt e Gabri Veiga estivessem preocupados em não deixar que o Benfica conseguisse jogar entre linhas, antes de se preocuparem em integrarem-se na manobra ofensiva. A variante mais usada foi a do recuo de Varela, passando a 5x4x1, o que garantia eficácia defensiva, mas dava tempo e espaço para o Benfica respirar com bola. Apesar de alguns assomos de pressão alta, o FC Porto marcou sobretudo à zona, e foi menos agressivo que em outras circunstâncias, essencialmente para não se desposicionar.
Já José Mourinho fez da organização o seu maior trunfo: partindo para o jogo com uma base de 4x4x2, com Sudakov ao lado de Pavlidis e Aursnes à frente de Dahl (algumas vezes o ucraniano e o noruegês permutaram posições), deixando as mudanças de ritmo para o flanco direito, onde, até ‘estoirar’, Lukebákio manteve em sentido o lado esquerdo dos dragões, evoluiu, por vezes, para um 4x4x1x1, recuando Sudakov, para um 4x3x3, subindo Aursnes e, raríssimas vezes, para um 5x4x1, quando Ríos se colocava entre Dedic e António Silva.
Traçado o desenho, e confirmando-se que as dinâmicas, antes de serem de tração dianteira eram de tração traseira, cedo se formaram jogos de pares, que tornaram as ações previsíveis, apostando, então, qualquer dos treinadores no erro do adversário. Repare-se que o primeiro remate enquadrado da partida surgiu num livre direto batido por Sudakov (33m) e o segundo num remate de Gabri Veiga, que Trubin parou com o joelho (42). Pelo meio (34m) Pepê, em boa posição, rematou por cima do travessão.
TUDO NA MESMA
Os parâmetros da primeira parte acima descritos mantiveram-se em quase todo o segundo tempo. Sendo verdade que o FC Porto entrou mais pressionante, o que lhe valeu ganhar, de seguida, dois pontapés de canto, os ímpetos azuis-e-brancos refrearam-se quando (48m) Bednarek viu um cartão amarelo para travar um ataque rápido conduzido por Lukébakio. Nesta fase, pelo sim pelo não, ao ver que Dedic, Ríos e Dahl estavam com dificuldade em sair a jogar de trás, Mourinho deu ordens a Trubin para bater longo os pontapés de baliza e tudo voltou a acalmar.
FINALMENTE AGITAÇÃO
As primeiras mudanças de Farioli ocorreram aos 63 minutos, mas alterando alguma coisa na dinâmica, nada mudou na tática, já que William Gomes foi para a posição de Pepê e Pablo Rosário para a de Gabri Veiga. E se o técnico italiano tinha algumas razões para ‘desconfiar’ do Benfica, preferindo dar-lhe pouco espaço, mais desconfiado terá ficado quando, aos 64 minutos, na sequência de uma insistência atacante dos encarnados, Kiwior desviou a bola para a trave da baliza de Diogo Costa. Só a partir dos 75 minutos as coisas começaram a ficar mais interessantes, com a entrada de Deniz Gul para o lugar de Samu (quase sempre presa fácil, ao contrário do turco, mais móvel), respondendo Mourinho com o reforço defensivo do meio-campo, ao trocar Lukebakio por Leandro Barreiro.
O FC Porto aceitou o convite final do Benfica para terminar o jogo a tentar furar a muralha encarnada, e de uma iniciativa individual perigosa de William Gomes, deve ter-se feito luz em Farioli, que aos 90 minutos mandou Rodrigo Mora a jogo. Com dois agitadores portista em campo, Mourinho meteu mais um central, Tomás Araújo, mas mesmo assim, foi Mora a ter nos pés a oportunidade de fazer com que os três pontos ficassem em casa, quando, aos 90+2, acertou na trave de Trubin.
Foi mesmo o canto do cisne de um jogo que terminou com o resultado mais previsível, atendendo aos cuidados em presença, mas que terá agradado mais a José Mourinho que a Francesco Farioli.
José Manuel Delgado, in a Bola
6 TRUBIN — Não teve muito trabalho, mas o que teve resolveu muito bem. Intervenção muito celebrada aos 42’ quando Borja Sainz apareceu a rematar à queima-roupa. O ucraniano foi o único na área a ter uma leitura correta do lance, quando todos à sua volta entraram em pânico. Aos 55’, nova intervenção, mais simples, num remate frontal de Gabri Veiga.
5 DEDIC — Muito bom tecnicamente, mas falha na definição quando o lance de ataque parece prometedor. Defensivamente não teve dificuldades em travar Borja Sainz e na teia montada por Mourinho era o que se lhe pedia - não inventar.
7 ANTÓNIO SILVA — Grande jogo do internacional português, que nunca perdeu as coordenadas defensivas e arrancou para um clássico quase sem falhas. Corte fantástico a quatro minutos do final quando cortou pela raiz uma iniciativa individual de William Gomes, que rompia na área após deixar três adversários para trás.
6 OTAMENDI — Liderança e qualidade do argentino. Apesar de um corte arriscado na área encarnada, que resultou numa das boas oportunidades criadas pelo FC Porto na primeira parte (Pepê tentou em jeito e falhou o alvo), o defesa argentino compensou com uma atuação sólida.
5 DAHL — Confortável tanto com Pepê em campo como com William Gomes, que substituiu o compatriota. Sóbrio e extremamente concentrado, geriu bem as investidas dos extremos portistas e a meio da 2.ª parte até começou a libertar-se mais de amarras e a queimar quilómetros.
7 BARRENECHEA — Bom jogo do médio, que foi uma nuvem teimosa de Froholdt, sem que essa missão o tenha amarrado a esta única referência. Procurou sempre alargar o seu raio de ação e compensar os desequilíbrios. Aos 64’, quase sem querer, esteve no epicentro da melhor oportunidade do Benfica: penteou a bola e Kiwior, na tentativa de cortar, acertou na trave.
A chama imensa no Dragão. 🔴⚪️ pic.twitter.com/dYV0mMsyNR
— Benfica Adeptos 1904 (@BenficaAdep1904) October 5, 2025
7 RICHARD RÍOS
O colombiano esteve em excelente plano no enquadramento estratégico que José Mourinho definiu como o desejável para sair do Dragão com pelo menos um ponto. Deixou para trás qualquer resquício do autogolo que marcou a história do encontro frente ao Chelsea, mostrando-se confiante e comprometido desde o apito inicial. Muito forte nos duelos – e a sair deles -, criterioso a encurtar os espaços a Gabri Veiga e no apoio, pontual, mas necessário, aos dois centrais, Ríos saiu revigorado da partida, com apontamentos que o aproximaram do nível exibido nos tempos do Palmeiras. E até o cartão amarelo que viu antes do intervalo por cravar os pitons no ombro de Gabri Veiga soube gerir sem dramas e sem cair na tentação de ser expulso, formando com Enzo Barrenechea uma dupla afinada e à prova de dragões.
5 LUKEBAKIO — Algum do fogo do belga foi controlado pela estratégia de Mourinho. Objetivamente, foi tampão das subidas de Moura e na única vez em que se distraiu o lateral levou perigo à baliza de Trubin – deteve remate de Borja Sainz. Num livre descaído pela direita ainda forçou Diogo Costa a uma saída a punhos da baliza (48’).
5 SUDAKOV — Autor do único remate enquadrado do Benfica na primeira parte, resultado de um livre direto que ele próprio conquistou numa falta cometida por Pepê. Taticamente, posicionou-se de forma estratégica nas costas de Pavlidis, enquanto Aursnes ocupava o lado esquerdo. Com o grego, formou a primeira linha de pressão à saída de bola do FC Porto. Na segunda parte, foi trocando de posição com o norueguês, assumindo um papel mais ativo na contenção das subidas de Alberto, o que trouxe maior equilíbrio à equipa.
6 AURSNES — Começou na esquerda e seguramente que esse posicionamento trouxe a Dahl outra perspetiva do clássico, dado que filtrou muito do perigo que vinha do corredor direito do FC Porto, com Alberto e Pepê.
7 PAVLIDIS — O que trabalhou o grego! Sempre a procurar os duelos, nunca recusando disputar as bolas mais difíceis quando surgia de costas para a baliza, atou os nós da estratégia de Mourinho, por muito ingrato que seja para um ponta de lança receber poucas bolas em profundidade ou cruzamentos tensos.
4 LEANDRO BARREIRO — Chamado a aliviar a pressão que a equipa podia sentir com um investimento mais forte dos dragões - e que não sentiu assim tanto, apesar da bola nos ferros de Mora. Nem sempre o passe lhe saiu bem.
(-) TOMÁS ARAÚJO — Mora entrou e Mourinho chamou-o imediatamente ao jogo.
(-) JOÃO REGO — Pouco tempo em campo, logo sem ‘relógio’ para ações de relevo.




por acaso acho que o BENFICA JOGOU EM 4 DOIS 4 DEFENSIVO MAS 4 DOIS 4 DESDOBRA-SE EM 4 4 DOIS FACILMENTE QUANDO ATACA E DEFENDE OLHANDO PA FORMA DO PORTO QUE ERA O FAVORITO FOI O RESULTADO BOM NO DRAGAO O BENFICA RESPEITOU MUITO O PORTO SE PODIA TER ARRISCADO MAIS PODIA MAS NAO COMPREMETU A LUTA PELO CAMPEONATO E JOGOU EMPENHADO EM NAO PERDER MAIS DO QUE EM GANHAR OLHANDO O HISTORICO DE RESULTADOS E BOM A EPOCA PASSADAD O PROTO TAVA MUITO FRACO OS JOGADORES ERAM OUTROS E O TREINADOR SOBRETUDO LOGO O CONTEXTO ERA OUTRO O PORTO TA COM MUITA MORAL COM ESSE NOVO TREINDADOR E PELO MENOS O BENFICA ESFRIOU O ANIMO OU O EMBALO DEFINITIVO DO PORTO RUMO A CONQUISTA DO CAMPEOANTO AGORA A PARAGEM ATE VAI FAZER MELHOR AO BENFICA DO QUE AO PORTO NA MINHA OPINIAO E LOGO O JOGO DA TAÇA E MUITO COMPLICADO PO BENFICA ENQAUTO O PORTO TEM UM JOGO FACILIMO NA TAÇA ATE DA PRA DESCANSAR MAIS OS PRINCIPAIS JOGADORES ENTAO SE CALHAR A PARAGEM SERA AIMDA MEHOR PO PORTO LOL
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