terça-feira, 28 de outubro de 2025

A ÚNICA COISA QUE MUDOU (PARA JÁ) FOI A HORA



 Uma coisa é o Twitter, outra são as urnas. Futebol não influenciou os resultados. Sócios com direito a 50 votos não decidiram as eleições. Voto eletrónico é necessário e imprescindível

Caíram por terra diversas teorias. Primeira: é hora de mudança. Não era. A única coisa que mudou (para já) foi a hora. Segunda: vê-se, pelas redes sociais, que Noronha Lopes ganha de goleada. Não ganhou. Uma coisa é o Twitter, outra são as urnas. Terceira: as eleições serão vencidas, de forma clara, por Noronha Lopes. Não foram. Os votos de Noronha Lopes, somados aos votos de Filipe Vieira, não ficam muito à frente dos de Rui Costa. Quarta: Noronha Lopes terá percentagem de votos mais elevada do que nas eleições de 2020. Não teve. Teve 34,71% e agora apenas 30,26%. Quinta: os resultados da equipa de futebol influenciam eleições. Não é verdade. Se Rui Costa ganhou como ganhou, imaginem o que seria se o Benfica estivesse na frente da Liga e com pontos na Champions. Sexta: os sócios com direito a 50 votos decidem eleições. Não decidem. Rui Costa ganhou de goleada no número de votos (42,13% contra 30,26%) e ganhou de forma clara no número de votantes (38,4 contra 31,5%). Sétima: os nomes ganham eleições. Não ganham. Noronha Lopes avançou com Nuno Gomes, Vítor Paneira, Óscar Cardozo, Fabrizio Miccoli e Panchito Velázquez. E perdeu — pelo menos, por agora.
Algumas conclusões. Primeira: como já se sabia, o Benfica é o clube português com mais adeptos e, por consequência, com mais sócios. 85 710 votantes é muito votante. Os recordes do FC Porto (26 876 em 2024) e do Sporting (22 510 em 2018), juntos, chegam a 49 386. Ou seja, juntos, ficam a 36 324 de distância. Segunda: o voto eletrónico é necessário e imprescindível. Fechar as mesas de voto às 22 horas e conhecer os resultados mais de 19 horas depois é quase inconcebível à entrada para o segundo quarto do século XXI. E a culpa não é das pessoas, é do método. Terceira: Filipe Vieira teve coragem para ir a votos depois de cinco anos muito complicados. Quarta: Noronha Lopes tem coragem para comparecer na segunda volta depois de resultados pouco animadores na primeira. Quinta: Cristóvão Carvalho foi o recordista da coragem ao ir a votos. Sexta: penalizado pela distribuição de votos consoante os anos de sócio foi apenas Diogo Manteigas (subiria de 11,48% para 14,30%, se cada sócio valesse um voto). Teve mais votantes do que Vieira. Sétima: ter 52 812 sócios que não votaram em si é um cartão amarelo a Rui Costa, mas ter 32 898 que votaram é um amarelo aos outros cinco candidatos.
Futorologia. Única: Rui Costa será presidente por mais quatro anos, a não ser que, daqui a duas semanas, haja enormíssimas surpresas. E que surpresas poderiam ser essa? Alta percentagem dos sócios que votaram em Rui Costa absterem-se da segunda volta por acharem que está no papo, apoiantes de Noronha Lopes irem todos a votos e parte significativa dos votos em Filipe Vieira e Diogo Manteigas irem, na segunda volta, para Noronha Lopes. É pouco crível que assim aconteça.
Rogério Azevedo, in a Bola

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