Benfica dominador frente ao Nápoles, como não se via na Europa há mais de um ano; sinais animadores da equipa de José Mourinho, mas o contexto, convenhamos, ajudou.
Há mais de um ano que o Estádio da Luz não vivia uma noite assim. Parece muito? É. Mas na Champions, excluindo pré-eliminatórias, seguia há sete partidas sem ganhar em casa: derrotas com Leverkusen e Qarabag, esta época; dupla derrota com Barcelona, desaire com o Feyenoord e empates com Mónaco e Bolonha, na anterior. O último triunfo? Um memorável 4-0 ao Atlético de Madrid a 2 de outubro de 2024, que terá criado uma ilusão que os resultados seguintes se encarregariam de desmentir.
Mourinho esperará que este triunfo na noite fria desta quarta-feira em Lisboa não seja também um fogacho que depressa se apague. Os sinais são animadores: o Benfica tem vindo a subir de produção — não venceu o dérbi de sexta-feira, é certo, mas também não esteve perto de perdê-lo... — e o treinador parece ter encontrado uma fórmula que resulta, mesmo que não sejam assim tantos os jogadores em quem confia — fez duas alterações no onze... mas os jogadores que saíram foram os dois únicos que ainda jogaram minutos significativos vindos do banco, ou seja, salvo recuperações de lesões (quanto tempo para Manu Silva ser opção a sério?) ou alguma surpresa vinda da formação, a rotação dos encarnados parece limitada a 12 jogadores de campo.
Além disso, ao contrário do que aconteceu nessa partida com o Atlético de Madrid há mais de um ano, a história do jogo não sorriu propriamente ao Benfica — apesar de terem marcado cedo, as águias já tinham desperdiçado duas ocasiões flagrantes antes de Ríos inaugurar o marcador, tão flagrantes que foram melhores que qualquer uma que o Nápoles tenha criado em todos os 90 minutos.
É preciso, porém, ter consciência do contexto, e o contexto, ontem, jogou e muito a favor do Benfica. Na véspera do encontro, Mourinho desvalorizara as ausências no adversário, mas esperar que uma equipa que tem De Bruyne, Lukaku, Anguissa ou Lobotka produza o mesmo sem eles é ingenuidade, na melhor das hipóteses. Depois, o facto de o Nápoles ter jogado no domingo, e o Benfica logo na sexta-feira, também pesou, mesmo que não tenha sido fator decisivo. Já agora, e sem tirar mérito às águias, convém assinalar que a equipa do sul de Itália é uma no Diego Armando Maradona e outra, bem pior, fora de casa — tinha perdido com o City em Manchester e com o PSV em Eindhoven (por 2-6). Mas venceu o Qarabag e o Sporting em casa, coisa que o Benfica de Lage, primeiro, e de Mourinho, depois, não conseguiu...
Hugo Vasconcelos, in a Bola

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