A Liga Portuguesa de Futebol Profissional prepara-se para um momento decisivo. No próximo dia 11 de abril, será escolhido o novo líder de um dos organismos mais influentes do desporto nacional. Mais do que uma simples eleição, esta decisão definirá o rumo do futebol português nos próximos anos. Em disputa, dois perfis distintos, duas visões para o futuro e uma certeza: o futebol precisa de liderança forte, credível e capaz de responder aos desafios da atualidade.
A corrida é a dois. José Gomes Mendes, 63 anos, combina uma sólida carreira académica e política com experiência no dirigismo desportivo. Doutorado em Engenharia Civil e Arquitetura, é professor catedrático e exerceu funções como secretário de Estado em dois governos de António Costa. Atualmente, preside à MAG da Liga, cargo que já ocupou entre 2014 e 2015, tendo também passado pelo Clube de Ténis de Braga e pelo SC Braga.
Já Reinaldo Teixeira, gestor de 61 anos, natural de Salir, Loulé, construiu um império empresarial desde 1983, liderando um grupo de 42 empresas e mais de 700 colaboradores. O seu nome está intimamente ligado ao futebol há mais de duas décadas, nomeadamente através da Associação de Futebol do Algarve, da qual é presidente desde 2019. A sua ligação à Liga remonta a 2015, quando foi nomeado coordenador dos delegados e avaliadores, após 20 anos como delegado. Desempenha também funções enquanto membro do conselho consultivo no Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ).
Um destes homens será o futuro presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional e enfrentará, no cargo, vários desafios: crescer, inovar e transformar.
O futebol português está em crescimento. Durante anos, ouvimos falar das dificuldades dos clubes, da necessidade de maior profissionalização e da falta de competitividade. Mas, hoje, há um dado inegável: a indústria do futebol em Portugal está a evoluir a um ritmo impressionante. Nos últimos cinco anos, as receitas cresceram, em média, 8% ao ano. Poucas indústrias no país podem orgulhar-se deste feito. Poucas conseguem estar entre as seis ou sete melhores da Europa. Isso significa que estamos no caminho certo, mas também que há desafios que precisamos de encarar com determinação.
Um dos temas mais prementes é o investimento em infraestruturas. Os clubes, mesmo com dificuldades financeiras, têm procurado melhorar os seus estádios, mas ainda há muito por fazer. Não podemos ignorar que a experiência do adepto no estádio tem de ser cada vez mais valorizada. Parte da solução passa por uma redistribuição mais justa de receitas, nomeadamente das apostas desportivas, que atualmente não beneficiam diretamente os clubes como deveriam.
Mas há um desafio ainda maior: a proximidade entre os clubes e os adeptos. O futebol português precisa de fomentar a paixão pelos clubes locais. Não podemos ser um país onde o apoio se concentra apenas em três emblemas. É essencial que os Vizelas, os Aroucas, os Rio Aves e os Vitórias desta vida consigam atrair mais adeptos, consolidar as suas bases e crescer de forma sustentável.
A centralização dos direitos televisivos é mais do que um desafio inadiável, é um passo inevitável. E não se trata de centralizar por centralizar, mas sim de criar um modelo que beneficie todos os clubes e aumente a competitividade da Liga. Portugal é um dos poucos países onde as receitas televisivas estão esmagadoramente concentradas nos três principais clubes. Essa desigualdade reflete-se em tudo: na qualidade das equipas, na competitividade interna e na presença europeia. Se tivermos um campeonato mais equilibrado, todos saem a ganhar - basta olhar para o impacto positivo que uma equipa como o Vitória Sport Clube teve na Conference League 2024-25. A centralização permitirá uma melhor distribuição de receitas e, consequentemente, clubes mais fortes, melhor futebol e um produto mais atrativo para investidores e patrocinadores. Mas é preciso vontade e visão para dar este passo.
Outro entrave ao crescimento do futebol português é a carga fiscal. O IRS aplicado aos jogadores em Portugal é altíssimo quando comparado com outros países europeus. Em mercados concorrentes, como Itália, existem regimes fiscais específicos que tornam mais atrativo contratar e manter jogadores. Aqui, os clubes precisam de gastar quase o dobro para oferecer aos atletas o mesmo salário líquido. Essa realidade coloca-nos em clara desvantagem no mercado internacional.
Claro que não estamos a falar de igualarmo-nos a mercados como o saudita, onde as taxas são praticamente inexistentes. Mas, dentro da Europa, é fundamental encontrar um modelo que nos permita competir em igualdade de condições e atrair talento sem um peso fiscal desproporcional.
A legislação em torno dos seguros dos atletas é outro fator que prejudica os clubes portugueses. As regras atuais fazem com que os prémios de seguro sejam extremamente elevados, porque consideram que uma lesão pode obrigar a compensações durante décadas. Em outros países, há legislação específica para profissões de desgaste rápido, que distingue, por exemplo, um jogador que sofre uma lesão incapacitante no futebol, mas que pode continuar a exercer outras atividades. O resultado? Os clubes portugueses pagam significativamente mais pelos seguros dos seus atletas do que os seus concorrentes em Espanha ou Itália. É uma desvantagem competitiva que precisa de ser analisada e corrigida.
Os números falam por si: pela primeira vez, o futebol português atingiu os 1.000 milhões de euros de receitas. Isso prova que o futebol é uma indústria rentável e que vale a pena investir nela. As receitas vêm de bilheteiras, patrocínios, merchandising, lugares corporate, transferências e direitos televisivos. Com a centralização dos direitos e um maior equilíbrio na distribuição de receitas, esse valor pode crescer ainda mais. Não é por acaso que cada vez mais fundos internacionais olham para Portugal como um mercado atrativo para investir. Esses investidores não apostam em projetos para perder dinheiro. Apostam porque acreditam no potencial de crescimento do futebol português.
No próximo dia 11 de abril, a decisão não será apenas entre dois candidatos, mas entre duas formas de encarar o futuro do futebol português. Respeito José Gomes Mendes e desejo-lhe o melhor, mas, para mim, o próximo líder da Liga Portugal tem um nome: Reinaldo Teixeira. Porquê? Não é por ser meu conterrâneo. Nem sequer pelo facto de, num momento difícil da minha vida, ter sido dos primeiros a vir ao meu encontro, com um abraço sincero, carregado de solidariedade e amizade. É porque conheço o homem por detrás do candidato. Sei quais são os valores que o guiam e moldam, a determinação que o move e a visão que transporta para o futebol português. É um líder nato. Um estratega que não apenas sonha com uma Liga mais forte, mas que sabe exatamente como construí-la. Alguém que compreende a importância do presente sem perder de vista o futuro. Um líder que faz crescer, que inspira, que inova, que une e que transforma.
É a primeira vez na história que um algarvio se candidata à presidência de um dos principais organismos do futebol português. Reinaldo Teixeira, natural de Salir, construiu um percurso sólido no dirigismo desportivo, começando no AC Salir e ascendendo a cargos de destaque na Associação de Futebol do Algarve e na Liga de Clubes. Agora, apresenta-se como o rosto de uma nova era para a Liga Portugal, trazendo consigo uma visão clara e uma missão bem definida.
Homem de valores, compromisso e conhecimento profundo das duas faces do futebol – o profissional e o amador –, Reinaldo Teixeira desenvolveu uma perspetiva abrangente, um sentido de justiça apurado e uma capacidade de decisão ancorada na realidade do futebol português. São qualidades que considero essenciais para liderar a Liga Portugal.
Ao longo dos anos, conquistou credibilidade pela sua seriedade, transparência e pela capacidade de unir diferentes agentes do futebol em torno de um objetivo comum. A sua candidatura, Uma Liga para Todos, reflete essa filosofia: promover um futebol mais competitivo, equilibrado e sustentável, onde todos os clubes tenham voz e oportunidades de crescimento.
Com uma visão estratégica e experiência consolidada, Reinaldo Teixeira propõe um modelo de gestão eficiente, que beneficie tanto os grandes como os pequenos clubes, garantindo maior equilíbrio e competitividade. O apoio de emblemas como Benfica, Sporting e Vitória Sport Clube demonstra a confiança que a sua liderança inspira. A inclusão de figuras como António Saraiva na sua equipa reforça a seriedade e o rigor de um projeto estruturado e focado no futuro do futebol português.
E, por tudo isto, acredito que o sucesso dele será o sucesso da Liga, dos clubes - grandes e pequenos - e de todo o futebol português. Porque a Liga precisa de valor e de valores. De alguém com independência e visão de futuro. E Reinaldo Teixeira é, sem dúvida, essa pessoa e vai, com toda a certeza, marcar uma nova era na Liga Portugal.
Tiago Guadalupe, in a Bola