Título:
O pugilista de perna curta
Texto:
Na opinião do presidente do Arouca o presidente do Sporting é “um homem sem palavra”. A expressão vale-se de um doce eufemismo que o decoro consente e que, melhor ainda, obsta ao prolongamento da conversa noutras instâncias.
O grande público desconhece a natureza da situação que gerou este desabafo. E o presidente do Sporting não se deu, até este momento, ao trabalho de contrapor à acusação implícita que lhe foi dirigida a sua lapidar saída para estas ocasiões que é um “fartei-me de rir” que já vai fazendo História. Todos estaremos de acordo no que importa ao nosso futebol. É que seja um lugar bem frequentado. Há indícios otimistas neste capítulo.
O presidente do Arouca, por exemplo, recorre a figuras de estilo do século XIX para evitar o insulto. Melhor esteve ainda o presidente do Benfica quando, no ano passado, vendo-se acusado publicamente pelo presidente do Sporting de lhe ter confidenciado num telefonema que “os melhores reforços são os árbitros” respondeu delicadamente com um “é feio dizer mas Bruno de Carvalho mentiu”. Que expoente de boas maneiras este reconhecimento do que é feio dizer, note-se. Quanto ao presidente do Sporting, posto no seu lugar e logo num assunto tão capitoso que, imagine-se, metia árbitros e tudo, respondeu como lhe manda a virtude. “Fartei-me de rir, não houve telefonema nenhum, estava a ironizar.” Estava apenas na pandega.
No último mês de Outubro, logo depois de ter insinuado que o Benfica aliciava árbitros, o presidente do Sporting voltou à cartilha para anunciar que muito se ia rir com a resposta do presidente do Benfica. Mas desta vez a resposta não chegou. O silêncio do presidente do Benfica foi então celebrado como uma derrota do rival, uma assunção de culpa que o conduziria à II Divisão, no mínimo.
Tudo faz crer que a situação agora se alterou já que o espalhafato do mês passado foi reduzido pelos visados – os árbitros – à sua realíssima essência. E, assim sendo, o silêncio do presidente do Benfica já não é visto como sintoma de derrota mas sim de perversa “estratégia” intelectual. Como naquele velho filme do Chaplin-pugilista de perna curta, escondendo-se sempre atrás do árbitro na tentativa vã de derrubar o adversário maior do que ele, o presidente do Sporting vai continuar a ironizar até onde puder e, provavelmente, a arrecadar aos três pontos de cada vez.
Texto de Leonor Pinhão
O grande público desconhece a natureza da situação que gerou este desabafo. E o presidente do Sporting não se deu, até este momento, ao trabalho de contrapor à acusação implícita que lhe foi dirigida a sua lapidar saída para estas ocasiões que é um “fartei-me de rir” que já vai fazendo História. Todos estaremos de acordo no que importa ao nosso futebol. É que seja um lugar bem frequentado. Há indícios otimistas neste capítulo.
O presidente do Arouca, por exemplo, recorre a figuras de estilo do século XIX para evitar o insulto. Melhor esteve ainda o presidente do Benfica quando, no ano passado, vendo-se acusado publicamente pelo presidente do Sporting de lhe ter confidenciado num telefonema que “os melhores reforços são os árbitros” respondeu delicadamente com um “é feio dizer mas Bruno de Carvalho mentiu”. Que expoente de boas maneiras este reconhecimento do que é feio dizer, note-se. Quanto ao presidente do Sporting, posto no seu lugar e logo num assunto tão capitoso que, imagine-se, metia árbitros e tudo, respondeu como lhe manda a virtude. “Fartei-me de rir, não houve telefonema nenhum, estava a ironizar.” Estava apenas na pandega.
No último mês de Outubro, logo depois de ter insinuado que o Benfica aliciava árbitros, o presidente do Sporting voltou à cartilha para anunciar que muito se ia rir com a resposta do presidente do Benfica. Mas desta vez a resposta não chegou. O silêncio do presidente do Benfica foi então celebrado como uma derrota do rival, uma assunção de culpa que o conduziria à II Divisão, no mínimo.
Tudo faz crer que a situação agora se alterou já que o espalhafato do mês passado foi reduzido pelos visados – os árbitros – à sua realíssima essência. E, assim sendo, o silêncio do presidente do Benfica já não é visto como sintoma de derrota mas sim de perversa “estratégia” intelectual. Como naquele velho filme do Chaplin-pugilista de perna curta, escondendo-se sempre atrás do árbitro na tentativa vã de derrubar o adversário maior do que ele, o presidente do Sporting vai continuar a ironizar até onde puder e, provavelmente, a arrecadar aos três pontos de cada vez.
Texto de Leonor Pinhão
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