domingo, 26 de junho de 2016

TONI FEZ UM BALANÇO DE 2015/16 E PERSPECTIVA A PRÓXIMA ÉPOCA


Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o antigo treinador do Benfica, Toni, fez um balanço da época 2015/16.

Começou mal mas acabou bem. O Benfica acabou por se sagrar tricampeão mas, no início da época, muitos foram os que duvidaram deste cenário. Toni, ex-treinador dos ‘encarnados’ admitiu estar dentro desse lote.
Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o técnico também comentou as picardias com o Sporting e pronunciou-se sobre os responsáveis pela conquista do título.
Depois de uma pré-época para esquecer e de um início de época bastante tremido, alguma vez pensou que o Benfica conquistar o tricampeonato fosse o desfecho desta época?
A pré-época não foi preparada da melhor maneira e isso teve reflexos logo no início da temporada. Isso colocou o Benfica numa fase delicada, mas a equipa teve a capacidade de reagir. A partir daí foi um percurso quase imaculado. Como já disse publicamente, eu pertencia ao grupo dos céticos… Mas quem está lá dentro, tem outra perspetiva. No entanto, a equipa aos poucos fez os adeptos acreditar que seria possível.
Como treinador, acha que Rui Vitória foi o principal obreiro na conquista do título?
Os treinadores sabem sempre o que lhes toca no final de uma época, quer ganhem, quer percam. O Rui Vitória sabe a importância que teve, mas também não há vitórias individuais. Na hora da derrota, nós sabemos quem é o pai [o treinador], e na hora da vitória, o treinador tem sempre mais gente para distribuir os louros. Neste caso, o Rui Vitória tem o presidente, tem os jogadores e tem a organização do clube, que também tiveram muito mérito nesta conquista.
Jorge Jesus referiu que o Sporting era a melhor equipa do campeonato. Concorda com esta afirmação?
O Sporting era uma equipa que vinha a consolidar princípios de jogo desde o tempo do Leonardo Jardim e do Marco Silva e, Jorge jesus, com o seu trabalho e contratações cirúrgicas que trouxe, tornou o Sporting numa equipa mais constante em termos exibicionais. Mas o facto de ter sido mais constante ao longo da época, não tira mérito ao Benfica. O campeonato é muito longo neste tipo de competição não se contabilizam as exibições, contabilizam-se os pontos.
Esta temporada foi muito jogada também fora das quatro linhas. Muitas picardias, muitas acusações… acha que na próxima temporada, este tipo de situações vão abrandar?
Se vai abrandar, não sei… mas isto também faz parte do fenómeno que é o futebol. Em jeito de analogia, espero apenas que tenha o sal e a pimenta quanto baste, porque tudo o que passa esse ‘quanto baste’, acaba por estragar a comida. Mas hoje, o futebol não tem nada a ver com o futebol de outras décadas. Mas espero que não ajudem a matar o futebol com guerrilhas que são travadas entre todos.
Ainda sobre picardias, o que achou da postura de Rui Vitória ao longo da época?
O Rui Vitória entrou em cena quando tinha de entrar. A postura que teve reuniu muito mais o consenso das pessoas e soube estar mais dentro desta ‘guerrilha’. Deu as respostas, quando teve de dar, porque claro, ’quem não sente também não é filho de boa gente’.

Toni acredita que a venda de jogadores vai ter, claramente, repercussões na próxima temporada.

Renato Sanches e Nico Gaitán saíram do Benfica a troco de 60 milhões de euros. Foram claramente dois jogadores importantes na conquista do tricampeonato e, para Toni, a sua ausência vai fazer-se notar.
Toni, antigo treinador das ‘águias’, em entrevista ao Desporto ao Minuto, perspetivou a próxima temporada e realçou que o Benfica ainda precisa de mais uns anos no topo para atingir a hegemonia do futebol português.
É inevitável não falar de uma das maiores vendas do Benfica dos últimos anos como foi a de Renato Sanches. Acha que o Benfica o deveria ter segurado mais uma temporada?
O Renato Sanches teve uma subida meteórica e foi muito importante na época do Benfica. É um jovem de 18 anos, com um grande potencial, e vai para um clube onde, de certeza, vai evoluir muito mais. Mas num país como o nosso, de clubes exportadores, o Benfica não tinha condições de o segurar. O que os clubes grandes fazem é potenciar os jogadores e vender, não há outra forma de fazer as coisas.
Falou numa ascensão meteórica de Renato Sanches. Acha que ele, sendo tão jovem, vai conseguir vingar no Bayern Munique?
Há um grande potencial no Renato. Mas é um campeonato muito diferente do nosso. No Bayern há também muita competitividade pela titularidade e isso são desafios que para um jovem se tornam aliciantes. Mas com o potencial dele, tudo leva a crer que tenha sucesso no Bayern. Espero que ele consiga transportar para lá todo esse potencial que demonstrou e que aprenda bastante, porque com 18 anos, ainda tem muita coisa para aprender.
E como vê as saídas de jogadores importantes, como o caso do Renato Sanches e do Gaitán? Acha que essas vendas vão ter repercussões na próxima época?
No futebol não há milagres. Se no teu núcleo de jogadores, perdes quatro ou cinco… é muito complicado. Estes dois são titulares importantes e são jogadores de grande qualidade. Isto obriga a que haja um scouting por parte do Benfica de estar sempre atento a outros jogadores que possam vir para o clube tentar substituir aqueles que partem. Mas já vimos casos como o de David Luíz, o Dí Maria, o Ramires, o Aimar… todos esses saíram e o Benfica conseguiu arranjar soluções. Mas claro, os treinadores gostavam de não perder os seus jogadores fundamentais. Mas a realidade dos três grandes portugueses é assim: Potenciar jogadores e vender.
Recuando alguns anos no tempo, o FC Porto tinha tido a hegemonia no futebol português. Mas agora, depois de três campeonatos conquistados pelo Benfica, acha que essa hegemonia pertence aos ‘encarnados’?
Não, ainda não se pode falar nisso. Foram largos anos que o FC Porto manteve essa hegemonia. Mas o que é indesmentível é que há um Sporting mais forte do que era há uns anos atrás, há um Benfica mais forte do que há uns anos atrás, e houve temporariamente um FC Porto menos bom. Mas isso não quer dizer que essa hegemonia tenha mudado para o Benfica. O FC Porto dominou durante cerca de 25 anos, enquanto o Benfica está por cima há seis, sete anos. O Benfica precisa de mais alguns anos para consolidar essa hegemonia.
Como antevê a próxima temporada? Quem aponta como candidato ao título?
Os três grandes vão continuar a disputar os três primeiros lugares e vai ser uma luta renhida. Não consigo destacar nenhum. Caso o Sporting consiga manter os seus principais jogadores, vai estar ainda mais forte. O Benfica, apesar das saídas, espero que possa manter o nível. Mas até 31 de agosto os clubes vão sofrer muitas alterações.

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