quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

O JOGADOR MALANDRO


Luís Filipe Vieira não deverá demorar muito tempo para voltar a fazer mais uma ou duas vendas milionárias. Ederson e Nélson Semedo serão os próximos a sair (André Moreira e Pedro Pereira parecem ter o perfil para os substituírem no futuro) por valores que fazem com que a venda do passe de Bernardo Silva (€15,75 milhões ao Mónaco, em 2014) tenha sido uma borla. É certo que não se pode ter tudo (basta pensar, por exemplo, que Ivan Cavaleiro rendeu o mesmo valor e que Gonçalo Guedes custou ao PSG  €30 milhões, o mesmo que o Manchester City pagou por Gabriel Jesus ao Palmeiras), mas isto serve apenas para dizer o quão valorizado está o esquerdino português, a fazer no Mónaco o que fez na Luz: percurso ascendente, de quase desconhecido chegado ao Principado a estrela cintilante do competitivo futebol europeu. Ao contrário do que aconteceu em Wembley, quando marcou frente ao Tottenham (casa emprestada), para a fase de grupos da Champions, Bernardo silva não marcou em Manchester, nesse louco jogo que terminou 5-3 para o City, mas é como se o tivesse feito. Jogadores como ele não precisam tanto da estatística porque a alegria não se traduz em números. Faz parte de uma casta especial: apesar de interpretar a tática, mantém o espírito libertino, faz o adepto sorrir pela forma como trata a bola e desmonta as linhas adversárias com elegância e a desfaçatez de jogador malandro. Ainda estamos longe, Portugal nem sequer está qualificado, mas ao crescimento de Bernardo e esta nova forma de estar de Cristiano Ronaldo (mais leve, mais artista, menos robótico, mais Cristiano que Ronaldo) podemos esperar no Mundial da Rússia não apenas uma Seleção forte e ambiciosa mas também a jogar muito à bola. Com a palavra ainda a caber a João Mário e André Silva. Haja esperança.

Fernando Urbano, in a bola

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