Rafa é hoje um dos jogadores mais discutidos da Liga portuguesa. Pelo que faz, pelo que ainda não faz e pelo dinheiro que custou. Primeiro ponto: Rafa não tem culpa de ter levado o Benfica a pagar por ele ao SC Braga qualquer coisa como 16 milhões de euros, uma soma absolutamente inédita em negócios entre clubes portugueses. Rafa também não tem culpa de estar muito mais vezes a jogar onde, na minha opinião, não deve (no apoio a Mitroglou) do que a jogar onde, na minha opinião deve (numa das alas). Por último, Rafa também não tem culpa de ter chegado ao Benfica sob a inevitável pressão do custo e do stress próprio de uma transferência muito mediatizada e que o fez andar de coração na mão quase até à última hora do fecho do mercado de verão de 2016... e pouco tempo depois se ter lesionado, logo na estreia, e atrasado, em dois meses, a adaptação a um clube de dimensão gigantesca como é o Benfica.
Posto isto, Rafa vai precisar de tempo e provavelmente de outro tipo de oportunidades para mostrar se é ou não capaz de se tornar o jogador desequilibrador que o Benfica espera dele. Mas também vai precisar que sejam pacientes com ele.
Precisa Rafa e precisam todos os jogadores que chegam de novo a uma equipa. Há os que precisam mais e os que precisam menos. Há até os que acabam por não precisar. Mas Rafa, está visto, precisa!
Tem Rafa uma característica, pelo menos uma, totalmente diferenciadora, sobretudo no futebol actual, que é a velocidade com bola. Assim de repente, não estou a ver na Liga portuguesa um jogador que seja mais rápido com bola do que Rafa. Essa característica faz de Rafa um jogador precioso porque depois de se recuperar a bola o fundamental é levá-la mais depressa possível até à baliza adversária.
O que Rafa quase nunca conseguiu ainda compatibilizar com a rapidez com que transporta a bola é um bom critério na definição dos lances - o último passe ou a finalização mesmo já muito próximo da baliza, como sucedeu, ainda agora, no Estoril, para a Taça de Portugal, onde Rafa somou o desperdício incrível de duas magnificas ocasiões para marcar, que lhe podem muito bem custar o lugar no onze em Dortmund, por exemplo, onde o Benfica joga a qualificação para os quartos de final da Liga dos Campeões... talvez sem Rafa, repito, pelo menos de início.
Acontece que na minha opinião Rafa tem, num determinado sentido, a atenuante de ter andado vezes de mais a jogar por dentro, no apoio à referência atacante do Benfica. É a minha opinião e vale o que vale, naturalmente, mas parece-me mais uma daquelas teimosias próprias dos treinadores insistir em Rafa no meio em vez de lhe estimular e promover a capacidade de explosão numa das alas, onde Rafa se tem mostrado sempre muito mais forte e onde normalmente desfruta de muito mais possibilidades de desequilibrar o jogo do adversário, de ser muito mais eficaz e servir companheiros ou a aparecer a finalizar como finalizou no jogo com o Chaves, em diagonal, da ala para o interior é diminuir-lhe as aptidões, torna-o muito mais vulnerável e coloca-o muito mais à mercê do perseguidor.
Seja como for, o que se percebe é que Rafa não está ainda confortável. Vê-se que acusa o peso de não estar a corresponder como desejaria e como os benfiquistas esperariam em contraponto com a expectativa que a sua transferência gerou.
Sou dos que não está convencido da dimensão de Rafa para o chamado jogo de uma equipa grande. Ao contrário do que sucede, por exemplo, com Soares, o avançado que o FC Porto foi buscar a Guimarães.
Rafa vai, como disse, precisar, porventura, de tempo para sentir mais leve a camisola encarnada, e que sejam todos pacientes, porque sou levado a admitir que no caso particular de Rafa só na próxima época perceberemos melhor se encontrará ou não o espaço dele na equipa e um cenário suficientemente confortável para dar à equipa o que de melhor pode ter o seu futebol.
(...)
João Bonzinho, in a bola
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