segunda-feira, 22 de maio de 2017

BENFICA FOI UM CAMPEÃO MAIS QUE JUSTO


O veterano treinador Manuel José analisa a conquista do inédito tetracampeonato pelo Benfica com uma sensação de justiça, depois de os encarnados superarem a concorrência de FC Porto e Sporting na Liga NOS.
Em entrevista à Agência Lusa, o experiente técnico lembra que o Benfica "foi quase sempre o primeiro classificado", condição que assumiu desde a quinta jornada, e realça o 'apagão' sofrido pelos leões ao longo da competição e a "falta de estofo" de campeão do FC Porto, ao não aproveitar as oportunidades que teve para ultrapassar o clube da Luz.
"Apesar de o Benfica, neste último terço do campeonato, ter tido uma série de exibições menos conseguidas, aguentou a pressão. Depois, no dia em que podia ser campeão, aí foi mesmo campeão. Com a exibição que fez contra o Vitória de Guimarães, acabou por fazer esquecer os jogos menos conseguidos. O Benfica foi um campeão mais do que justo", frisa.
Perante o feito histórico da conquista de quatro títulos consecutivos, Manuel José admite que o Benfica "é a equipa mais organizada, mais forte e a que melhor trabalhou nos últimos anos", mas alerta que para prosseguir com o atual "ciclo de domínio" do futebol nacional é necessário "muito cuidado" e critério nas transferências para o ataque ao possível 'penta'.
"Se deixarem sair os melhores jogadores, vai ser muito difícil arranjar outros com o mesmo nível e que possam manter o estatuto de equipa hegemónica em Portugal. Na próxima época, ninguém se vai lembrar que já ganharam quatro campeonatos, querem é ganhar o quinto. E isso vai depender das decisões inteligentes que o clube irá fazer em relação ao plantel", sublinhou.
No entender do antigo técnico do Benfica, que passou pelo clube nas épocas 1996/97 e 1997/98, Rui Vitória é o maior "obreiro" da caminhada que conduziu ao 36.º título nacional, salientando a inteligência e o equilíbrio do treinador que venceu os dois últimos campeonatos.
"Manteve sempre um discurso sereno, tranquilo, inteligente e uniu o grupo - nunca vimos um jogador do Benfica criar um problema -, o que diz bem da liderança do Rui Vitória. É fundamental que seja uma liderança forte e aceite tranquilamente por todos, na qual se põe a equipa acima de todos os jogadores", refere.
Por outro lado, a somar ao brilho dos 'encarnados' juntou-se a palidez dos rivais FC Porto e Sporting, que, para o treinador, de 71 anos, acabaram por falhar por razões distintas na corrida pelo campeonato.
"Esperava, sobretudo, mais do Sporting. Tinha o treinador mais experiente de todos, mas houve muitas contratações falhadas. O Sporting foi a grande deceção", considera Manuel José, apontando aos portistas a "falta de audácia" como pecado capital: "O FC Porto foi sempre uma equipa muito agarrada a aspetos de ordem defensiva e não teve estofo de campeão".
A Liga NOS 2016/17 chegou domingo ao fim, coroando o Benfica como tetracampeão nacional, seguido do FC Porto e do Sporting nos restantes lugares do pódio. As outras vagas europeias foram repartidas por Vitória de Guimarães, Sporting de Braga e Marítimo, enquanto Nacional e Arouca foram despromovidos ao segundo escalão.

Manuel José, a Agência Lusa

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