"Quanto maior a equipa, maior a pressão. Uma verdade a que estamos todos habituados. Na semana em que se perde um jogo já se sabe que tudo vai ser posto em causa. Jogámos com o bloco muito baixo, não pressionámos, estivemos apáticos, quando na semana anterior a perfomance fora muita boa. Esta análise, de adeptos mas também de muitos comentadores, só não tem em conta os factores que são aleatórios no jogo. As equipas tentam controlar tudo o que naturalmente se consegue controlar, mas não podem controlar aspectos como o trabalho de terceiros ou a execução ser feita, na maior parte dos casos, com os membros inferiores. Pormenor tão importante, digo mesmo decisivo, e que a maioria não valoriza.
O discurso é normalmente para reforçar que os jogadores são profissionais e como tal não podem ter essas falhas. Nada mais falso. Todos os agentes vão falhar, sejam treinadores, jogadores ou árbitros. Profissionais ou amadores. O problema não é cometer erros, é responder a essa adversidade sem receio de voltar a errar. Mas é necessário que se estabeleçam critérios uniformes para que não haja desconfiança sobre a natureza do erro. Este é nos dias de hoje uma das maiores questões a resolver - a confiança entre os agentes principais do jogo. Não se pode estar sempre a colocar em dúvida as opções do treinador, a decisão do árbitro ou o erro do jogador. Este clima provoca um ambiente insustentável no jogo. As relações entre os agentes devem ter uma base de confiança que permita aceitar o erro como natural e não, como aconteceu, de que há terceiros a ser beneficiados. O critério, técnico ou disciplinar, tem que ser o mais homogéneo possível.
Quando se limita as relações entre os diversos agentes aumenta-se este clima de desconfiança. Devíamos provocar encontros entre todos para discutir, sem corporativismos excessivos. Ninguém tem a razão absoluta e todos são necessários para a qualidade do jogo."
José Couceiro, in A Bola
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