O Benfica continua a melhorar na Liga, subindo de rendimento e mantendo-se como forte candidato ao título – afinal, o Sporting tem apenas mais um ponto. E isso acontece porque, para consumo interno, as saídas não compensadas de jogadores nucleares são disfarçadas pelos múltiplos recursos que sobraram e pela ‘engenharia futebolística’ de Rui Vitória, que tudo aceita com generosidade e tudo resolve com voluntarismo. Mas a Champions é outra coisa e aí o desinvestimento não pode ser maquilhado: quatro jogos, quatro derrotas, um só golo marcado e até a Liga Europa está em risco. A moral da história é velha: não há milagres.
Recordo-me bem do que se escreveu e disse sobre Felipe, após as suas primeiras semanas no FC Porto. Da capacidade técnica modesta ao ataque à bola a destempo, passando pelo mau posicionamento em campo, sobraram críticas. Mas o tempo confirmou a qualidade do central brasileiro, este ano até com valor acrescentado: os árbitros ficam sem sopro nos apitos quando ele faz faltas na grande área. No sábado, no Dragão, cometeu duas para penálti, que o juiz não assinalou e que se tentou mesmo garantir que não tivessem existido. Mas honra para Jorge Faustino, que no Record de ontem não se encolheu e foi bem claro. E a verdade é que, a ter sido cumprida a lei, o Belenenses desfrutaria, cedo no desafio, de duas oportunidades para alterar o marcador a seu favor. E uma certeza: como das faltas resultariam dois cartões amarelos, o excelente Felipe teria sido expulso aos 24 minutos e eventualmente a sorte da partida seria outra. Ou não, concedo, que o FC Porto está a jogar horrores.
Parece incrível como ainda há pouco tempo Real Madrid e Barcelona dominavam o futebol europeu e como rapidamente perderam esse estatuto. Com o Manchester United a tardar em alcançar o nível que sempre se espera das equipas de José Mourinho, os grandes monstros da atualidade são o Manchester City, de Pep Guardiola, e o PSG, de Unai Emery, que somam goleadas umas atrás das outras. No caso dos ingleses, só algo de outro mundo os impedirá de ser campeões. Já no que respeita aos parisienses, existe o perigo do excesso de vedetas e de alguma falta de neurónios. Mas a fase final da Champions promete, talvez com a Juventus a fechar o sexteto galático.
No último parágrafo, o quarto tema de hoje: Lito Vidigal. Em boa hora regressado ao futebol português, o treinador apanhou logo pela frente Benfica e V. Guimarães, e perdeu. Sabiam os seus admiradores, e entre eles me incluo, que era uma questão de dias para que recuperasse fora o que perdera em casa. E assim aconteceu, o Aves foi ganhar a Setúbal e pode finalmente respirar. Lito é um exemplo daqueles treinadores que deixam marca por onde passam, sendo que por vezes são incompreendidos por gente burra, que percebe tanto de futebol como de viagens ao espaço.
Alexandre Pais, in Record
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