Nas sociedades, rigidamente planificadas pela Comunicação Social, perdeu-se o tempo para pensar, para refletir. Imitamos em demasia a operosidade acéfala da formiga de uma fábula que todos conhecem: vivemos massificados por uma cultura de… massas! Vivemos indiferenciados e uniformizados! No Natal, por exemplo, deixou de celebrar-se o nascimento de Jesus, para aplaudir-se o Pai Natal, um simpático velhinho, de mentalidade otimista e que privilegia a solidariedade no que ela tem de mais exterior e mais superficial. Entre o Pai Natal e Jesus-Filho-de-Deus, escolho este e faço do Pai Natal um fascinante luxo citadino - nada mais! Por isso, nos meus poemas, que bem poucos conhecem, é das palavras de Jesus que eu parto, para sonhar.
O Homem é um ser que comunica Como um rasto de fumo a águas preso O Homem mal se dá por ele mas fica Cristal dos dias rosto nú aceso Na alma carne e ossos da paisagem No fogo-de-artifício da distância No presépio de sonhos da ramagem Da árvore que o for na circunstância E tudo porque o homem de passagem Só como “via ad alium” tem sentido Só como ser-para-os-outros vê a imagem Da promessa que foi ao ter nascido E tudo porque o Homem céu ou lodo Barro articulado ou revolvido Ao conhecer-se irmão sabe-se todo Num destino perfeito e resolvido
Como seres conscientes que somos, vivemos para dar sentido aos outros e à própria existência. É possível, por isso, viver os erros como grandes experiências, como inescurecíveis lições, sempre que sabemos o sentido da vida. Ora, o sentido da vida é a transcendência, rumo a um mundo mais fraterno, mais justo, mais humano, mais de acordo com o que Jesus de Nazaré nos anunciou e propôs. A lógica das nossas sociedades é a lógica do crescimento pelo crescimento e, daí, a alta competição cega e selvagem, entre os homens, entre as nações e até entre os clubes de futebol, ocasionando assim a desintegração do tecido social. Não é de estranhar, portanto, que a sociedade atual, a sociedade que promove a alta competição, seja uma sociedade onde reina o crime, em todas as suas formas. Há uma lógica de violência coletiva, interiorizada (por exemplo) por alguns dirigentes do futebol português, que os impulsiona a um permanente estado de guerra e a uma incapacidade à autocrítica necessária aos nossos próprios defeitos. Se a alta competição é a lei primeira da infraestrutura económica, (assim pensam eles) porque não pode ser ela a lei primeira do desporto e até da nossa vida pessoal? É sob o signo de uma luta permanente contra os adversários, que eles consideram inimigos autênticos, que esta gente está na vida, está no desporto. Tudo se passa como se o futebol se tivesse convertido numa máquina de produção de ódio e de violência. Não escondo o “projeto-esperança” que ressalta do comportamento exemplar do Dr. Fernando Gomes, presidente da F.P.F., líder de uma seleção nacional de futebol, vencedora do último Europeu e pessoa que rejeita a mediocridade e o sectarismo, que vai alastrando no futebol das nossas principais equipas. Colocando-se muito acima de querelas clubistas e de individualismos desvairados (nalguns, próximos da egolatria) o Dr. Fernando Gomes devolveu ao futebol português um rosto e um destino… que nos colocam no terceiro lugar do “ranking” da FIFA!
Também na Comunicação Social, nas redes sociais, a linguagem não é um instrumento privilegiado de encontro, entre irmãos, filhos do mesmo Pai (segundo Jesus de Nazaré), mas uma linguagem aberta ao culto narcisista de alguns e ao belicismo de quase todos. E quando a Informação se deixa aprisionar pela violência desabrida manifesta uma radical antipatia por tudo o que é autenticamente humano. Não há jogos, há pessoas que jogam. Teorica e praticamente; cientifica e tecnologicamente – o futebol (o desporto) é um espaço onde a humanidade se deve cultivar e promover e aplaudir. E termino, com mais um poema da minha autoria:
Também na Comunicação Social, nas redes sociais, a linguagem não é um instrumento privilegiado de encontro, entre irmãos, filhos do mesmo Pai (segundo Jesus de Nazaré), mas uma linguagem aberta ao culto narcisista de alguns e ao belicismo de quase todos. E quando a Informação se deixa aprisionar pela violência desabrida manifesta uma radical antipatia por tudo o que é autenticamente humano. Não há jogos, há pessoas que jogam. Teorica e praticamente; cientifica e tecnologicamente – o futebol (o desporto) é um espaço onde a humanidade se deve cultivar e promover e aplaudir. E termino, com mais um poema da minha autoria:
Os Reis Magos tiveram um estrela Que os conduziu tranquilos a Belém Sem ela Há quem rasgue a noite e chegue também
Sem coroas e púrpuras de rei E sem montadas Ajaezadas a rigor Trilhando veredas desesperadas Paradas Bebendo lágrimas e suor
Sem a estrela dos Reis Magos Há quem rasgue a noite e chegue também Basta-nos isto Saber que em cada Belém Está sempre a nascer um Cristo
Na alta competição económica, na alta competição desportiva, que a reproduz, é o homem “unidimensionalizado” pelo desejo imparável da ostentação, do poder e do lucro, o que mais se publicita e cultua, sem lugar para a alegria, para a poesia, para a festa. Há necessidade, portanto, de uma reorientação radical das nossas vidas, muitas vezes sem carência de meios, mas com flagrante carência de finalidade. Para que nasça um novo humanismo, para que um novo futebol aconteça. Demais, Jesus nasceu…
Na alta competição económica, na alta competição desportiva, que a reproduz, é o homem “unidimensionalizado” pelo desejo imparável da ostentação, do poder e do lucro, o que mais se publicita e cultua, sem lugar para a alegria, para a poesia, para a festa. Há necessidade, portanto, de uma reorientação radical das nossas vidas, muitas vezes sem carência de meios, mas com flagrante carência de finalidade. Para que nasça um novo humanismo, para que um novo futebol aconteça. Demais, Jesus nasceu…
Manuel Sérgio, in a Bola
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