domingo, 17 de junho de 2018

SERENIDADE, FERVOR E UNIÃO


"Muitos paladinos de desgraça alheia e alguns assustadiços benfiquistas temiam a realização da Assembleia Geral do Sport Lisboa e Benfica da passada segunda-feira. Recordavam o alvoroço da anterior sessão de Setembro, realizada ao auge do mais violento o mais caviloso, inesperado e insane ataque sistemático que alguma vez fora tão cuidadosamente organizado, tão carregado de infâmia e de banditismo impune, contra uma qualquer instituição em Portugal. Infelizmente, mercê das circunstâncias, essa triste reunião degenerara em evidentes episódios de descontrolo das partes em presença. Mas, pior do que tudo, a estúpida divulgação de algumas dessas pesarosas imagens através da web, intensamente replicadas, viria servir de pasto e escorreria como baba fétida pelos alarves queixais dos mais conhecidos abutres que se usam refastelar nas habituais 'comesainas' comunicacionais das televisões de banda estreita.
As bestas julgavam que era sempre assim. Mas nunca fora. Mesmo quando passámos por outros momentos difíceis da nossa história centenária e gloriosa. Nem há de voltar a ser. Nunca mais.
A verdadeira tradição, a profunda cultura do Benfica, escorada em sólidas fundações assentes nos valores da liberdade, da democracia e da convivialidade e união em torno dos amados símbolos do Clube, sempre pôde acolher ideias contrárias, sabendo envolver a diversidade e sempre tendo sido capaz de resolver antagonismos.
Foi por isso mesmo que o Benfica nasceu; foi dessa forma que o Benfica cresceu; é é precisamente deste modo que o Benfica continua a alimentar o seu crescimento imparável. São estes factores fundacionais que nos diferenciam, de modo absoluto das práticas e dos baixos usos de outras associações nas quais se permitem, se cultuam e se divinizam os meros intérpretes circunstanciais que, mais ou menos transitoriamente, se façam eleger, reeleger ou revalidar nos galandrins dos seus pequenos poderes (invariavelmente tornados irrestritos), mediante sucessivas paródias eleitorais, empacotadas sem qualquer pudor diante dos basbaques.
No Benfica, a reunião da Assembleia Geral constitui o momento mais nobre e mais elevado da vida quotidiana do Clube, no qual, regularmente, os eleitos prestam contas perante os eleitores e em que os sócios não só exprimem livremente todos os seus cuidados de entrega e de dedicação ao Sport Lisboa e Benfica, como conjecturam e julgam sobre os actos daqueles que elegeram.
Ora, depois dos infelizes incidentes de Setembro, esta reunião de 11 de Junho voltou ao registo tradicional das nossas Assembleias Gerais, em que soubemos conjugar serenidade de análise com fervorosa exaltação clubística. Em muitos momentos da magna reunião, senti, confesso, o frémito do orgulho por ser benfiquista e estou convencido de que o mesmo terá sucedido e muitos dos mais de mil sócios que ali estavam. Mas, desta reunião e destes registos, não irão perorar as bestas nos seus currais mediáticos...
Como sempre aconteceu, muitas e muito interessantes sugestões foram lançadas com repto ou contributo de Sócios intervenientes aos Órgãos Sociais do Sport Lisboa e Benfica. E, nesta ocasião em que, mais do que nunca, devemos apurar todos os nossos sentidos de união e salvaguarda do Glorioso, estou absolutamente seguro de que a Direcção e a Mesa da Assembleia Geral não perderão o ensejo para instituir e aplicar expeditamente as boas ideias que ali pudemos acolher, conjuntamente com o laborioso Plano de Actividades apresentado pela Direcção que o Orçamento igualmente aprovado sustenta."

José Nuno Martins, in O Benfica

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