quarta-feira, 28 de novembro de 2018

REVOLUCIONÁRIOS



"Sempre se correu muito nesta nossa terra, nem sempre bem. Muito mais se foi correndo aqui na vizinhança, normalmente muito e bem.

Corria o ano de 2005.
Corria essa data e Portugal mastigava ainda a ressaca da derrota na final do Euro caseiro.
Sempre correu muita bola nesta terra.
Corria também, nessa data e sem ressacas, um menino chamado Miguel, corria aqui ao lado na vizinha Espanha.
Sempre se correu muito nesta nossa terra, nem sempre bem.
Muito mais se foi correndo aqui na vizinhança, normalmente muito e bem.
Miguel, o menino de dez anos, chegado dali do lado, no ponto de vista de um espanhol, chegou, viu, acelerou e venceu.
Eram cento e noventa e dois meninos, vindos de catorze países.
Foi obra.
Foi obra da boa.
Por aqui, onde sempre se correu muito e nem sempre bem, a vitória épica desse menino nosso pouco chegou para além da família e chegados.
Por cá é bola, sempre foi, jogada, discutida, acalorada, farta e desencantada. 
É bola, bola e mais bola.
Miguel Oliveira chega ao MotoGP, coisa longínqua que apenas acontecia aos outros, um mundo onde cabem os melhores vinte e dois de um bilião de aficionados pelas motas.
Revolucionário, o menino de dez anos do antigamente.
Por cá, timidamente, os holofotes e os microfones alinham-se, arqueando os sobrolhos à novidade. 
Num mundo paralelo, numa destas modernices dos dias de hoje, as redes sociais, um outro Miguel, este de apelido Costa, semeia a louca ideia de Portugal inteiro acompanhar Oliveira nos seus voos de Falcão. 
Que se veja o fenómeno voador em cada canto de cada lugar, cidade, vila e aldeia deste País.
Não dás nas vistas nas pistas mas, diz-nos, não desistas.
Cria um Forum, administra debates, promove ideias, abre espaços.
Arregimenta gente.
Miguel Oliveira MotoGP, Forum Português.
Procurai no Facebook.
Procurai, encontrai, juntai-vos à causa.
E podereis dizer, conheci outro.
Outro revolucionário.
E nós?
Aprenderemos a correr?"

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