quinta-feira, 25 de abril de 2019
DE FRANKFURT À LUZ
O sonho de um Benfica europeu caiu por terra uma vez mais. Desta feita, aos pés de um Eintracht que foi um justo vencedor, mas que estava perfeitamente ao alcance do Glorioso. Se o desfecho surpreende, não é, aliás, tanto por aquilo que se passou nos 180 minutos que durou o confronto, é por alguma sensação de alívio que pareceu resultar da eliminação. De forma implícita, fica sugerido que, fora da Europa, a equipa ficaria mais liberta e os microciclos de treino tornar-se-iam mais fáceis de gerir. A abordagem estratégica ao jogo na Alemanha e a forma rígida como a equipa ficou presa ao plano de jogo - que claramente não estava a funcionar - foram os primeiros sinais negativos do breve, intenso e muito positivo consulado de Bruno Lage como técnico do Benfica. Mas, acima de tudo, revelam que o plantel não está dimensionado para os confontos europeus. Lage pode responder, com inteira justiça, que não foi, nem responsável pelo planeamento da temporada, nem pela política de contratações e que, mesmo assim, foi capaz de colocar a equipa na rota de um título em que já ninguém acreditava. Quanto à direção, é mais difícil compatibilizar as promessas recorrentes de grandeza europeia com a realidade concreta do plantel. É mais um exemplo em que o realismo discursivo teria sido mais avisado. nessa perspectiva, o primeiro jogo após a saída da Europa era um teste exigente. Mas tornou-se num teste que a equipa soube tornar fácil, ultrapassando-o com distinção e louvor. Após uma primeira parte de grande passividade e marcada a ritmo de pós - Europa, o Benfica percebeu que a única forma de gerir um jogo e um resultado é aumentando a intensidade e procurando marcar mais golos. Agora, o Benfica tem 360 minutos para provar que é capaz de manter o ataque continuado e o ritmo elevado que trouxe a equipa de volta à liderança - e que tornou possível ultrapassar obstáculos que muitos anunciavam instransponíveis, de Alvalade ao Dragão passando por Guimarães. E, mais importante, que os princípios de jogo que Lage implementou estão consolidados. Contudo, com menos jogos e um leque de jogadores, agora, de novo mais alargado (Jardel e Fejsa, assim como Cervi e Salvio estão de regresso e a recuperar o ritmo), a questão primordial continua a ser encontrar alguém que ofereça ao jogo do Benfica o que Gabriel oferecia. Com Florentino e Samaris, a consistência defensiva não sai afetada, mas fica a faltar a circulação de bola que o brasileiro dava à equipa. Mesmo que em apenas 15 minutos e protegido por um resultado confortável, ontem voltamos a ter indícios de que Taarabt é o jogador com mais semelhanças com o brasileiro. Numa temporada cheia de surpresas, se o marroquino acabar por ser determinante, tornar-se-á difícil qualificar aquilo que Lage alcançou.
Pedro Adão e Silva
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