"A epidemia transformou as nossas vidas, e ainda há muita gente que não entendeu isso. Não vale a pena estarmos a desejar que tudo volte ao normal, como era antes da covid-19. Não vai acontecer. Ninguém sabe o que fazer, porque ninguém viveu isto antes, é simples. Todos nos estamos a adaptar, seja no nosso trabalho, na nossa vida familiar ou naquilo que somos enquanto indivíduos. E é bom que o mundo do futebol entenda isso. Esta paragem em que todas as competições deveria servir para repensar o modelo do futebol português. Já que estamos perante circunstâncias tão especiais, o acertado é aproveitá-las da melhor forma. Queremos mesmo ter jogos de uma divisão principal com menos de 500 pessoas a assistir? É porque temos de ser claros: uma boa fatia dos clubes que disputam os campeonatos profissionais de futebol não vai conseguir recuperar da catástrofe humana e financeira já vai ser um berbicacho... Reduzam o número de participantes, façam mais voltas, tentem novamente as liguilhas, criem espectáculo, modernizem-se.
Arbitragem: não seria agora uma boa oportunidade para perceber o que tanto tem falhado com as tecnologias? Melhorem-nas, reduzam o erro humano, reinventem-se. E, se os árbitros que lá estão não dão garantias, sigam os vossos regulamentos e aceitem a presença de árbitros estrangeiros. Alguns árbitros portugueses sabem bem o que é apitar jogos de um campeonato de outro país. Aí já não há problema, certo? E nós, adeptos, que podemos fazer? Será que não conseguimos aprender nada com esta epidemia? Já todos percebemos como o ar está mais puro.
Não são só os níveis de poluição que estão a baixar globalmente, é também o ruído da guerrilha desportiva. Façamos aquilo que já há algum tempo muitos de nós fazermos nesta família clubística: concentremo-nos mais - e apenas - em nós. Porque, para ultrapassar o que aí vem,só se, de todos, fomos um."
Ricardo Santos, in O Benfica
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