"As lágrimas de Fejsa não tinham o fingimento dos cifrões. Tinham o sentimento dos campeões
Rúben Dias fez a saída perfeita. Saiu capitão, saiu a marcar, saiu a vencer, saiu para um clube de topo, deixou os cofres do Benfica recheados e a equipa com substituto. Rúben Dias foi vendido por números irrecusáveis em tempos de números baixos, números que só o seu talento e a capacidade de quem protagonizou a venda fariam possíveis. Rúben soube crescer, soube estar e soube sair. Espero que tenha sorte no modelo defensivo arriscado de Guardiola. Rúben será sempre um dos nossos.
Rúben Dias não foi o único a sair, a saída de Fejsa foi, para mim, arrepiante. Não nasceu aqui, não vem da formação, mas sentiu na alma como poucos aquilo que é o Benfica. Jogou sete anos no Benfica e foi cinco vezes campeão, saiu em lágrimas e deixou-nos o coração em sangue. Fejsa é eternamente um dos nossos, daqueles que quando nos visitam se sentam na cadeira que quiseram e levantam o estádio no agradecimento permanente. Fejsa ficará a torcer pelo Benfica, como todos os benfiquistas ficarão a torcer por ele, porque aquelas lágrimas não tinham o fingimento dos cifrões, tinham o sentimento dos campeões. Pode percorrer o mundo todo que, aqui, terá sempre seis milhões com ele. Obrigado, Ljubomir Fejsa, tu sabes que só nós nos sentimos assim! Fejsa foi embora de uma forma que jamais daqui sairá.
O Benfica não é um clube, não é um negócio, não é um lugar, o Benfica é um sentimento só disponível para quem tiver a graça de por ele ser tocado. Mas, sem demagogias, temos que ter equilíbrio e robustez financeira para dele se cuidar com a melhor capacidade.
Boa vitória sobre o Moreirense, mais uma vez por números escassos para tanto jogo. É muito melhor ganhar 2-0 e saber a puco do que ganhar 1-0 e saber a muito. Estamos a jogar mais e iremos jogar ainda melhor. Lembro que, nas duas primeiras jornadas, o Benfica já fez mais quatro pontos que nos mesmos jogos da última época, contra estes adversários. Nesta fase em que só temos saudades do futuro, percebemos o caminho de Jorge Jesus. O caminho chama-se Farense e, por agora, nada mais interessa.
Faltam cinco dias de mercado, onde uns procuram reforços, outros fazem ajustes de plantel e alguns procuram forma de pagar as contas. Tudo objectivos legítimos e merecedores de atenção."
Sílvio Cervan, in A Bola
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