"Ser ponta-de-lança não é tarefa fácil. Sê-lo no Benfica, mais difícil se torna.
Ao longo dos anos, muitos foram os exemplos de grandes avançados que, pese embora o elevado rendimento, jamais garantiram a unanimidade do 'Terceiro Anel'. Nené foi talvez o caso mais paradigmático, pois, mesmo anotando o impressionante número de 363 golos (melhor, apenas Eusébio e José Águas), ainda era acusado de... não sujar os calções.
Mais recentemente a propósito de Óscar Cardozo (outra lenda a quem o tempo vai fazendo justiça), alguém afirmou um dia que não se tratava de um grande jogador pois 'só sabia marcar golos'. Não é anedota: havia mesmo quem, sabe Deus porquê, não gostasse do paraguaio, apesar dos seus 172 golos (9.º em toda a história do Clube).
Há até relatos de quer o próprio José Águas quer José Torres terem também eles sido, aqui ou ali, vitimas da fogueira da Luz.
Não irei comparar Haris Sefeorvic com nenhum dos senhores acima referidos. Não seria justo, desde logo para o suíço. Porém, as críticas a que por vezes é sujeito entram igualmente no domínio da mais pura crueldade.
Seferovic não tem a frieza de Mitroglou na cara do guarda-redes. Não tem a regularidade de um Lima. Também não tem o talento de um Jonas. Mas tem outras características que fazem dele um excelente avançado. E quando está fisicamente bem, não me parece que exista muito melhor no campeonato português. Já leva 61 golos de águia ao peito, registo superior a nomes como Filipovic, Saviola, César Brito, Vata, Mantorras, Jiménez, Yuran ou Miccoli - todos eles soando bastante bem aos ouvidos de qualquer benfiquista."
Luís Fialho, in O Benfica
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