"28 de Maio de 2017.
O Benfica acaba de vencer o Vitória de Guimarães por 2-1 no Estádio Nacional e conquista a sua 26ª Taça de Portugal e assegura mais uma histórica dobradinha no futebol português. Fechava assim com chave de ouro uma época onde tinha almejado a conquista de um inédito Tetracampeonato na sua História. Tinha também vencido a Supertaça. Foi Campeão Nacional de Basquetebol. E de Vólei. Vencido a Taça Continental no Hóquei em Patins. Tinha estabilidade na direção. Estabilidade no treinador. Tinha um plantel de luxo com elementos como Ederson, Lindelöf, Nélson Semedo, Pizzi, Jonas ou Mitroglou. Por sua vez, os rivais estavam em dificuldade. O FC Porto já ia em 4 anos sem conquistas (a última tinha sido a Supertaça em 2013) e vivia ameaçado pelo fair-play financeiro, sem folga para comprar jogadores. O Sporting mais parecia uma montanha russa com o turbilhão de emoções que Bruno de Carvalho provocava e a liderança de Jorge Jesus, depois de uma forte 1ª temporada, já acusava desgaste ao final da 2ª época de leão ao peito. O Braga continuava a ser apenas uma ameaça de sombra à força dos 3 grandes do futebol Português.
Era um momento único e especial para o Benfica atacar um incrível Pentacampeonato. Multiplicavam-se pelas televisões e jornais, artigos e discursos sobre a ameaça de uma hegemonia gigantesca do Benfica. Sobre a falta de competitividade que se adivinhava no futebol português dos próximos anos...
E o que fez Luís Filipe Vieira? Por motivos ainda hoje difíceis de entender fez uma razia no plantel (tal como tinha feito no final de 13/14, mas aí ainda foi reinvestir em Júlio César, Samaris ou Jonas), vendendo vários titulares como Ederson, Lindelof, Nélson Semedo e Mitroglou e fez o menor investimento que há memória num dos 3 grandes nos últimos largos anos. Gastou apenas cerca de 5 milhões a contratar Krovinovic, trouxe a custo zero Seferovic e o resto foram empréstimos como Gabriel Barbosa ou Douglas. Como diria Jesus, "peaners...". O resultado deste desinvestimento foi um Benfica a jogar o ano todo com Varela na baliza, que não conquistou um único ponto na Liga dos Campeões e que acabou por dar uma injeção de vida a um FC Porto que parecia a caminho de um buraco.
O "efeito borboleta" desta travagem a fundo é que, título "milagroso" de 2019 à parte, ficou desnecessariamente o Benfica a navegar na maionese mais 4 ou 5 anos até Rui Costa voltar a pôr ordem na casa e foco na vertente desportiva. O Benfica é novamente Campeão, tem novamente estabilidade diretiva, estabilidade no treinador e um plantel de luxo. Chegou novamente à posição de estar por cima desportivamente e por cima financeiramente. E não pode haver travões desta vez: é altura de carregar a fundo e cavar a diferença. Da mesma maneira que Vieira (aqui sim) teve a visão em 2006 de plantar sementes no centro de estágio do Seixal para dez anos à frente colher os frutos desse meritório trabalho, também agora Rui Costa deve (e tem estado a) compreender que uma aposta desportiva muito forte agora, trará muitos e bons dividendos na próxima década.
É muito positivo ver um Benfica que não espera nem pelo fecho do mercado, nem por vendas do seu plantel, para se mexer. Um Benfica campeão que já foi gastar mais de 25 milhões para ter o desejado suplente para Enzo e que aparentemente vai fazer regressar a casa Di Maria. Dificilmente com Vieira o Benfica faria uma contratação destas, que tem apenas foco desportivo e zero financeiro.
Esperemos que Rui Costa não se desvie nem um milímetro deste caminho, até porque já se sabe que para o ano apenas o campeão vai de forma direta à Champions. E portanto o fosso (desportivo e financeiro) ficará cada vez maior entre quem assume neste momento a liderança do futebol português e quem fica para trás. É caso para dizer mais do que nunca: Carrega Benfica!
Duas notas finais:
- Excelente temporada 22/23 do clube encarnado a todos os níveis: Campeão de futebol e entre as oito melhores equipas da Europa na Liga dos Campeões; Tetracampeão no Vólei, Tricampeão no futebol feminino, Bicampeão no Basquetebol, Campeão no Hóquei em Patins, a que se somaram vários outros títulos para o Museu Cosme Damião.
- O Benfica esgota os Red Pass todos (cerca de 50.000) e até transborda. Já são mais de 13.000 sócios em lista de espera por um lugar anual, numa prova de vitalidade e popularidade de um clube que é um fenómeno. Recorde-se que não há em toda a Europa um clube que tenha uma percentagem tão grande da população nacional que seja simpatizante das suas cores. Não voltando a cair o Benfica em incompetências e marasmos desportivos e a tendência será a de um Estádio da Luz cheio em praticamente todos os jogos e mais ano, menos ano, um debate irá surgir: O Benfica começar a ponderar o aumento da lotação do seu estádio. Não é no curto prazo, mas arrisco-me a dizer que isso será uma realidade nos próximos 20 anos."
Sem comentários:
Enviar um comentário