"António Melo considera que Rui Costa esteve muito bem ao defender o treinador; ator acredita que o Benfica vai ser campeão
O Benfica tem vivido dias difíceis. A eliminação precoce na Liga dos Campeões e a liderança perdida no campeonato culminaram com uma audível e visível contestação a Roger Schmidt, no jogo contra o Farense, no momento em que o técnico realizou duas substituições quando se encontrava em desvantagem no encontro. Rui Costa saiu em defesa do treinador alemão um dia depois, para acalmar os ânimos entre a massa associativa encarnada.
A BOLA esteve à conversa com várias personalidades, que falaram sobre o momento conturbado que a águia atravessa.
— Como avalia a intervenção de Rui Costa ao defender Roger Schmidt?
— Excelente. Era o que se pedia de um presidente, não há motivos para não defender o treinador.
— Depois da contestação no jogo com o Farense e as declarações de Rui Costa, é possível reparar a relação entre os adeptos do Benfica e Roger Schmidt?
— Olhe, vou dizer-lhe uma coisa que pode ser polémica, mas, eu acho que nos últimos anos houve um genocídio do que é o espírito do Benfica. Como as pessoas conhecem pouco do que é a história do Benfica, não têm bem noção. A contestação é feita de uma outra maneira, e não desta forma que foi feita. Não se contesta para mandar abaixo, contesta-se para melhorar. Ainda por cima escolheram o pior jogo da época para fazer esta contestação, porque o Benfica fez uma exibição fantástica. Futebol é assim, uma equipa pode atacar 90 minutos, e num contra-ataque sofre um golo, que foi o que aconteceu. Foi um momento pouco propício à contestação e à forma como ela foi feita.
Agora há um movimento muito grande a pedir o Abel Ferreira. Acho-o um treinador extraordinário, mas não sou dos que defendem a vinda do Abel em detrimento da permanência do Roger. O Abel ainda agora deu uma entrevista ao canal do Palmeiras em que diz que o grande mérito que o Palmeiras teve foi que, nos momentos em que mais sofreu, em que estava desacreditado com quatro derrotas seguidas, e vinha da eliminação da Libertadores, só conseguiram dar a volta e ganhar o campeonato porque foram resilientes e não desistiram. Muitos queriam a substituição do Abel, mas o treinador manteve-se. Aconselho os benfiquistas a verem essa entrevista e perceber que, neste momento, é preciso juntar, unir e seguir em frente. Um treinador que apresentou o futebol do ano passado não pode ser incompetente. Benfica, mesmo nos grandes anos de glória, nos anos 60 do Eusébio e do Coluna, não ganhou sempre. Eu sou daqueles que acreditam piamente que o Benfica vai ser campeão, se se mantiver a equipa técnica e a vontade de unir e não separar.
— Que motivos têm os benfiquistas para acreditar que a equipa vai melhorar?
— Os motivos de terem um técnico que o ano passado jogou um futebol fantástico, e que este ano também já jogou a espaços. Os processos valem mais e levam ao êxito, e não se pode abandonar o processo só por haver contrariedades. Benfica tem um bom plantel, tem tido problemas, é óbvio que precisa de reforços em janeiro no sentido em que os jogadores que reforçaram têm demorado a adaptar-se, o clube precisa de ser mais assertivo. Precisa de outro lateral direito, um lateral esquerdo que pegue de estaca, libertar o Aursnes para jogar mais à frente e, no meu ponto de vista, precisa de um marcador que não falhe. Um matador de créditos firmados.
Eu acho que os motivos são termos um bom plantel, bom treinador, e não é por ter tido dificuldades na Liga dos Campeões que se deve abdicar dele. Dificuldades podem acontecer a qualquer clube, o Barcelona não se apurava para os oitavos há três anos e não é por isso que deixa de ser uma grande equipa, e os técnicos que lá estavam não deixam de ser grandes técnicos. Está tudo em aberto no campeonato, na Taça de Portugal, Taça da Liga e pode ser que terça-feira continuemos na Europa. O FC Porto, que se gaba tanto de ter uma equipa de Champions, não há muito tempo foi eliminado, com este treinador, pelo Krasnodar.
— Faz sentido mudar de treinador e, se for esse o caso, quem gostaria de ver no Benfica?
— Não. Fui contra a saída do Lage e do Rui Vitória, acho que não é por aí. Saídas tem de ser no final das épocas. Substituir o treinador no meio da época, no mundo inteiro, a taxa de sucesso é de 10 por cento. Olhe o que aconteceu no Botafogo... No final das contas, no final da época é que se fazem as contas, faz-se o balanço, e decide-se se este treinador em termos de projeto está esgotado e parte-se para outro, ou se é para continuar. Sou contra despedimentos a meio da época, a não ser que houvesse uma coisa gravíssima, que não é o caso. Podemos criticar esta opção ou aquela, mas daí a pensar em mudar e substituições, sou contra."
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