Benfica sofrível, novamente com jogo empastado, perante um ‘autocarro’. A angústia dos marcadores nos momentos dos penáltis
O Benfica, na Luz, pôs-se a jeito para sofrer, frente ao lanterna-vermelha Desportivo de Chaves, um dissabor do calibre dos que sofreu contra o Casa Pia e o Farense, que lhe custaram quatro pontos. Chegar ao último minuto com uma vantagem tangencial é patinar em gelo demasiado fino que, por vezes, se quebra. O derradeiro lance da partida com os flavienses, que não teria recuperação possível, aconteceu com um livre lateral favorável aos forasteiros, que fizeram subir a sua força aérea em peso, à procura do empate. Dessa situação nada resultou, mas a verdade é que o Benfica não foi capaz de se blindar, com golos que o protegessem dos insondáveis sortilégios do futebol.
Os penáltis
Por três vezes o Benfica teve oportunidade de se colocar em vantagem (26, 63 e 66 minutos) da marca dos onze metros, e em todas Hugo Souza foi melhor que Di María e Arthur Cabral, este a dobrar. Não fora a péssima execução do argentino, ainda cedo no jogo, e a história da partida podia ter sido outra, com os flavienses a destaparem-se ainda na primeira meia-hora, permitindo mais espaços ao Benfica. Mas como em futebol não há ses, Roger Schmidt foi confrontado, sem surpresa, creio, com dificuldades que são velhas conhecidas na presente temporada, e que radicam no facto de o Benfica pretender ultrapassar muralhas defensivas reforçadas (o Chaves apresentou-se em 4x1x4x1, com linhas muito juntas e bloco baixíssimo, preocupado, acima de tudo, em manter o nulo no placard) com escassa presença na área, com um futebol rendilhado que teve poucos efeitos práticos, e ainda com a agravante de Moreno ter encontrado forma de secar Rafa, que passou ao lado do jogo, retirando-lhe espaços.
A baliza grande
Valeu aos encarnados terem mantido, através de Florentino e João Neves, a equipa bem equilibrada sempre que os flavienses ensaiaram tímidas transições atacantes, e Tomás Araújo ter estado à altura, no que respeita à profundidade dada à defesa, da responsabilidade de substituir António Silva. No mais, foi mais do mesmo, sem oportunidades escandalosas de golo para o Benfica (até as grandes penalidades nasceram de lances inofensivos), e com a equipa a penar, num jogo quase sempre de sentido único, para encontrar uma chave que abrisse o ferrolho transmontano.
Valeu aos encarnados terem atacado, na segunda parte, para aquela que os jogadores há muitas décadas batizaram de baliza grande (a que fica a sul), mas, sobretudo, valeu a execução de fino recorte técnico de João Neves, a pentear um livre lateral tenso batido por Di María. Metaforicamente, o mais baixo dos jogadores encarnados foi o único que teve cabeça para ganhar um jogo que estava muito complicado. Perante a vantagem encarnada, o técnico flaviense, sem mudanças posicionais, começou por refrescar o meio-campo com Pedro Pinho, Sanca e Hélder Morim, respondendo Schmidt apenas com a troca de ponta-de-lança. Mais tarde (82), Moreno jogou as fichas que lhe restavam, desta feita passando o 4x1x4x1 a 4x4x2, dando companhia, na frente de ataque, através do possante Jô Batista, a Héctor Fernández. O treinador do Benfica apostou em João Mário e Kokçu para dar mais solidez ao meio-campo e, até ao final da partida, o ritmo cardíaco dos adeptos encarnados manteve-se muito elevado, mais pelo que o Chaves podia fazer do que por aquilo que fez. Foi, no fim de contas, uma vitorinha justa dos donos da casa.
Sem comentários:
Enviar um comentário