Com renovação em cima da mesa, ainda há dúvidas da qualidade que ele traz?
Ángel Di María tem 36 anos e uma grande vontade de continuar a jogar futebol. Quando regressou ao Benfica, no verão passado, foi apresentado como um herói que voltava de outros voos para o ninho - e não era caso para menos. Não é todos os dias que a Liga portuguesa recebe um campeão do mundo, com um golo marcado na final mais louca da história dos Mundiais.
Além disso, para os benfiquistas, voltar a ter Di María, 15 anos depois, era garantia de qualidade, grandeza e... paixão. No futebol moderno, há cada vez menos tempo para os adeptos de Benfica, Sporting e FC Porto criarem uma relação com os seus ídolos, que quando são mesmo bons (como é o caso), costumam sair rapidamente e dificilmente voltam. Aconteceu o mesmo com Pepe, por exemplo, e muitos anseiam que aconteça com Bernardo Silva, mas é difícil que jogadores com um determinado estatuto voltem ao nosso campeonato (e aos nossos salários) sem ser para aproveitar o bom tempo e a boa comida na pré-reforma.
Se houve dúvidas, se alguém pensou mesmo que Di María vinha para cá passear antes de se reformar na Argentina, isso resolveu-se logo na Supertaça, frente ao FC Porto, com papel decisivo do número 11 do Benfica. Passaram-se vários meses e não foram só os golos, as assistências e os muitos minutos jogados: Di María é diferente a cada toque na bola e, tirando da equação a frustração benfiquista com a época ou a cegueira clubística de um rival, é um dos melhores jogadores desta Liga.
Agora, quase a terminar uma das épocas em que foi mais utilizado, e já com 36 anos, Di María está mais longe de voltar ao seu país e mais perto de renovar com as águias, conforme A BOLA tem noticiado. E é curioso que esta possibilidade não cause o entusiasmo que teria causado se a história fosse outra. É que, num Benfica que não ganha títulos, Di María é aquele que não defende, aquele que o treinador nunca tira nem quando está de rastos e aquele que pode ser expulso (porque é daqueles que, com a idade, ficou mais rezingão, com mais vontade de jogar com o árbitro, que vê inimigos-fantasma em todo o lado...).
Os adeptos queixam-se? Faz parte. Roger Schmidt defende-o sempre? Normal. Di María ainda tem dúvidas sobre a próxima época? Provavelmente. Mas o Benfica tem de pôr isso de parte e pensar que esforço está disposto a fazer para continuar a ter um dos melhores - que não defende e joga sempre e está mais chatinho -, ou se prefere equilibrar o balneário, os egos e a equipa com outras promessas de futuro.
Se a ligação de Di María ao Benfica ficar por aqui, será já uma bonita história para contar. Se o argentino ficar mais uma época, que os benfiquistas, o treinador e os colegas saibam aproveitar o que este rapaz agora crescido de Rosário ainda tem para dar. Desta vez nem é preciso uma grande apresentação oficial, basta continuarem a dar-lhe a bola.
Catarina Pereira • Editora-executiva, in a Bola
Sem comentários:
Enviar um comentário