domingo, 29 de setembro de 2024

GALO LEVANTOU A CRISTA MAS CAIU NA PANELA DE PRESSÃO DA LUZ



Contra o Santa Clara, na estreia de Bruno Lage ao comando encarnado, nem deu para pensar muito no que estava a acontecer, tão madrugador foi o golo forasteiro no Estádio da Luz. O resultado acabou por ser mais ou menos o mesmo, mas este sábado foi diferente por duas razões: a primeira é que quando o GIl Vicente chegou à vantagem, aos oito minutos, já se tinha percebido que não estava de visita a Lisboa para jogar uma peladinha e fazer umas compras no Colombo; a segunda é que o Benfica viu-se de facto a perder mas ninguém deu realmente por isso. E esta capacidade de encarar a adversidade constituiu, por si só, meio caminho andado para o sucesso.
Bruno Lage repetiu o onze do Bessa, e fez bem. A equipa tem dinâmicas em crescendo, os espaços vão sendo preenchidos a preceito e a ideia de jogo parece claramente existir. O Benfica começou por cima e aos três minutos já tinha dois cantos conquistados.
Acontece que pela frente tinha uma equipa igualmente decidida e muito bem organizada, com uma proposta de jogo ousada. E é escusado pensarmos já naquele lugar comum de que quem joga aberto no estádio dos grandes arrisca-se a sair goleado.
A goleada que os minhotos acabaram por sofrer está longe de poder cair nesse simplismo e uma coisa é certa: este Gil Vicente esteve bem mais perto de causar surpresa na Luz do que muitas equipas que visitam os terrenos dos candidatos ao título cheias de cautelas e acabam por perder por apenas um ou dois.
A verdade é que aos oito minutos, na primeira incursão séria gilista, o 1-0 chegou para os visitantes. Fujimoto, nessa altura verdadeiro segundo ponta de lança travestido de falso médio, fez uma assistência brilhante e Félix Correia não perdoou. E é neste momento, paradoxalmente, que reside uma das chaves do jogo. Quem apenas ouvisse as bancadas da Luz não teria dado pelo golo gilista. O apoio quente e incessante continuou, nem sequer se ouviu um suspiro coletivo, um bruá de receio. Mas — ainda mais importante para o desenrolar da partida — não se viu um tremelique na equipa do Benfica, uma hesitação em relação ao plano. Do lado minhoto a mesma coisa, tendo-se continuado a ver bons desenhos com a bola nos pés (o jogo terminou 50/50 em termos de posse) e intenção nos movimentos.
Para felicidade encarnada, a bola parada funcionou cedo. Nove minutos depois de o Benfica ter sofrido, Di María bateu um canto e o compatriota Otamendi empatou o jogo, no primeiro de três golos de cabeça da noite. Passados outros sete minutos, foi a vez de Tomás Araújo (pelo meio!) descobrir Aursnes na direita e o norueguês cruzar a preceito para Akturkoglu, esquecido na pequena área do Gil, cabecear para o 2-1 sem levantar os pés do chão.
Tranquilidade para o Benfica? Nem por sombras. O que restou da primeira parte e uma larga fatia da segunda continuaram a trazer o que se tinha visto até então: um Benfica dinâmico, incisivo e com vontade a esbarrar numa belíssima organização gilista e uma continuada intenção de chegar, pelo menos, ao empate.
Aos 68 minutos, Bruno Lage mexeu, e de facto, às vezes, as coisas saem bem. Quem saiu tinha estado bem, quem entrou esteve ainda melhor e, sobretudo, envolvido em jogadas decisivas. Depois de, aos 75 minutos, as bancadas terem claudicado pela primeira vez, incomodadas por uma presença do Gil no meio campo encarnado mais prolongada que a expectativa, um dos suplentes, Rollheiser, serviu outro, Amdouni, e este decidiu o vencedor da noite com um golaço de pé esquerdo de fora da área.
Os restantes dois golos surgiram aos 90' e no tempo de compensação. Com Beste (outro suplente) a bater o canto na sequência do qual Florentino fez o terceiro de cabeça da noite e, depois, Prestianni (entrado aos 90+3'!) a servir Rollheiser para o fecho da goleada, com desgraciosa colaboração do guarda-redes Andrew. Uma vitória justa (ninguém vence 5-1 sem justiça), mas por números enganadores. E aí vão quatro seguidas para Lage...

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