O que se passou na Choupana deve levar Pedro Proença e a Sport TV a meditarem seriamente no futuro. Agendam jogos para horas em que o nevoeiro é constante ameaça. Os clubes e os adeptos que se lixem...
Mesmo alertados para aquilo que se tinha passado com o Benfica em outubro passado no Estádio da Madeira, a Liga e a Sport TV não mudaram a sua postura relativamente aos horários dos jogos dos grandes na Choupana. O aviso para o que se iria confirmar foi dado no último dia do ano passado por Victor Prior, diretor da Delegação Regional da Madeira do IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera). Em vez de encontrar uma solução credível para a possibilidade de o nevoeiro voltar a fazer das suas, o que fez a Liga Portugal a reboque da Sport TV? Manteve tudo na mesma e seja o que D. Sebastião quiser...
O Nacional-FC Porto foi apenas mais mais um episódio degradante do futebol português, cuja imagem que tentam passar é de grande qualidade, com executantes de grande nível (os jogadores), mestres da tática (treinadores), mas dirigentes que deixam muito a desejar e que só pensam nos interesses financeiros, neste caso concreto nos shares televisivos.
Pedro Proença ainda teve o desplante de viajar propositadamente para a Madeira para assistir in loco, ladeado dos presidentes André Villas-Boas e Rui Alves, ao triste espetáculo que se assistia no relvado da Choupana, com o árbitro Tiago Martins a fazer das tripas coração no sentido de prosseguir uma partida que estava condenada a ser interrompida desde o início, tudo pelos superiores interesses de uma transmissão televisiva que não podia ser feita ao final da manhã ou ao início da tarde.
Há aqui uma questão grave que merece ser tratada relativamente aos jogos que se disputam no Estádio da Madeira e, sobretudo, quando lá se deslocam os grandes do futebol português. É inconcebível que numa Liga que tanto se apregoa de profissional permitir que 18 jogos sejam adiados devido ao mau tempo. Há que precaver sempre a possibilidade de mau tempo e reunir condições para que os jogos sejam transferidos para o Estádio dos Barreiros se for caso disso, por muito que custe ao Nacional jogar na casa emprestada do rival Marítimo. O engenheiro que construiu o recinto certamente também não levou em linha de conta as adversas condições atmosféricas que atingem amiúde a cota do estádio e, nesse sentido, há que ter sempre um plano B para situações destas, que, na realidade, mancham pela negativa a imagem do futebol português.
Como querem exportar para mercados internacionais um produto com tamanhas lacunas? Acham que norte-americanos, chineses, japoneses ou australianos compram jogos de um campeonato em que têm de andar de lupa para ver as jogadas ou os golos pela televisão? Pedro Proença sempre passou a imagem de um presidente preocupado com os adeptos, mas esta é a prova inequívoca de que tem errado nessa matéria e em muitas outras. Quem se responsabiliza por custear as despesas do avião dos adeptos que viajaram do continente para assistir a 15 minutos (com duas paragens) de futebol no meio da bruma? E a Sport TV, não fica diminuída enquanto canal pago pelos seus assinantes que se viram impossibilitados de ver a bola rolar, independentemente da zona do relvado? Consideram que este é o caminho certo? E já agora, foi de mestre a ideia de marcarem o que resta do encontro para as 17 horas do dia 15? Seguramente a essa hora não há risco de o nevoeiro pairar sobre a Choupana...
Paulo Pinto, in a Bola
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