"Perante uma equipa que está no topo do continente europeu - ainda que longe de outras épocas do Barça - o Benfica voltou a desperdiçar uma oportunidade na Europa
OS adeptos do Benfica têm certamente motivos para estarem insatisfeitos. Não pela atitude dos jogadores, não pela exibição, pelo árbitro ou pelas mãos de um guarda-redes polaco de nome pronunciável mas difícil de escrever. Não é por isso, é porque na Europa tem havido, ao longo de alguns anos, oportunidades desperdiçadas.
Nesta quarta-feira houve outra.
Podemos sempre falar do mau passe de António Silva ou do azar de um desvio em Otamendi. Podemos falar do que o Benfica fez bem e mal com bola e do que fez mal e bem sem ela, perante uma das equipas que está entre as principals candidatas a vencer a Champions League. Podemos falar de Raphinha, daquele fora de jogo milimétrico a Belotti ou, sei lá, da pirotecnia na Luz. Mas raramente se fala do que não se consegue compreender.
O Benfica entrou bem frente a um Barcelona que, não sendo poderosíssimo como noutras versões - Dream Team e versão Guardiola estarão sempre à cabeça - é um dos candidatos a vencer uma UEFA Champions League em que não há um claro favorito.
Há, evidentemente, o Liverpool pelo que tem feito em Inglaterra, o PSG ficou um bocadinho mais longe do grande sonho, mas se passar em Anfield ninguém pode ficar surpreendido e, claro, haverá sempre o Real Madrid, eterno candidato ao título. O Barça, até pelo que tem feito frente aos merengues na temporada, tem de estar nesta lista mais curta de pretendentes.
O Benfica conseguiu deixar os catalães nervosos, conseguiu um cartão vermelho que pelo menos lhe aumentava a esperança, mas fosse por falta de eficácia ou pelas mãos de Szczęsny (leia como quiser), a verdade é que o clube da Luz desperdiçou outra oportunidade.
Não é de agora, não é de Lage ou desta época, é algo que se tem passado ao longo dos tempos. Por muito que nos tenhamos de debruçar no que se passou no estádio num determinado jogo, há mesmo coisas difíceis de explicar no desporto.
Não acredito que o futebol - estou muito longe desse pensamento, repito - e a vida em geral se decidem por misticismos, crenças, rezas, ou sal junto de uma baliza, ou sequer em maldições. Mas como refletia Tiziano Terzani em «Disse-me um Adivinho» se mais de meio mundo acredita nestas coisas e decide a vida por elas, às tantas, até o mais fanático da ciência (ou da tática) se deve perguntar: sabe-se lá se elas estão mesmo enganadas?
O resumo do PSG-Liverpool, que pode ver aqui em A BOLA, levanta ainda mais a questão..."
Luís Pedro Ferreira, in a Bola
Sem comentários:
Enviar um comentário