sexta-feira, 16 de maio de 2025

QUE CULPA TEM SCHJELDERUP?

 


Estranho o 'timing' das despropositadas declarações do presidente da Mesa da AG da SAD. Mais estranho ainda? A desvalorização sem sentido de um talento em quem tanto se apostou...

A gestão de Andreas Schjelderup no Benfica é um verdadeiro caso de estudo e as recentes palavras de Nuno Magalhães, presidente da Mesa da AG da SAD, nome que muitos benfiquistas nem deviam sequer conhecer até à última segunda-feira, deixou ainda mais claro o que já era óbvio: o jovem norueguês é um alvo fácil para se bater. E até a utilização que Bruno Lage tem feito dele o tem mostrado, pois é pouco compreensível que, ao longo da época, por inúmeras vezes Schjelderup, 20 anos (sim, apenas 20), tenha ficado recorrentemente deixado para trás, em detrimento de Beste — ainda alguém se lembra dele? —, Amdouni e até Bruma acabado de chegar no mercado de inverno.
Quando foi chamado e aposta de forma consistente no onze, Schjelderup deu resposta cabal: a 8 de janeiro, quando Akturkoglu estoirou e justificava ser suplente há algumas semanas, apareceu na equipa titular na meia-final da Taça da Liga frente ao SC Braga (3-0) e foi nota 7 para A BOLA; três dias depois, titular na final com o Sporting, marcador do golo e inexplicavelmente substituído ao intervalo; mais três dias volvidos, titular em Faro e autor do golo que iniciou a reviravolta (de 0-1 para 3-1) num jogo que começava a ficar complicado nos oitavos de final da Taça de Portugal; a 17 de janeiro, titular frente ao Famalicão e mais duas assistências para golo na conta. Por fim, a 21 do mesmo mês, titular e um dos melhores em campo (nota 7 para A BOLA) no épico jogo (4-5) frente ao Barcelona para a Liga dos Campeões.
A partir daí, a utilização voltou a ser intermitente e nunca deixou de se perceber algum desconforto de Bruno Lage quando com ela confrontado, chegando o jogador a ser alvo de repreensão pública — «Schjelderup tem de perceber que não tem de driblar o Mundo ou marcar para o treinador olhar para ele» —, algo que raramente se viu o treinador dos encarnados fazer com outros jogadores. Aos 20 anos, é mais do que natural que Schjelderup não seja um produto acabado, que tenha falhas e momentos de maior e menor fulgor até dentro do próprio jogo!
Perante a grandeza do investimento (€14 milhões) e do talento do extremo, a facilidade com que se aponta o dedo a um jogador que, dentro do que pôde, contribuiu de forma bastante satisfatória para a temporada da equipa, deixa no ar algumas questões e não será de estranhar que isso leve o próprio jogador a pensar noutro rumo para a carreira.
Francisco Vaz de Miranda, in a Bola

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