quarta-feira, 3 de maio de 2017

MUDAR PARA FICAR TUDO NA MESMA...


O futebol português anda a ferro e fogo, perdeu o bom senso, abdicou do equílíbrio e esqueceu os princípios básicos do desporto. Perante este estado de coisas, de pouco valerá discutir alterações pontuais a regras disciplinares. Se não houver medidas de fundo, o progresso possível num país que tem excelentes técnicos e executantes e que podia almejar a outro patamar de visibilidade, será sempre uma miragem e a Liga portuguesa continuará a ver fugir (no ranking e não só) os restantes campeonatos. Por onde passa, então, a solução? Pela aceitação, por parte dos clubes, de vários princípios já testados há muito e em funcionamento nos países onde a indústria do desporto é um caso de sucesso. Estou a falar da segurança, tornando os estádios lugares próprios para as famílias; refiro também a qualidade do espétaculo, só possível se forem instalados mecanismos de aproximação orçamental entre os clubes; e, claro está, respeito por uma arbitragem que melhorará com o vídeo-árbitro (que não resolverá todos os problemas) e que precisa de crescer em transparência para ser credível. Preenchidos estes requisitos, poder-se-á então debater a questão da medida das penas para quem agir contra os interesses do futebol. Fazê-lo no estado atual é acrescentar ruído sem que haja um ganho concreto. O que falta então para que estes passos sejam dados? Vontade. Dos dirigentes. Aquela vontade firme e inequívoca de quem tem convicções fortes. E aqui é que a porca torce o rabo. Todos falam, falam, falam, mas na hora da verdade acabarão refugiados em clichés que são garantia absoluta de que nada vai mudar. Vai uma aposta?

José Manuel Delgado, in a bola

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