quarta-feira, 8 de novembro de 2017

O VÍDEOÁRBITRO E A CRÍTICA DA RAZÃO


"Por época, a Federação Portuguesa de Futebol paga cerca de um milhão de euros para termos uma competição profissional mais transparente, mais justa e menos sujeita à canalhice discursiva de alguns dirigentes e respectivos comissionistas.
Um milhão de euros, mais coisa menos coisa, é quanto custa ao cofre federativo o VAR (videoárbitro).
Pode questionar-se se o dinheiro, que é muito para a pequena e pobrezinha realidade portuguesa, seria melhor aproveitado no incentivo da formação ou no apoio a pequenos clubes que se distinguem na promoção e desenvolvimento do futebol. Mas admitamos que o objectivo é suficientemente válido para merecer tal esforço.
Se assim for, o mínimo que todos temos de exigir é que o VAR seja, então, utilizado para a função para a qual foi criado. A simples ideia de podermos ter um sistema de videoárbitro mais preparado para servir de apoio corporativo do que de apoio técnico a árbitros seria uma monstruosidade tão grande que acabaria por inviabilizar a utilidade (que continua a ser óbvia e determinante) das novas tecnologias no futebol.
É, pois, importante que os responsáveis do Conselho de Arbitragem tenham uma palavra de explicação pública para o que se demasiado mau se passou nesta última jornada. A convicção de que a arbitragem e os árbitros são melhor servidos no silêncio dos gabinetes é inaceitável nos tempos de hoje e contraria o essencial do objectivo a que se propõe o próprio serviço do videoárbitro. É urgente garantir a confiança no sistema e, não menos importante, a confiança nos homens que o controlam."

Vítor Serpa, in A Bola

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