O Natal passa e com ele muitas vezes vai também o tempo de qualidade que tentamos dar às nossas famílias, demasiadas vezes esquecidas ou pelo menos passadas para segundo plano durante o resto do ano, numa equação que não faz qualquer sentido, mas em que quase todos caímos num momento ou outro. O Natal é uma oportunidade para nos libertamos das obrigações do dia-a-dia, hoje no desporto português muito limitadas ao ódio sem quartel, que não afeta apenas os clubes que o manifestam sem lamentos, mas também adeptos e jornalistas, todos submersos num mar de intrigas e conversas de escárnio e maldizer. Aposto que passados estes dias voltaremos à linguagem belicista e a processos de intenções, uns dignos de atenção, outros meramente casuísticos, mas enquanto o pau vai e vem sempre folgam as costas. Não é difícil de prever, não ambiciono costela de Nostradamus. Aliás, a proximidade do dérbi provavelmente vai piorar o ambiente.
Então o que desejar? Acreditar que 2018 pode trazer a paz ao nosso futebol? Difícil. Para não dizer impossível. Mas pode ser que as coisas melhorem. Que haja conclusões sobre as suspeitas lançadas de um lado e de outro. Que os clubes entendam que há mais formas de travar guerras. Que o poder instituído perca o medo de deixar o futebol ao deus-dará. Sonhar ainda é permitido. Pelo menos hoje.
Bernardo ribeiro, in Record
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