terça-feira, 22 de outubro de 2019

CLAQUES OFICIAIS - A FALSA REALIDADE


"O anterior governo andou preocupado com a legalização das claques organizadas dos clubes de futebol. Não chegam a cinco mil registos, sendo que mais de três mil são do Sporting, mesmo de mil do FC Porto e o número marginal que resta deverá ser dividido por outras vinte e seis claques, o que dá mais ou menos a lotação de um autocarro por cada clube. A realidade oficial é tão obviamente falsa, que se torna inevitavelmente ridícula.
No entanto, o governo, ou seja, o actual governo, que é o da evolução na continuidade, deve preocupar-se, a sério, com o problema. Não apenas com o controlo da aplicação da lei, tornando-a, pelo menos, credível, mas com o problema maior da violência que algumas dessas claques geram na mais inadmissível das impunidades.
Um dos casos mais preocupantes é o do Sporting. É compreensível que as suas claques manifestam insatisfação pelos resultados desportivos da equipa de futebol profissional e que procurem responsabilizar os responsáveis máximos do clube, mas não é aceitável que ameacem constantemente a integridade física desses dirigentes, sem que esses actos sejam devidamente avaliados e punidos.
Quando um conjunto de juízes do Tribunal da Relação relativiza impropérios e ofensas morais entre protagonistas num jogo de futebol, considerando o mundo à parte, onde se consente a ilegalidade, abre, de par em par, as portas à violência e, concretamente, à impunidade da sistemática violência das claques. O que torna não só inútil, mas até desprezível a existência de uma Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto."

Vítor Serpa, in A Bola

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