domingo, 23 de fevereiro de 2020

“PRODUZIR UM BOM FUTEBOL, MARCAR E VENCER”


FUTEBOL
O Benfica desloca-se ao Alto Minho para medir forças com o Gil Vicente.
Bruno Lage anteviu a partida da 22.ª jornada da Liga NOS, diante do Gil Vicente, agendada para o Estádio Cidade de Barcelos, segunda-feira, dia 24 de fevereiro, às 19h30.
O treinador do Benfica garantiu que a equipa está bem fisicamente e ansiosa para que chegue o jogo; abordou o tema do excesso de golos sofridos e apontou para um problema a ser resolvido coletivamente; revelou a estratégia para ultrapassar os gilistas e explicou por que razão os encarnados não fazem um tipo de falta mais agressivo.
Tendo em conta o momento que o Benfica apresenta, qual é a melhor estratégia para enfrentar o Gil Vicente?
Temos de jogar para vencer. Não há outra hipótese. Tive oportunidade de ouvir dois minutos da conferência de Imprensa do míster Vítor Oliveira. Foram fantásticos e não houve grande destaque. Ele define-se como homem e treinador, coloca a nu o que se vai passando no futebol português. O Gil Vicente reconstruiu a equipa e tem feito um percurso muito bom. Lembro-me que o jogo com eles, na Luz, muito difícil. É uma equipa forte em transições, mas também em ataque organizado, em que coloca vários homens na profundidade. Temos de estar preparados para os pontos fortes do Gil Vicente, mas este é o momento em que temos de nos assumir. Só dependemos de nós para sair deste momento. Temos de dar o passo em frente. A equipa tem tido momentos bons, mas tem de concretizar. Temos de dar esse sinal, mas também temos de sentir o apoio dos nossos adeptos, e no norte sentimos sempre um apoio fantástico.
Bruno Lage relativizou esta série de jogos sem ganhar, dizendo que o Benfica está em 1.º na Liga NOS, que está na final da Taça de Portugal e que tem a eliminatória com o Shakhtar em aberto. Peço-lhe um exercício: Sporting e FC Porto perderam em Barcelos. Se o Benfica empatar, vai considerar um bom resultado?
Não! Não olhamos para o que os adversários fazem. Uns perdem nuns campos, outros noutros. Se pergunta ao treinador do Benfica se empatar em Barcelos é um bom resultado, tenho de lhe responder que não. Antes, vocês – jornalistas – falavam em recordes e eu não ligava, porque o que me interessava era o jogo seguinte. Este é o equilíbrio e a coerência que mantenho na minha vida.
Como é que está a equipa fisicamente, dado que jogou quinta-feira fora do país, e moralmente, na medida em que não ganha há dois jogos no campeonato?
A equipa está bem e desejosa de que chegue o jogo. Fisicamente, fizemos uma boa recuperação e psicologicamente, como equipa e jogadores que são, o que querem é que o jogo chegue rapidamente para ganhar. O que a equipa precisa é de jogar com qualidade e vencer.
Tem ponderado, nestes dias, utilizar mais um elemento de características defensivas, mudando para o meio-campo com três jogadores?
Há quatro meses [com o RB Leipzig, na 1.ª ronda da Champions] fi-lo com Cervi e o que os jornalistas disseram é que não estava a jogar a melhor equipa. Foi a vossa a opinião e agora está a questionar se a equipa precisa de mais um elemento para defender melhor. Não precisa! O que precisa é de ser consistente, porque há quatro meses, na Liga dos Campeões, com o Leipzig, vimos que esta era uma equipa fortíssima, como se está a ver, e observámos que precisávamos de mais um homem no meio ou nos corredores. Na época passada já sofríamos os mesmos golos. Os problemas defensivos das equipas estão sempre presentes. Não podemos olhar para trás, temos que marcar. É com esta visão e com os olhos postos na baliza contrária que temos de estar. Na época passada aconteceram erros, nesta também. Os golos podiam não acontecer, mas a equipa dava uma boa resposta. A defender ou a atacar, nas questões do equilíbrio e do posicionamento é que temos de ser fortes. É agora que temos de sentir esse momento e ver o que é o nosso jogo em termos coletivos. Eu, enquanto treinador, e os jogadores é que temos de ver o que podemos dar mais à equipa para vencer jogos, marcar golos e produzir um futebol agradável.
Sobre o equilíbrio defensivo… não sente que a equipa é, neste momento, pouco agressiva e que recorre pouco à falta, nomeadamente quando os adversários ultrapassam as primeiras linhas de pressão?

Sim. Já falei sobre essa situação. Com Samaris e Florentino a jogar, diante do SC Braga na época passada [no Estádio Municipal de Braga] perdemos a bola à entrada da área e vamos fazer uma grande penalidade na nossa. Por isso é que digo que é um problema individual e coletivo. Nunca falei de arbitragens e não gosto de falar. Mas gosto de ver um jogo de futebol e, na minha opinião, quando um jogador ultrapassa o adversário direto e é agarrado ou travado em falta, é cartão amarelo. Outra coisa é estar na disputa do lance e chegar tarde à bola. Temos vários jogadores que ultrapassam o adversário direto e são agarrados ou são travados em falta. O árbitro deixa o aviso. Nós não fazemos essas faltas, é verdade, e travamos as situações de outra maneira. Podemos não ter jogadores que fazem esse tipo de faltas, não está no nosso ADN, mas também há o problema tático – que não vos vou dizer – que nos leva a reagrupar mais perto da nossa baliza. Mas isto não é de agora. Sermos agressivos, fazer uma forte pressão… isso já está no ADN dos nossos jogadores. Se tivesse esse tipo de jogadores, depois não teriam outras competências que nos permite jogar com aquele futebol alegre, dinâmico, vivo, de pé para pé. O mais importante neste momento é nós – jogadores, equipa técnica e adeptos –, todos juntos, percebermos o que podemos fazer mais e melhor para regressarmos rapidamente aos bons jogos e às vitórias.
Pode prometer aos adeptos do Benfica que a equipa não vai perder o campeonato depois de ter tido sete pontos de avanço?
Dê-me um campeão que, com sete pontos de avanço, tenha tido garantia de algo. Temos de dar uma boa resposta, consecutivamente. O que temos de ter – eu, jogadores e adeptos –, não é medo de perder, não podemos ter é medo de ganhar. Os nossos olhos têm de estar postos nas nossas conquistas e não ficarmos apreensivos. Estes são os sinais que passo aos jogadores, eles aos adeptos e os adeptos à equipa. Não tenho medo de perder. Temos de ir para os jogos para ganhar. Não podemos trazer nada de negativo para o jogo seguinte. O que temos de fazer é: fazer o melhor jogo possível para vencer. Quem tem medo de perder, vai perder. A nossa maior virtude é ir para os jogos e não olhar para trás. Nos bons momentos sempre disse que o melhor momento era o jogo seguinte; agora, que estamos num momento menos bom, digo que temos de ganhar o próximo jogo e arrancar para uma série de vitórias.
Pode explicar aos adeptos do Benfica a razão por que Samaris não tem sido titular, nomeadamente quando se nota falta de alguma agressividade no meio-campo?
É opção. É opção sobre o que vai acontecendo e das nossas decisões. Em relação à equipa que teve sucesso no ano passado, Samaris não é o único que não tem jogado. Florentino e Seferovic também não têm sido titulares. Estão a individualizar no Samaris e eu vejo a questão em termos coletivos. Ele ou qualquer um estão sempre próximos de jogar. De três em três dias há um momento, com viagens, jogos, lesões… Todos os que estiverem disponíveis e a treinar bem podem ser opção para entrar no onze.
Ferro, nesta fase, tem sido dos jogadores mais criticados. Tem-lhe faltado alguma estabilidade emocional? Por exemplo, Ferro quando errou com o SC Braga, no golo do Palhinha, demonstrou descontentamento; Rúben Dias, no golo com o Shakhtar, errou, levantou a cabeça e seguiu…
Não! Eles têm uma personalidade diferente. Já os conheço desde miúdos e são assim. Um tem uma personalidade forte e outro é mais racional e não mostra tanto as emoções. Nada mais a acrescentar.

Lista de convocados
Guarda-redes: Ivan Zlobin e Odysseas;
Defesas: Tomás Tavares, Ferro, Rúben Dias, Grimaldo e Nuno Tavares;

Médios: Samaris, Taarabt, Pizzi, Chiquinho, Julian Weigl, Florentino, Cervi e Rafa;
Avançados: Seferovic, Vinícius, Jota e Dyego Sousa.

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