"À Justiça o que é da Justiça. Respeitando timings próprios, que nada têm a ver com calendários futebolísticos ou estratégias eleitorais. Num estado de Direito deve ser assim que as coisas funcionam, à margem do justicialismo demagógico ou dos heróis de conveniência. No mais, dura lex, sed lex, totalmente cega quanto aos prevaricadores.
A Operação Fora de Jogo, desencadeada no âmbito das transferências do futebol profissional, servirá, pelo menos, para apurar se há, ou não, ilegalidades no modus operandi de clubes, jogadores e agentes, para ludibriar o fisco e lavar dinheiro. As autoridades lançaram os dados e a partir de agora valerá a pena aguardar, sem especulações populistas, pelos resultados que, como se sabe, podem tardar, mas acabam por chegar. E também valerá a pena lembrar a presunção de inocência, que é direito dos acusados...
Destas movimentações da Justiça resultarão, por certo, de imediato, boas notícias para o futebol, que tem sido pasto de arrivistas, que não são suficientemente escrutinados e se comportam como predadores, arruinando clubes em todos os escalões.
O futebol, em Portugal, não foi capaz, até agora, de defender-se devidamente de quem o procura como instrumento de malfeitorias, seja através de apostas ilegais, lavagem de dinheiro, fuga ao fisco ou entreposto de mão da obra duvidosa. E como o caminho de autorregulação não tem funcionado, é bem-vindo qualquer acção da Justiça que ponha fim ao fartar vilanagem.
PS - Dois comunicados da ANTF sobre treinadores sem certificação, um repto ao Governo, e do lado do executivo, um silêncio ensurdecedor..."
José Manuel Delgado, in A Bola
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