sábado, 27 de fevereiro de 2021

CUIDEM-SE, ISTO NÃO É BRINCADEIRA NENHUMA



 "Tudo começou com uma dor de cabeça. Estranha, diferente. Mais intensa quando estabelecia contacto visual com o ecrã da televisão, computador ou telemóvel. Mais leve, apenas com o quarto escuro, a cabeça em repouso na almofada, os olhos fechados à procura do sono. Depois, as costas. Os músculos em geral. Um desconforto em crescendo que nem o leite de creme da minha mãe a sair da panela conseguiu travar. Claro. Também tinha perdido o paladar, o cheiro e o sorriso. Vieram os vómitos, a tosse e a febre. Nenhum Ben-U-Ron eliminou os sintomas. No meio da aflição, o pior ainda estava para chegar: a falta de ar. Querer respirar e não conseguir. Tentar inalar todo o oxigénio do mundo e nem assim recuperar o fôlego. Assustado, perturbado e ansioso, ganhei coragem e peguei no telemóvel: 800 24 24 24, liguei para o SNS 24. Nos dia seguinte fui fazer o teste e, dois dias depois, chegava a pior das notícias. Estava confirmado o que os sintomas já indicavam. Pela primeira vez na vida, eu estava com uma crise de sportinguismo agudo. Isto de estar em 4º lugar, a 15 pontos da liderança, ganhar apenas 3 jogos durante 10 jornadas consecutivas e ter 1 ponto de vantagem para o Paços de Ferreira à 20.ª jornada é um cenário que se imagina horrível, contudo não sabia que causava tantos efeitos secundários no organismo. Então, é isto que os sportinguistas sentiram a vida toda. Que gente tão corajosa. Dizem que há uma primeira vez para tudo. Nesta matéria, está visto, estou prontíssimo para voltar ao normal. Porque esta sensação de sportinguista não é nada agradável, claro. Mas sobretudo porque tenho saudades de me sentir Benfica."


Pedro Soares, in O Benfica

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