quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

DENSIDADE COMPETITIVA NO FUTEBOL... A QUANTO OBRIGAS?...



 "Em termos de espaço de alta competição na modalidade de Futebol continuamos a assistir a um acumular de situações que de forma muito especial e de acordo com a qualificação e mestria das equipas técnicas, médicas, administrativas…vão de forma exemplar levando a água ao seu moinho. 

Jogos sem público, jogadores e treinadores a acumular ausências em treino coletivo, um permanente foco de instabilidade perante a incerteza de se ver impedido de funções devido a análise positiva /covid, a permanente vigilância e dum resultado que por vezes se torna enganador, enfim, tem criado um espaço de vida para que todos os que esperamos pelo jogo até antes da hora anunciada, possamos cruzar as imagens do que vale a pena ver e não do que, por muito que queiramos fugir, assaltam-nos a toda a hora como aves agoirentas ansiosas de fazer da notícia o pódio da desgraça.
É de anotar em especial referência o caso do F.C. Porto e do S.C. Braga numa crista de onda, por todos os motivos que engrandecem o seu quadro competitivo em provas de nível nacional (campeonato, taça de Portugal, Ligas de Campeões e U.E.F.A, respetivamente), realizando neste fevereiro 8 (oito) jogos (média de um jogo de 3 em 3 dias), é obra!…
Associando a este facto o que acabei de referir, isto é, jogadores por vezes limitados à presença prolongada em treinos coletivos, impedidos assim para ver valorizadas as capacidades condicionais e coordenativas, inseridas num fundamento tático coletivo, em que se incorpora o trinómio de pensar, decidir e executar, a falta de inserção do jogador na dinâmica de treino por setores e nos processos defensivos, ofensivos, bolas paradas, etc.…a periodização e planificação das cargas e sua readaptação, encontram-se bloqueadas pelas brumas da memória.
Deste modo a tal filosofia (refiro esta palavra de propósito, pelo facto dum consagrado treinador ter dito que isto era mais filosofia do que outra coisa…ah…ah…ah…), do treino para o jogo ou do jogo para o treino, merecer a alta qualificação de liderança do treinador como gestor de recursos humanos com vista à obtenção de sucesso, será fundamental porque imperioso e necessário avaliar quer em termos somáticos, como cognitivos, como comportamentais, o estado de competências dos seus jogadores e anotar os traços da sua personalidade daqueles que perante este combate estarão mais disponíveis para exibir esse marco vibracional, mergulhador de entusiasmo e agarrando o futuro com mais esperança. 
Neste âmbito a ciência do treino desportivo em termos energéticos, refere que as tais 72 horas entre jogos será tempo suficiente para repor os níveis de glicogénio e as fontes energéticas ao nível básico de Vo2 Max (consumo oxigénio), mas nada refere neste caso de acumulação de tantos jogos em sequência.
Creio que se torna fundamental então treinar, e apenas e quase só para recuperar. Neste âmbito julgo pertinente recorrer a outras estratégias que associadas, podem ajudar a complementar o afastamento do estado de fadiga:
- Inserir no processo de engenharia ambiental de treino as técnicas que sejam capazes de promover a confiança dos jogadores, assegurando-os e encorajando-os na capacidade de serem bem-sucedidos;
- Reformulação de objetivos de conquista – difíceis e desafiadores, comparando a análise de rankings de sucesso de complexidade crescente;
- Operacionalizar nos processos de treino, as técnicas de redução de stress e ansiedade (individual e coletivo), utilizando as técnicas de relaxamento muscular progressivo, imaginação, respiração e visualização mental, simulando as condições adversas e ou passíveis de consciencializar as tomadas de decisão antecipadas de previsível sucesso. Sempre que possível esta administração metodológica deverá ser realizada no espaço de jogo e especialmente nas zonas de maior fluxo exibicional, podendo e devendo ser aclaradas com um processo de auto comunicação, onde podem intervir focos de irradiação mediática causadores de muita felicidade e bem-estar social, clubística, familiar e profissional;
- Estabelecer planos de atenção superior com objetivos bem claros, eliminando aspetos circundantes e supérfluos, mas devidamente realistas, capazes de criar um estigma de orgulho no símbolo que representa. Já o referi por diversas vezes que as expressões mentais convertidas em ato, tornam-se mais reveladoras na tomada das decisões mais eficazes para obter o sucesso e perduram mais no tempo. 
Nesta fase de abrangência competitiva altamente desgastante, as condicionantes biológicas, fisiológicas, atléticas e funcionais devem seguir com rigor a inserção das componentes comportamentais no plano de recuperação do esforço. Jamais esquecer uma instrumentalização duma cultura de honestidade, autenticidade, ética, resiliência e altruísmo para gerar as melhores condições dum estado de crença, que Norman Cousins ( 1915-1995), refere que “este estado de crença também pode gerar biologia como força motriz de intencionalidade energética onde se atestam comportamentos, ajustam desejos, invocam convicções , acabando por bater nas portas onde habita o sucesso”…e são tantos os exemplos que se nos oferecem esses relatos fantásticos de apoteose exibicional e que alguns desatentos, para não chamar outro nome, cognominam de sorte!...
É claro que sobra sempre para o treinador como líder operacional e gestor de comportamentos, para esta dinâmica de intervenção qualitativa que a planificação e periodização do treino se deve reger.
Treinador paciente, persistente, tornando os treinos criativos, motivantes e organizados. Transmissor dos valores de honestidade, firmeza de convicções, integridade, respeito, exigindo o cumprimento das regras internas, costumes, tradições e que reforcem e estimulem o orgulho e desempenho da equipa por si orientada.
Treinador que seja capaz de descodificar os fracassos, transformando-os em êxitos, apresentando uma imagem de serenidade, competência, liderança, responsabilidade e carisma assente numa base de afabilidade e no exercício duma exigência partilhada, omitindo a palavra problema e enfatizando o termo desafio, transportando na alma as pegadas da experiência vivida e no rosto o certificado das vitórias alcançadas!...
A este propósito, a relação social, pedagógica e institucional que numa subida honra mantenho com Sérgio Conceição e Carlos Carvalhal, me autorizam a publicamente a fazer da expressão escrita um sentimento do coração. Estamos mesmo perante os maiores entre os melhores!...

Obs. Permitam que neste momento e já que abono a qualidade do Treinador envie um forte abraço de Saudações ao nosso Abel Ferreira (que fantástica festa dos Libertadores colorida com sabedoria e lágrimas), não esquecendo Pepa (igualmente meu distinto aluno do Curso de Treinadores) e a carreira do nosso Paços (faz-me recordar um sentimento de saudade a época 2012/13 do 3º lugar de acesso à Liga dos Campeões em que tive a alegria e honra de colaborar com o Campeão Paulo Fonseca).
Bem Hajam!…"

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