"O Benfica voltou com o 4x4x2 tradicional de Jorge Jesus, juntando no corredor central a agressividade e capacidade de desarme de Florentino à leveza e critério de João Mário, e mesmo que o oponente esteja muito longe de constituir um verdadeiro teste, a qualidade do ataque posicional encarnado subiu vários níveis.
4x4x2 em Organização Defensiva
O ritmo da partida foi lento – Não é apenas o factor pré-época e fadiga, a forma como os laterais encarnados (Gilberto principalmente, mas também Gil Dias) bloqueiam a velocidade do jogo com as suas acções técnico-táticas, foi factor primordial.
O Benfica assumiu a configuração habitual na sua saída para o ataque contra oponentes em 4x4x2: Florentino baixa para dar superioridade – 3 (com Morato e Ferro) contra 2, garantindo saída, mas também superioridade para encaixe em caso de perda; e João Mário de frente para os dois médios centro, para poder sair rápido a qualquer um – Porque em Organização Defensiva, estão juntos – e travar transição.
Posicionamento Estratégico dos médios na Construção contra 2 Avançados
A primeira parte não teve lances de grande nível colectivo, ficando na retina a tremenda recepção entre linhas de Rafa à qual se seguiu um passe de ruptura que isolou Vinícius que depois de contornar o guarda redes não fez golo. Foi capaz de definir com mais assertividade que o normal, e foi o avançado brasileiro, que embora não seja um jogador veloz tem excelentes timings de entrada – e disso beneficiou para se isolar – que desperdiçou um lance pouco habitual em si.
Valeu pelo recital de João Mário a primeira parte. Simplicidade de processos, ligação de todos os corredores, sempre levezinho nas mudanças de direcção resgatou por completo o jogo para o lado encarnado com a qualidade que colocou no processo ofensivo. Baixou, recebeu, invadiu zonas de criação, tabelou, sempre sem perder a posse, não expondo a equipa a correrias. Foi o elemento que fez o jogo fluir no primeiro tempo.
Se o primeiro tempo valeu pelo que João Mário colocou o Benfica a jogar, para o segundo tempo a troca com Taarabt acabou com o jogo. O Benfica passou a somar perdas de bola, viu-se obrigado a correr para trás para defender, passou a sofrer transições constantes e nunca ligou com calma o seu jogo em ataque posicional.
Luca e Chiquinho também não foram capazes de acalmar o jogo – aparentando pouca confiança que foi levando sistematicamente a erros técnicos que nem lhes são habituais, e na direita Gedson com excelente capacidade pressionante, mas sempre sem recorte técnico para jogar em zonas de criação foram condenando os encarnados a um jogo preso de pouquíssima qualidade, agravado pela incapacidade de antecipação de cenário de Samaris, que na posição de central, de frente para o jogo não foi capaz de acompanhar ruptura de Zidane, no lance que valeria o empate ao Casa Pia.
Num jogo de fraquíssimo nível, teria de ser um auto golo a garantir a vitória de um Benfica que preocupa – Apenas o reforço ex rival demonstrou ter qualidade extra ao longo de toda a partida.
Nota para a entrada de Paulo Bernardo – Seguramente justificada para que Gilberto pudesse não somar os noventa minutos e nunca pensando na possibilidade do número 10 encarnado poder ser lateral. Tem tudo o que precisa um jogador de corredor central – Eficiência e Eficácia no Gesto Técnico, Inteligência e Criatividade, e nada do que precisa um jogador no corredor lateral – Resistência, Velocidade e Vigor Físico."
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