segunda-feira, 30 de agosto de 2021

O BANCO RESOLVEU O QUE NIASSE ADIOU

 


"O Tondela marcou primeiro no Estádio da Luz, numa 1.ª parte de pouca inspiração atacante do Benfica, mas as mudanças de Jorge Jesus ao intervalo foram decisivas. Com as entradas de Weigl, Rafa e Gilberto a equipa da casa mudou de cara, o guarda-redes dos beirões ainda foi salvando, mas o Benfica fez mesmo a reviravolta, vencendo por 2-1, com golos do avançado português e do lateral brasileiro, este último a dois minutos do fim

De um susto não se livrou o Benfica à 4.ª jornada, ronda onde lhe calhou um Tondela organizado a defender e perigoso no contra-ataque e um guarda-redes adversário num daqueles dias de particular acerto, que acontecem quando a lua e a terra se alinham ou quando, explicação mais plausível, a motivação de defrontar um grande dá uma forcinha extra.
Não se livrou de um susto até porque Jorge Jesus parece ter dado uma parte de vantagem ao adversário. Está mais ou menos visto que Weigl é peça-chave neste Benfica e que contra equipas com estratégia defensiva férrea dá jeito o jeito que Rafa tem para jogar em espaços reduzidos, mas esses dois rapazes só apareceram em campo ao intervalo, quando o Benfica já perdia por 1-0.
Bola na 1.ª parte só praticamente o Benfica teve, mas essa posse nunca foi particularmente eficaz. Faltou sempre aquele pico de velocidade, a criatividade para entrar defesa do Tondela adentro e os beirões iam passando até relativamente tranquilos pelas provações de jogar frente ao Benfica e em casa do Benfica.
E não só estavam tranquilos lá atrás como endiabrados na hora da transição atacante: aos 22 minutos, Salvador Agra, jogador que em tempos até já teve o Benfica como empregador (talvez seja exagero dizer que foi jogador do Benfica), viu o espaço que Grimaldo lhe deixou na esquerda, João Pedro viu o colega que nem bala por ali sem marcação e meteu-lhe um passe que rompeu uma série de linhas. Agra, à saída de Odysseas, não se atemorizou - e assim abriu o marcador.
Pela primeira vez se via o Benfica em desvantagem nesta época da graça de 2021/22, mas a bem da verdade na 1.ª parte a única verdadeira oportunidade da equipa da casa nasce de um dos poucos erros do Tondela na defesa, um corte esquisito aos 43’ que levou a bola à ponta do pé esquerdo de João Mário, com Niasse a fazer aquela que seria a primeira de uma data de defesas que foram adiando aquilo que a lógica dizia que seria o mais certo de acontecer.
É claro que a lógica não funciona como que por inércia, por artes mágicas do destino e Jorge Jesus percebeu logo que era preciso mudar: lançou Weigl, Rafa e Gilberto ao intervalo, deixou Meité, Pizzi e André Almeida no balneário e passou muito por esta decisão a reviravolta no marcador que vai permitir ao Benfica passar a paragem para as seleções em 1.º lugar isolado.
A chegada de Rafa deu desde logo outra intensidade e efectividade ao ataque do Benfica, com Weigl não houve nada para ninguém no meio-campo e Gilberto, como lateral atacante que é, também levou a equipa para a frente.
É aliás do lateral brasileiro a primeira flagrante oportunidade do Benfica na 2.ª parte, cabeceando por cima quando apareceu em posição central em frente à baliza, com Niasse fora do lance depois de ter andado a apagar outros fogos que essa mesma jogada tinha ajudado a deflagrar na área do Tondela.
Não foram os únicos, na verdade a área dos visitantes tornou-se num ponto de altas temperaturas naqueles mapas de calor que nos mostram por que terrenos andaram os jogadores em determinado jogo. E Niasse foi adiando e adiando o que parecia inevitável. Salvou um remate de Gonçalo Ramos aos 55’, aos 67’ fez duas grandes paradas seguidas a remates de João Mário e, depois, Grimaldo, mas aos 71’ pouco podia fazer no lance que deu o empate ao Benfica.
João Mário bateu o canto, Weigl penteou ao primeiro poste e ao segundo apareceu Rafa para encostar. Uma solução saída do banco e que se ia justificando: depois do intervalo, o Benfica veio outra equipa, mais intensa, dominadora, a criar as oportunidades que haviam faltado na 1.ª parte, com o Tondela praticamente impedido de sair do seu meio-campo.
E se a seguir ao golo, o Tondela tentou colocar algum gelo na partida, aferrar-se ao empate e por momentos até o conseguiu. Foi já numa fase em que o Benfica parecia estar a perder algum do gás que Gilberto, outro vindo do banco, aproveitou um corte defeituoso a um cruzamento de João Mário para na área rematar para o 2-1, um golo surgido aos 88’, esse minuto de boas e más memórias para Jorge Jesus.
Foi uma vitória trabalhosa do Benfica, frente a um Tondela que fez o que pôde, com as suas armas, melhor na 1.ª parte do que na 2.ª. O triunfo por 2-1 aconteceu quando Jesus colocou em campo os futebolistas que melhor gerem este tipo de jogos - e assim do susto se passa para o descanso de ser líder sem ninguém a acompanhar."

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