"Ataque móvel de Schmidt tem virtudes mas é cedo para arrumar dúvidas
A jornada 23 da Liga foi indiscutivelmente benéfica para o Benfica, que ficou com razões para um aumento considerável do capital de confiança antes das visitas a Alvalade (Taça de Portugal) e Dragão (campeonato), e também da primeira mão da eliminatória europeia, com receção ao Rangers. Se a goleada ao Portimonense já era moralizadora, ainda mais ficou com os empates dos rivais FC Porto e Sporting, em Barcelos e Vila do Conde, respetivamente.
Por vezes são fins de semana assim que marcam a temporada, lembrando que a equipa de Roger Schmidt vinha de um empate sofrível em Toulouse — ainda que suficiente para chegar aos oitavos de final da Liga Europa —, embora antes tivesse goleado também o Vizela, na Luz, para o campeonato.
O jogo com o Portimonense pode ajudar a estabilizar o Benfica, até pelo contraste emocional para os rivais que enfrenta nos próximos dias, mas não é suficiente para tirar conclusões sobre as mudanças de Schmidt. É verdade que em Guimarães também já tinha jogado sem referência ofensiva, mas a primeira parte do encontro com os algarvios não comprovou uma melhoria substancial.
Se a individualidade tem resolvido muitos problemas, Schmidt tentou reunir o máximo de talento possível no onze e, juntando o útil ao agradável, disfarçar problemas crónicos.
Aursnes lá apareceu novamente como lateral esquerdo, depois das dificuldades apresentadas por Morato e Carreras em França, e Arthur Cabral e Marcos Leonardo ficaram no banco, o que não deixa de ser um reflexo da falta de afirmação de um 9 esta época, ainda que esta aposta recente no ataque móvel tenha surgido no momento em que a luta pela titularidade estava mais viva, entre os dois brasileiros. Regressado de lesão, Tengstedt foi titular frente ao Vizela em Toulouse, mas este domingo ficou de fora devido a síndrome febril, o que alimenta a dúvida: qual seria o plano A para este último jogo.
O Benfica melhorou na reação à perda e, sobretudo, a capacidade para explorar o corredor central, muito por força da presença de Kokçu, à frente de João Neves e João Mário. Embora seja mais forte de frente para o jogo, o turco conseguiu criar muitas linhas de passe pelo meio, e isso criou mais dificuldades à equipa algarvia, até porque Rafa tanto procura receber entre linhas como explora a profundidade.
Juntar Kokçu, Neves e João Mário também dá outro resguardo a Neres e Di María nas tarefas defensivas, mas é no plano ofensivo que ao Benfica parece faltar ainda algo, apesar dos quatro golos apontados ao Portimonense. Sobretudo em ataque posicional, até porque o segundo e o terceiro golos surgiram em transição rápida.
Os clássicos com Sporting e FC Porto podem ajudar a definir a matriz deste Benfica, e até são desafios mais propícios ao ataque móvel de Schmidt, mas o técnico alemão, que ainda não estará livre das dúvidas, pode muito bem voltar a baralhar as cartas."
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