terça-feira, 23 de abril de 2024

É COMPLICADO

 


"Ser mulher no VAR, ser mulher ponto

Deve ter passado despercebido a muita gente, mas um treinador de um grande clube do Brasil, disse esta semana, depois de perder mais um jogo, que uma mulher não deve ser VAR. Não o disse por estas palavras, foi mais rendilhado, mas de tal maneira claro que o clube, o Vasco da Gama, teve de se desculpar. E ele também, meia hora depois, enterrando-se ainda mais na areia movediça em que já se tinha colocado.
Ser árbitro não é fácil. Ser mulher num mundo de homens também não. Juntar os dois pode ser explosivo, como se vê quando o argentino Ramón Díaz diz que «uma senhorita, uma senhora», decidiu de certa maneira que ele não concordou. «Em relação aos árbitros, não podemos falar muito, há o VAR... Na última partida, em casa, foi penálti e uma senhorita, uma mulher interpretou de outra maneira. O futebol é diferente. Acho que é complicado, porque o futebol é tão dinâmico, tanta pressão, tão rápido, com decisões tão rápidas»», referiu. «O futebol é diferente», sublinhe-se, como quem diz que ela, Daiane Muniz, não tinha capacidade intelectual para avaliar. Ela que se calha devia bastar-se com decisões simples, sobre que detergente usar para limpar o chão ou ser VAR em corridas de tartarugas.
Depois desculpou-se. «Interpretou-se mal a minha declaração. O que quis dizer é que uma só pessoa não pode ter uma decisão tão importante, falei sobre a participação do VAR nas decisões tão importantes que estão em jogo.» E isto quer dizer o quê? Que ela devia ter supervisão? Ser apenas assistente, subordinada? Se calhar estar noutro lado… Custa, pela segunda semana seguida, voltar a escrever sobre as dificuldades das mulheres no futebol – ou até no desporto, um da falaremos se calhar sobre as mulheres com excesso de testosterona impedidas de competir, como a sul-africana Castre Semenya ou a indiana Dutee Chand – mas todas as semanas há algo novo. Já para não falar das novas-velhas ideias de qual deve ser o papel da mulher na vida. Mas isso já nem é no Brasil, é mesmo aqui na nossa rua."

1 comentário:

  1. Tão ladras são eles como elas, isso é verdade. Basta ver a que esteve no var no jogo da taça feminina de futebol ao não assinalar um pénalty claro sobre a Alidou. a desonestidade não escolhe género.

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