quinta-feira, 13 de março de 2025

BENFICA NUNCA DESISTIU

 


Está longe de ser fácil a preparação de um jogo, mesmo que caseiro, e com o 12.º classificado da nossa Liga. Vive-se entre o desgaste acumulado e as incidências de uma eliminatória da Liga dos Campeões por resolver e com a respetiva decisão no horizonte. Se acrescentarmos o nome do adversário europeu então, o estado de alerta era absoluto. A gestão era previsível e aceitável, partindo do princípio obrigatório que a vitória com o Nacional seria conseguida. O Benfica utilizava novamente com sucesso, a sua já experimentada opção tática alternativa. Os recursos existentes no plantel, mesmo diminuídos pela vaga de lesões davam mais uma vez resposta positiva, confirmando que o onze preferido pode também ser outro.

Do lado catalão, entretanto, a morte de um elemento do staff determinava a suspensão do jogo do Barça no campeonato. Uma fatalidade que acabou por originar o inoportuno descanso extra do adversário do Benfica, antes do confronto decisivo.
Segunda mão com o Barcelona
Perdida que foi ingloriamente a oportunidade caseira para ganhar vantagem, o cenário traçado para o Benfica era de extrema dificuldade.
Entre o dilema sempre presente de dividir o jogo ou esperar, o Benfica escolhia arriscar na pressão, resultando em espaço para Pedri e Yamal progredirem, criando problemas consecutivos ao 4x3x3 recuperado por Lage. Acontecia a volta de Florentino à sua posição preferida, insuficiente, no entanto, para reprimir a arte adversária. Na ausência forçada de Carreras, Dahl era outra novidade, não pela sua escolha que vem sendo consecutiva, mas pela expectativa de o ver finalmente na posição para a qual foi contratado. Correspondeu positivamente.
Com adversários superiores, já se sabe, exige-se muita atenção, poucos erros e eficácia máxima. Logo no início do jogo, um passe longo, a evitar, para o jogador mais baixo em campo (Dahl), disputar no ar com um central de origem (Koundé), viria a criar o desequilíbrio que deu em golo, ampliando as dificuldades que se previam. Embora o empate não demorasse, o Benfica raramente conseguiu discutir a evidente superioridade adversária. Amadurecer pela posse de bola as possibilidades de aproveitar o espaço traseiro adversário, pouco foi permitido pela teia catalã. Terminado o sonho, fica a atitude da equipa que nunca desistiu até final, mote importante para a dura e mais realista luta pelo campeonato.
De engate
«É um guarda redes de engate» Expressão tradicional da bola que nos habituámos a ouvir, que retrata o rendimento de um atleta, que cresce no jogo de acordo com um bom início, e com as intervenções positivas que vai somando. O exemplo de Szczesny na Luz foi só mais um, de algo que faz parte e se repete. Por vezes o estado de euforia atingido em campo eleva o jogador para um nível paranormal, próximo do invencível. Antes desvalorizado pelos erros cometidos no duelo anterior, o guardião catalão acabou por renascer e influir decisivamente na decisão da eliminatória. Quem diria.
Curiosamente, Lucas França, guarda redes do Nacional que foi figura em destaque também na Luz, iniciou o jogo com uma reposição da bola em jogo falhada, que permitiu a Amdouni inaugurar o marcador. Porém, não se descontrolou, arrancando até para uma exibição de enorme destaque. Dois casos diferentes, mas em que a solidez mental dos atletas é predominante. As defesas importantes produzem efeito positivo nos guarda-redes, mas ao mesmo tempo, provocam insegurança nos que procuram fazer golo. A cada tentativa falhada o avançado vê agigantar-se o seu pesadelo entre os postes.
Os ciclos das equipas
A dinâmica das equipas acaba por funcionar com frequência na mesma onda, ou exaltada por um par de vitórias ou acabrunhada por outros tantos deslizes.
As equipas são arrastadas no sucesso ou inibidas pelas suas oscilações.
Estoril e Moreirense são expoentes coletivos desta teoria no corrente campeonato, de um fenómeno que se repete e que tem relação com uma das referências mais frequentes do discurso futebolístico: confiança ou falta dela. Estado anímico que se reforça ou a dúvida que se instala. Voltando às duas equipas citadas, viveram trajetos opostos.
O Estoril com um começo frouxo, cujo líder parecia condenado cair, mas que foi mantido e bem, tendo em conta a recuperação entretanto conseguida.
Já o Moreirense rentabilizou a dinâmica inicial, mas ante um posterior ciclo negativo foi incapaz de o reverter, o que resultou na saída do seu treinador, num contexto clubístico onde a substituição de treinadores é frequente. Manter a aposta ou desistir, será sempre a questão.
Rui Águas, in a Bola

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